Análise Arkade: Sonic X Shadow Generations, um combo imperdível para os fãs do ouriço!
Não parece, mas Sonic Generations foi lançado há 13 anos! E esta semana, a Sega está relançando este clássico, com um conteúdo extra imperdível! Esta é nossa análise antecipada de Sonic X Shadow Generations!
Leve 2, pague 1
Para começar bem esta análise, uma boa notícia: Sonic X Shadow Generations é o legítimo “Leve 2 Pague 1”: você compra 1 jogo e leva 2.
Um deles é o excelente Sonic Generations, de 2011, que chega remasterizado. O outro é justamente Shadow Generations, uma aventura inédita protagonizado pelo “anti-herói” que todo mundo ama.
Pense no combo Super Mario 3D World + Bowser’s Fury. É meio que a mesma vibe. Um jogo antigo remasterizado + um jogo inédito, de escopo (um pouco) menor. E o jogo novo, ouso dizer, funciona como uma espécie de retcon para o personagem.
Shadow, o retorno
Olha, vou ser bem honesto com você: embora eu seja muito fã do Sonic desde os tempos do Mega Drive, confesso que nunca me importei tanto assim com a lore do mundo e dos personagens. Mas, uma coisa é fato: a origem do Shadow é um tanto zoada.
Não falo nem da gênese do personagem (o Shadow foi criado para ser a “Forma de Vida Suprema” pelo Professor Gerald Robotnik, que é avô do vilão do Sonic), mas do fato dele usar armas de fogo, e tal. Com o perdão do trocadilho, ele parecia sombrio demais para o universo do Sonic.
Shadow Generations não ignora a origem do personagem. Ainda tem um alienígena malvado envolvido (Black Doom), e todos os poderes e habilidades que ganhamos são “dark” — e envolvem uma gosma preta, uma coisa meio Venom. Porém, o jogo aproveita o conceito da “anomalia temporal” que vimos em Sonic Generations para fazer um retcon.
A nova aventura do Shadow, na verdade, corre em paralelo à aventura do(s) Sonic(s) que vimos em Generations. Enquanto o(s) ouriço(s) estavam resolvendo a treta com o Time Eater, Shadow foi tragado para outro canto do Espaço Branco, onde acaba tendo a chance de reencontrar rostos conhecidos de seu passado. Uma nova aventura sem motos e metralhadoras, mas que está muito mais alinhada com o universo do Sonic.
(Re)jogando Sonic Generations
Fiquei surpreso ao constatar que não temos um review de Sonic Generations aqui no site. Mas, 2011 era o meu primeiro ano aqui no site, ainda não tínhamos muita credibilidade e nem recebíamos jogos para análise.
Porém, lembro de ter jogado Sonic Generations no meu saudoso Xbox 360 e de ter gostado muito do jogo. É fato que a carreira do Sonic é bem inconstante, mas Sonic Generations definitivamente está entre os pontos altos — e a ideia de unir o Sonic barrigudinho de olhos pretos de antigamente, com gameplay 2D, com o Sonic esquio e radical de olhos verdes em fases 3D — é muito boa.
A versão remasterizada de Sonic Generations que está neste relançamento é essencialmente o mesmo jogo, com melhorias de performance e algumas novidades: o jogo agora roda fluido em 60 fps, e o visual e as cutscenes foram remasterizados — com direito a algumas linhas de diálogo novas que também conectam melhor algumas pontas do “Sonicverso“.
Em termos de gameplay, pouca coisa mudou: cada mundo do jogo tem 2 fases, uma em 2.5D, para jogarmos com o Sonic antigo, outra mais focada em gameplay 3D, com o Sonic moderno. Algumas mecânicas foram reajustadas e há novos colecionáveis (agora, cada fase tem 3 Chaos, aquelas criaturinhas com cabeça de gota, para encontrarmos), mas ainda é essencialmente o mesmo jogo — e isso não é uma reclamação.
Jogando Shadow Generations
Shadow Generations, por sua vez, traz uma pegada mais moderna. Se em Sonic Generations o Espaço Branco é basicamente um hud 2D que conecta as fases, aqui temos um mundo aberto 3D repleto de colecionáveis, com muita verticalidade, cheio de corrimãos, molas, plataformas e segredos. Em muitos casos, acessar o portal da fase é um desafio por si só.
Rodando em uma engine atualizada (a mesma de Sonic Frontiers), este novo conteúdo é independente: tal qual Super Mario 3D World + Bowser’s Fury, os jogos são acessados de forma independente pelo menu principal. O que é ótimo: Shadow Generations é uma experiência totalmente nova, não apenas uma skin do personagem Shadow no Sonic Generations que já existe.
Quer dizer: totalmente nova de um jeito nostálgico, uma vez que, tal qual Sonic Generations, muitas das fases e chefes são reimaginações de momentos que vimos, principalmente, em Sonic Adventure 2 — jogo que introduziu Shadow ao “Sonicverso“.
Vou deixar aí embaixo a primeira boss battle do game, um confronto com o Biolizard que começa exatamente como era em Sonic Adventure 2, mas que logo vai para novos caminhos:
Desafios (nem tão) opcionais
Acho que a única coisa chatinha de Shadow Generations é que, como ele tem menos fases, o reaproveitamento dos cenários acaba sendo mais obrigatório do que opcional.
