Análise Arkade: Solstice Chronicles M.I.A. é praticamente uma versão isométrica de Doom
Você conhece Doom, certo? Agora imagine que louco seria se Doom não fosse um FPS, mas um twin stick shooter isométrico? Não consegue imaginar algo assim? Pois Solstice Chronicles M.I.A. é quase isso!
De volta ao planeta vermelho
Tal qual o mais recente Doom, Solstice Chronicles M.I.A. se passa em Marte. Os humanos meio que se mudaram para lá depois que um vírus chamado STROL transformou boa parte da raça humana em mutantes bizarros. Porém, é claro que os habitantes originais de Marte não ficaram muito felizes com nossa “invasão”, de modo que a treta reina por lá. Para piorar, há uma facção de humanos rebelados que acha que fomos covardes, e devemos retomar a Terra.
Como em Doom, aqui somos colocados na pele de um fuzileiro, que veste um traje estiloso e precisa abrir caminho na marra através de incontáveis monstros se quiser sobreviver. Sua única companhia é um pequeno robozinho voador chamado Saffron, que não é apenas um alívio cômico, mas também possui algumas habilidades que serão de grande ajuda em sua missão.
Confira abaixo o gameplay de uma missão breve da campanha (e não, não estou usando um Windows pirata, é um notebook emprestado para testes):
Um detalhe interessante é que o game possui multiplayer cooperativo local! Então, se tiver um player 2 para se aventuras pelas áridas e inóspitas terras marcianas ao seu lado, sem dúvida você terá uma experiência ainda mais explosiva e empolgante! Além da Campanha, há ainda um modo Survival que sem dúvida fica bem mais palatável com 2 players se ajudando.
Senta o dedo no gatilho… com cautela
Solstice Chronicles M.I.A. é um jogo frenético, como é tradição em twin stick shooters. A tela sempre vai estar lotada de inimigos, e entre uma horda e outra de aliens, você obviamente terá que proteger seu drone enquanto ele conserta alguma coisa ou escaneia algo (isso me lembra Destiny)… e também não podem faltar chefes gigantes e apelões, claro, que irão te dar um bocado de trabalho durante as dezenas de missões que compõem a campanha principal.
No início da jornada, é possível escolher a classe do personagem, e cada um possui atributos e arsenal inicial exclusivos. É possível coletar uma enorme variedade de armas — pistolas, escopetas, rifles, lança-chamas, granadas, e muito mais. Quanto mais você usa uma determinada, mais ela sobe de nível. Também pode-se melhorar as armas com perks de uso único encontrados pelo cenário.
Independente de carregar armas poderosas, aqui munição é um fator determinante: enquanto muitos shooters do gênero têm munição infinita ou caixas de balas dropando de cada inimigo derrubado (o próprio Doom faz isso), aqui seus tiros são muito mais escassos, o que destoa um pouco do estilo frenético. Até temos ataques melee, mas além de consumirem stamina, eles são virtualmente inúteis contra as hordas de inimigos que enchem a tela.
Risco e recompensa
Para compensar esta “falta de balas”, entram em cena as habilidades da robozinha Saffron: ela é capaz de fazer uma busca pelos arredores, e lhe trazer munição, itens de energia e outras coisas úteis… porém, quando ela faz isso, denuncia sua posição, o que faz o “medidor de ameaça” subir rapidamente, e diversos monstros irem até onde você está.
Toda habilidade de Saffron traz essa dinâmica de “risco e recompensa”. Por exemplo, ela também pode conjurar uma barreira laser que mantém inimigos afastados (e torra os que se aproximarem demais), mas fazer isso meio que conjura um tipo especial de monstro, o Behemoth, um demônio implacável que você terá de enfrentar antes de concluir a fase em que usou o escudo.
Veja abaixo um pouco de gameplay do modo Survival:
Essas situações acrescentam uma pegada mais estratégica a um jogo que, de outro modo, seria “só mais um” twin stick shooter. Sempre que o negócio aperta, fica aquela dúvida: uso uma habilidade do drone para salvar a pele agora — correndo o risco de me ferrar depois — ou tento segurar a barra do jeito que der para não acabar se ferrando depois.
Audiovisual
Solstice Chronicles M.I.A. é aquele tipo de jogo que sabe aproveitar a visão isométrica a seu favor. Em cutscenes e trechos de história, vemos que os modelos de monstros e do próprio herói não é lá muito inspirado… mas como vemos tudo de longe, isso não incomoda na maior parte do tempo, e os excelentes efeitos de iluminação roubam a cena, acrescentando muito charme e dramaticidade aos tiroteios. Sério, o fogo desse jogo é incrível!
O gameplay rola sempre em 60fps, com animações muito fluidas e movimentação rápida. Esse é aquele tipo que fica muito mais fácil de jogar com controle, pois o ato de mirar enquanto se move fica bem mais fácil pelos analógicos. O departamento sonoro traz uma boa química entre os protagonistas (eu mencionei que a dronezinha Saffron fala?), trilha sonora que potencializa o perigo constante e sons ambientes imersivos, bem como ótimas explosões e tiros.
Conclusão
Solstice Chronicles M.I.A. não é um jogo revolucionário, mas traz um tempero diferente à uma receita que a gente já conhece, dando um sabor novo ao conjunto que soa familiar para quem curte o gênero, mas traz uma pegada diferente do que já vimos.
Eu sempre gostei do estilo frenético de twin stick shooters como Nex Machina e Alienation, e a abordagem um pouco mais contida que temos aqui — e seu interessante sistema de “risco x recompensa” — agregam um valor quase estratégico ao game, que ainda é frenético e visceral, mas deve ser abordado com cautela.
Solstice Chronicles M.I.A. foi lançado no final de julho, exclusivamente para PC via Steam.