Análise Arkade: Splasher une agilidade e raciocínio e adrenalina com muita cor

12 de dezembro de 2017

Análise Arkade: Splasher une agilidade e raciocínio e adrenalina com muita cor

Vez ou outra, o mercado nos traz ótimas expressões do uso criativo das já tradicionais mecânicas de plataforma, algo que parecia estar se perdendo há uns 10 anos atrás. Em especial, o sistema independente tem buscado soluções bem interessantes para renovar e ressignificar esse que talvez seja um dos gêneros mais icônicos desse segmento.

Splasher, game de plataforma com progressão lateral desenvolvido no bom e velho 2D chega com uma proposta que pode sim se colocar dentro dos mais interessantes projetos nos últimos tempos, unindo um ótimo trabalho de game designer com uma surpreendente direção de arte. Entendamos o porquê.

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No lugar errado, na hora errada

Na chamada Jornada do Herói, o primeiro momento trata do sujeito comum em sua vida cotidiana sendo compelido a uma aventura. E não há sujeito mais ordinário do que um operário sem nome de uma fábrica qualquer. Esse é o protagonista de Splasher, que sem querer querendo acaba vendo mais do que gostaria.

Quando descobre uma conspiração maior do que se imaginava na Inkorp, fábrica de tintas onde trabalha, esse herói não-intencional precisa se valer dos seus conhecimentos com a matéria prima com a qual trabalha para escapar de se tornar ele mesmo uma das experiências malucas daquele lugar.

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Plataforma sim, mas diferente

Poucos são aqueles exemplos de um desenho de níveis que seja inteligente o suficiente para ensinar o jogador as manhas do game sem precisar listar uma série de comandos ou de recomendações em texto corrido. Super Mario World e Megaman X são, talvez, os melhores em ensinar a jogar a partir da concepção da sua fase inicial.

Ao iniciar a jornada em Splasher, o jogador encontrará, nos primeiros segundos, uma estrutura muito sagaz em demonstrar o que será necessário aprender o mais rápido possível: a física de saltos, controle e precisão de movimentos.

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Daí em diante, cada nova adição ao sistema do jogo é inserido de forma bastante calma e bem justa. Ou seja, aprender a jogar é, de fato, parte da experiência imersiva do game, que mesmo não sendo muito demorado, consegue achar espaço para ensinar o que deve ser aprendido ao longo da jornada.

Difícil, mas equilibrado

Basicamente, o jogador dispõe do uso de dois tipos de tinta especiais – uma para grudar em paredes e outra que transforma superfícies em trampolins – e um jato de água capaz de lavar essas mesmas tintas de paredes, do chão e das bizarrices que aparecem pelo caminho.

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A partir daí, cabe ao jogador entender como melhor utilizar cada um dos recursos dentro do que lhe aparece no caminho. E mesmo não sendo especialmente difícil como um Super Meat Boy, por exemplo, que parece uma boa referência em termos de dinâmica, cada trecho das fases do jogo traz um desafio interessante para o jogador.

Desenhadas pela mesma cabeça que criou os dois jogos mais recentes de Rayman (Romain Claude), as fases são muito bem estruturadas e fluídas, permitindo abordagens mais alucinadas ou mesmo mais estratégicas e o game se adapta bem a esses modelos, equilibrando agilidade e raciocínio lógico de forma bem leve.

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O desafio aumenta rapidamente em certo ponto do game, sobretudo quando o jogador domina todas as possibilidades do jogo. Ainda assim, longe de ser frustrante, Splasher instiga a não só atravessar o cenário do ponto A ao ponto B, como também convida ao 100% de cada fase, salvando outros operários espalhados pelo ambiente.

Colorido como deveria ser

Se o jogo é ambientado em uma fábrica de tintas, seria natural que a arte do game fizesse a escolha de abusar das cores gritantes. Ainda assim, a estética de Splasher consegue, dentro da obviedade, estabelecer sua própria identidade e brincar com essa característica.

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Com traços bem marcados e até, em certo ponto, exagerados, o visual bebe bastante dos trabalhos anteriores do seu criador, mas cria uma identidade própria quando trata de tons menos saturados do que, por exemplo, HUE ou Splatoon, que também tem cores como plot narrativo e de mecânica, mas abusam dos tons primários.

Ao contrário, o game consegue criar uma harmonia visual sem saturar as cores em si, podendo abusar da caricatura no design de personagens e ambientes. Em certos momentos, podemos nos ver em uma aventura maluca das animações dos Looney Tunes de décadas atrás.

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A mixagem de som também segue por esse caminho, resolvendo 99% das interações a partir de expressões bem cartunescas, onomatopeias e sinais gráficos típicos de desenhos animados dos anos 1940 e 1950. A sensação é que esses cientistas trabalharam na ACME antes da Inkorp

Como um todo, Splasher sabe bem como partir do clichê para chegar em um lugar muito próprio e particular. Experimentar esse mundo maluco e se propor a olhar em volta é interessante e até envolvente, criando empatia com o herói dessa história e até com mundo em torno dele.

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Conclusão

Splasher é, sem sombra de dúvidas, uma ótima surpresa. Dentro de uma lógica de produção independente, mas sabendo extrair do que há de melhor e mais criativo na indústria, consegue ser ao mesmo tempo simples e complexo, equilibrando muito bem todos os aspectos e resultando em um todo harmônico e agradável.

Se o nível de desafio é bastante coerente com o que se encontra hoje no mercado, ele consegue ser mais agradável do que irritante mesmo quando apresenta aqueles trechos mais encardidos. Muito desse mérito vem do seu design muito bem estruturado e do carisma que o jogo como um todo apresenta.

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Disponível para Nintendo Switch, Playstation 4, XBox One e PC, Splasher está com textos totalmente em português.

Paulo Roberto Montanaro

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