Análise Arkade: Sker Ritual é o COD Zombies de Maid of Sker. E é bem divertido
Em 2020 tivemos o lançamento de Maid of Sker, um game de terror muito bem feito e envolvente, que nos colocava no controle de um protagonista indefeso, que precisava esconder-se e fugir do perigo. E este ano tivemos o lançamento de Sker Ritual, que é o completo oposto de seu antecessor, trazendo muita ação e tiroteios em uma fórmula ao estilo Call of Duty Zombies! Vamos então conferir como é esse game!
Chega de fugir do perigo, agora é hora de meter bala!
Em Maid of Sker, exploramos o abandonado Sker Hotel com o objetivo de compor uma música capaz de salvar o lugar de uma terrível maldição, que afetou seus residentes, que passaram a cobrir seus rostos e atacar qualquer um que eles ouvirem, pois todos eles são incapazes de enxergar.
Nesse game, nossa única forma de defesa é um estranho item capaz de atordoar inimigos temporariamente. E assim seguimos pelo hotel buscando itens e resolvendo puzzles para colocar um fim nesta maldição.
Sker Ritual não segue essa fórmula. Aqui a história, apesar de presente, é muito corrida, de forma que eu quase não consegui entender nada enquanto jogava. Mas nesse caso a história é um elemento secundário. De forma bem resumida: Os silenciosos, o grupo responsável pelos eventos do game original, estão de volta, e estão realizando diversos rituais pela ilha de Sker, trazendo forças sombrias para o mundo. Seu objetivo é colocar um fim nisso, atirando em tudo o que aparecer em sua frente!
O game é dividido em cenários, cada um com uma temática e mapas exclusivos. O cenário inicial nos leva de volta ao Hotel Sker. Já os outros cenários nos levam a um vilarejo abandonado, aos gigantescos sistemas de esgoto da ilha e até mesmo a um enorme castelo amaldiçoado escondido na neve.
Conforme jogamos, alguns diálogos vão revelando detalhes sobre os cenários, que infelizmente são bem difíceis de se prestar atenção enquanto você precisa atirar em hordas de inimigos. E há documentos em texto que podem ser achados nos cenários, expandindo a história e explicando tudo o que está acontecendo ali.
Mas, como dito, a história é secundária. O que realmente importar aqui é a diversão descompromissada. E o game manda muito bem nisso, nos apresentando um FPS de alta velocidade e exatamente ao estilo de COD Zombies.
Carregue suas armas e sobreviva
A progressão de Sker Ritual é bem simples. Você começa cada um dos cenários equipado apenas com uma pistola. Mas sempre na área inicial há uma lojinha com armas (que são disponibilizadas de forma aleatória). Para comprar armas e outros itens você precisa de dinheiro, e para ganhar dinheiro, basta matar os inimigos que aparecerem na sua frente.
Cada cenário possui objetivos principais e secundários. Os objetivos secundários aparecem aleatoriamente pelos cenários e compõem normalmente desafios de tempo limitado, como por exemplo matar um certo número de inimigos enquanto você está dentro de um círculo marcado no chão. Cumpra essas missões e você é recompensado com bastante dinheiro.
Já as missões principais demandam que você atravesse os mapas inteiros, completando diversos objetivos até alcançar o final. O verdadeiro desafio da missão principal está em conseguir achar o caminho, pois todos os mapas são bastante labirínticos. E apesar do game marcar a direção do próximo objetivo com um ícone, achar o caminho até chegar lá muitas vezes é bem complicado.
E você deve fazer tudo isso enquanto é perseguido por hordas de inimigos, que aparecem em ondas. A cada nova onda a quantidade, vida e força dos inimigos aumenta. E se você demorar demais para eliminar uma onda, a próxima virá e a quantidade de inimigos será gigantesca.
E além disso, em momentos aleatórios, inimigos poderosos aparecem para te perseguir, e eles não irão embora até que você os derrote. Entre esses inimigos está um dos icônicos inimigos de Maid of Sker, um silencioso alto, porém lento, vestido com terno, gravata e um chapéu. Outros inimigos são o “Estranho”, um homem com olhos brilhantes e capaz de controlar ratos, além de outros tipos de inimigos igualmente persistentes e perigosos.
Para balancear um pouco as coisas, além de várias estações em que você pode comprar itens, seja munição, cura ou mais vidas, inimigos mortos podem dropar buffs temporários, como munição infinita por tantos segundos, mais poder de ataque e etc. E fora isso, existem os milagres.
Os milagres são perks que você ganha após matar certo número de inimigos ou matar inimigos mais fortes. Esses milagres realmente mudam a dinâmica do jogo em favor do jogador, adicionando por exemplo melhoria dos itens de cura, mais velocidade de movimento e recarga, mais poder de ataque, além de poder imbuir seus tiros com fogo, gelo, eletricidade ou veneno, fazer ataques de faca recuperarem vida e etc.
Há ainda uma habilidade suprema que você também desbloqueia por milagres. Essa habilidade é mais como um recurso para salvá-lo quando você está cercado por inimigos, e também pode ter vários efeitos diferentes. Como causar uma explosão de gelo que imobiliza inimigos próximos, uma tempestade de fogo giratória que causa muito dano, uma nuvem de veneno, uma explosão elétrica que causa dano e atordoa e por aí vai.
