Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

23 de dezembro de 2017

Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

Os jogos de tiro em primeira pessoa andaram passando por algumas reformulações curiosas nos últimos anos: franquias famosas foram tanto para o futuro que acabaram perdendo sua essência, de modo que acabaram retornando ao “roots”, revisitando as maiores gerras mundiais em suas últimas versões.

Guerra contemporânea

Porém, entre a guerra de trincheiras de 1914 e os tiroteios em gravidade zero que rolam centenas de anos de futuro, existe o presente. A gente acaba meio que se importando menos do que deveria com conflitos contemporâneos, mas é fato que o mundo está em guerra HOJE: há guerras civis em países do Oriente Médio, há Estados Unidos e Coréia do Sul trocando farpas, e muitas outras tretas de diferentes escalas destruindo cidades e tirando vidas.

Apesar de seu título, Soldiers of the Universe é um game bem pé no chão, totalmente focado no presente: obra do estúdio turco Rocwise Entertainment, o game é ambientado na Turquia, e nos coloca na pele de Hakan Kahraman, fuzileiro que morava nos Estados Unidos, mas após receber a notícia da morte de seu pai, resolve voltar para sua terra natal em busca de vingança.

Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

Ao chegar lá, Hakan assume o papel de seu pai junto à Akinci Warriors, um grupo de elite especializado em missões militares secretas. Ao lado de seus novos companheiros deste super grupo, Hakan irá encarar os dramas e terrores de uma guerra civil que não tem nada de legal como a dos Vingadores: aqui, pessoas morrem, famílias perdem suas casas, cidades e vilarejos são dizimados.

Verdade seja dita, a história do game não só é bem clichê, como se apoia em conceitos exagerados de patriotismo que parecem saídos diretamente de certos filmes hollywoodianos. Porém, o fato deste patriotismo não estar refletido em heroicos soldados estadunidenses loiros de olhos azuis é uma mudança de tom muito bem-vinda. Não representamos uma superpotência bélica, mas um sujeito de um país historicamente marcado por conflitos terríveis. A história continua sendo manjada, mas soa menos piegas quando vista por outros olhos.

Um FPS genérico e sistemático

Depois de ser introduzido ao mundo bélico e tecnológico dos Akinci Warriors, você começará a se engajar em confrontos armados contra terroristas em vilarejos e cidades destruídas. Seu esquadrão está sempre ao seu lado, ajudando na troca de tiros, no fogo de cobertura e na reposição da sua munição.

Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

Ao invés de seguir o rumo mais “explosivo” da coisa, Soldiers of the Universe apresenta um gameplay bem sistemático: siga em frente até começar a tomar tiros, então busque cobertura e tente acertar os inimigos que geralmente estão a uma distância bem considerável. Elimine todos (morrendo um bocado), siga em frente e repita o processo.

Nosso personagem não é o sniper do grupo, mas a impressão que dá é que Soldiers of the Universe é um jogo de snipers: os inimigos sempre estão mais longe do que deveriam, e sem uma mira telescópica decente, só o que podemos fazer é tentar acertá-los com um scope meia boca, enquanto eles nos alvejam sem muito esforço. Claro que ocasionalmente descolamos um rifle de precisão, mas nem sempre temos uma boa mira à disposição.

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O gameplay é simples e básico, o que por um lado é até bom, visto que o game não se esforça muito para nos apresentar suas mecânicas através de tutoriais, nem nada do tipo. O game não oferece muita variedade de situações, o que faz com que ele se torne meio repetitivo no decorrer da campanha.

Audiovisual

Soldiers of the Universe parece muito bonito em trailers e screenshots, mas na prática ele deixa a desejar: texturas pobres e muitos tons de marrom dominam os cenários, que vistos de perto são bem menos interessantes do que vemos nas imagens, e o pior: cheios de paredes invisíveis. Por outro lado, a recriação de uma área urbana de Istambul que vemos na reta final do game é bem competente.

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Verdade seja dita, o game possui efeitos de lens flare bem cinematográficos, e no geral sua qualidade está acima da média — se considerarmos que ele é um jogo indie produzido por um pequeno estúdio turco. A questão é que ele parecia ser mais do que isso: Soldiers of the Universe é um jogo que fica bonito visto de longe, mas de perto suas imperfeições saltam ao olhos.

Mas se tem algo que realmente incomoda aqui são as vozes: as dublagens são muito fracas, extremamente artificiais e sem um pingo de emoção. A sincronia labial também é péssima, mas sabe o que é mais bizarro? As legendas muitas vezes mostram mensagens completamente diferentes do que está sendo dito, deixando alguns diálogos totalmente sem sentido.

Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

Talvez eu esteja sendo muito exigente com um jogo indie, mas a verdade é que o material promocional de Soldiers of the Universe deixou uma impressão de que ele seria muito mais polido. Vale ressaltar que, mesmo rodando na sempre versátil Unreal Engine 4, ele não é lá muito bem otimizado, e mesmo em uma máquina boa ele ainda roda meio capenga.

Conclusão

Soldiers of the Universe parte de uma ótima premissa, mas infelizmente deixa a desejar no que realmente importa, que é o gameplay. Sua campanha torna-se engessada e punitiva, com trocas de tiro sistemáticas e pouco inspiradas que resultam em mortes confusas e repetições pentelhas.

Análise Arkade: Soldiers of the Universe traz uma guerra contemporânea e genérica

Considerando que nem sempre vemos games de estúdios turcos ganhando visibilidade, Soldiers of the Universe sem dúvida possui seu valor. Poderia ser melhor, mais dinâmico e divertido, mas é um bom começo, e uma abordagem minimamente digna das guerras contemporâneas no mundo dos games.

Soldiers of the Universe foi lançado em 5 de dezembro, exclusivamente para PCs.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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