Explicando: o portal que leva a cada chefão fica bloqueado por 4 fechaduras, cujas chaves exigem que o jogador complete Fases de Desafio — que são basicamente mini-fases construídas em cima das fases originais.
Esses desafios — que em Sonic Generations são opcionais — envolvem, por exemplo, chegar ao final da fase matando X inimigos, ou superar uma fase com apenas 1 anel. Como elas são mais curtas, não têm checkpoints, de modo que falhar na reta final exige fazer tudo novamente.
Se fosse um conteúdo opcional, focado no público complecionista, beleza. Mas como essas fases acabam sendo obrigatórias para o progresso, podem deixar um gostinho meio amargo.
Que fique claro: nenhuma dessas fases é ruim (algumas são bem legais, na verdade, como essa do vídeo acima), mas a repetição pode tornar algumas delas um pouco frustrantes, especialmente pela falta de checkpoints.
Habilidades Doom e Chaos Control
O que torna a experiência de Shadow Generations bastante diferente da que vimos em Sonic Generations são justamente os poderes únicos que Shadow adquire ao longo de sua jornada — muito graças ao DNA compartilhado com o Black Doom que ele possui.
Shadow já começa o jogo com o Chaos Control, habilidade que lhe permite congelar o tempo por alguns segundos, e é excepcionalmente útil para, por exemplo, congelar mísseis no ar, de forma que possamos caminhar sobre eles.
Mas, indo além disso, conforme elimina os chefes, Shadow vai angariando artefatos alienígenas que desbloqueiam as habilidades Doom. Estas são as novidades que realmente transformam o gameplay: Shadow conjura uma arraia de gosma que lhe permite “surfar” sobre a água, pode tornar-se uma espécie de lula de gosma (o que lhe permite nadar até mesmo sobre paredes verticais cobertas de gosma) e, tal qual o Venom na (questionável) reta final de Spider-Man 2, ganha até asas feitas de gosma!
Essas habilidades são destravadas gradualmente ao longo da campanha, e vão sendo incorporadas de maneira muito orgânica ao jogo. Avançar para novas áreas do Espaço Branco passa a depender delas, e as fases e chefes passam a exigir que o jogador domine essas habilidades e transformações.
Na prática, Shadow Generations parece misturar conceitos do recente Sonic Frontiers (o hub é um grande mundo aberto repleto de colecionáveis e com alto potencial de exploração) com as fases no estilo Sonic Generations, que celebram (e reimaginam) momentos memoráveis do legado do personagem.
Audiovisual
Analisar o departamento audiovisual de Sonic X Shadow Generations é um tanto injusto, uma vez que estamos falando de dois jogos: um remaster, feito em uma engine antiga, e um novo, desenvolvido em cima de uma engine atualizada.
Não que haja uma grande discrepância entre os dois: o Sonic Team fez um trabalho competente de direção de arte para manter a identidade visual dos jogos similar. Mas, é inegável que Shadow Generations tem mais “cara de jogo de 2024” — e é sem dúvida mais bonito do que Sonic Frontiers — enquanto Sonic Generations entrega um pouco sua idade em alguns detalhes.
E digo mais: como Sonic Generations era o jogo que celebrava os 20 anos do ouriço, ele tem uma aura nostálgica que lhe é muito particular. A trilha sonora, por exemplo, que revisita temas clássicos do ouriço no Espaço Branco, é um detalhe charmoso que não existe em Shadow Generations. Afinal, a proposta dele não é ser tão nostálgico: Shadow Generations chega para coroar “o ano do Shadow“, e preparar o público para a chegada do personagem aos cinemas.
A versão que recebemos para análise foi a de Playstation 5, e não há do que reclamar: ambos os jogos rodam lisos, com loadings praticamente inexistentes e um uso comedido do DualSense. Não sei como este pacote Sonic X Shadow Generations se comporta no Nintendo Switch os nos consoles da geração passada, mas em uma máquina atual, não há do que reclamar.
Conclusão
Um simples relançamento do ótimo Sonic Generations já seria motivo de celebração. Mas quando ele chega acompanhado de um jogo totalmente novo, que também é muito bom, fica impossível não recomendar.
A verdade é que Sonic X Shadow Generations é um “Leve 2 Pague 1” de respeito, que traz conteúdo de sobra para alegrar os fãs do ouriço — e preparar o terreno para a chegada de Shadow aos cinemas em Sonic 3, que estreia em dezembro.
Um combo imperdível que une o nostálgico ao novo em dois jogos muito competentes tecnicamente, com bom nível de desafio e toneladas de artes conceituais e músicas para serem liberadas. Se 2024 é o ano do Shadow, ouso dizer que o personagem nunca esteve tão bem representado nos videogames!
Sonic X Shadow Generations será lançado na sexta, 25/10, com versões para PC, Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e Nintendo Switch. Válido ressaltar que todo o conteúdo possui menus e legendas em português brasileiro.
* Review feito com base na versão PS5 do jogo, com código antecipado fornecido pela Sega.