Sker Ritual é um game focado na diversão, em que você pode simplesmente entrar num mapa, seja sozinho com em um grupo de até 4 jogadores e só sair distribuindo tiros e coletando loot em um shooter de alta velocidade muito competente.
O modo online de Sker Ritual ainda balanceia a dificuldade. Se você estiver jogando sozinho, enfrentará uma quantidade razoável de inimigos, mas quanto mais jogadores na party, mais inimigos aparecem, assim, não acontece de ter um desbalanceamento entre quantos inimigos cada jogador matar, tem inimigos de sobra para todo mundo!
Audiovisual
Maid of Sker já era um game muito bonito. E como era um game de terror, explorávamos seus cenários com calma e muito cuidado, o que nos dava tempo de apreciar toda a sua beleza. Sker Ritual já é um game de alta velocidade, e possui cenários bastante diferenciados e cheios de detalhes, mas como estamos bastante preocupados em meter bala, as vezes é difícil apreciar a beleza de seus cenários.
Não sei dizer se em termos de detalhes esse game é um pouco mais leve, pois nunca ficamos paramos muito tempo em um mesmo lugar, pois as hordas de inimigos nunca param de aparecer, mas uma coisa muito notável é a qualidade técnica do game se comparado com Maid of Sker.
Em Maid of Sker, pelo menos na versão de Playstation 4, que serviu de base para nossa análise na época, havia muitas quedas de frames e travamentos constantes. Nada que atrapalhasse o gameplay, mas era algo muito constante e que incomodava. Sker Ritual felizmente não tem esses problemas, e nem poderia, pois uma travadinha poderia significar uma morte injusta por impedir que você reagisse aos inimigos. Mas felizmente nada disso acontece aqui.
Uma coisa que se manteve, porém, é a escuridão dos cenários. Todos os mapas do game possuem céu noturno, ou estão localizados em áreas fechadas. Mas há muita cor presente, tanto para localizarmos com facilidade estações de compra de itens e armas, quanto para identificar os locais de onde os inimigos vão aparecer.
Como Maid of Sker tinha música como um elemento central de sua trama, sua trilha sonora era muito bela. E Sker Ritual não deixa a desejar nesse quesito, possuindo tanto músicas belas, quanto, principalmente, músicas intensas para os incessantes momentos de ação. A trilha sonora não é marcante, e muitas vezes eu mal conseguia prestar atenção nela devido ao perigo de morte iminente enquanto enfrentava 20 ou mais inimigos ao mesmo tempo. Mas sua trilha sonora é sim muito bela.
Os sons de tiros, os gritos e grunhidos também são muito bem feitos. Os sons dos inimigos em especial, facilitando a localização dos mesmo antes deles atacarem, o que é de suma importância para que a ação do game seja efetiva.
Conclusão
Maid of Sker foi um game de terror bastante competente, com uma história envolvente, momentos de tensão e, seguindo os “padrões” da época, nos colocando no controle de um protagonista indefeso. Assim, quando Sker Ritual foi anunciado, confesso que estava esperando uma sequência do original, em que dessa vez seria possível usar armas de fogo. Comparativamente, eu imaginava que o game seria algo ao estilo de Amnesia: The Bunker, que tornou-se meu segundo game favorito da série (só atrás do primeiro Amnesia), mas foi uma grande surpresa quando vi que o game deixa o terror de lado e foca 100% na ação, e faz isso direito.
Isso, em outros games de terror, seria um enorme ponto negativo, como com o que aconteceu com Resident Evil em em 5º e 6º capítulos principais. Parando para pensar, chega até a ser um tanto contraditório de minha parte pensar nisso, pois Resident Evil já teve games focados puramente na ação, e esses são os games menos populares e mais criticados da franquia. Talvez Sker Ritual não caia nesse grupo altamente criticado pelo fato de Maid of Sker ser uma obra, até então, standalone.
Sabe aquele negócio de não mexer em time que está ganhando? Usando outro exemplo, rumores apontam que o remake de Silent Hill 2 terá ação como foco principal e terror atmosférico como algo secundário, o que já deixou muitos fãs bem preocupados. Mas no caso de Sker Ritual – de forma alguma desmerecendo a IP e o game original, que é um bom game – sua IP não está fortemente estabelecida quanto os clássicos do terror, com décadas de história.
Assim, Sker Ritual tem a vantagem de não precisar se preocupar em se levar totalmente a sério e manter uma continuidade e padrão esperado. E não apenas isso, mas o game é genuinamente divertido e envolvente. Eu gosto de games de terror, mas entrar num shooter/rogue-like só pra exterminar hordas de inimigos sem preocupação alguma é algo divertido pra caramba. E Sker Ritual casa perfeitamente o seu próprio mundo e terror com ação pura e desenfreada. Em resumo, se você gosta de COD Zombies, vai gostar de Sker Ritual. Principalmente levando-se em conta que o game é muito mais barato que um AAA, o que é um acerto excelente.
Sker Ritual foi lançado no dia 18 de abril com versões para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S.