Análise Arkade VR: Star Wars Squadrons é um bom jogo que fica melhor ainda em VR

10 de outubro de 2020
Análise Arkade VR: Star Wars Squadrons é um bom jogo que fica melhor ainda em VR

Star Wars Squadrons finalmente está entre nós! O mais novo jogo de naves da franquia dos Jedi e Siths chegou com cross-play e portabilidade completa para a realidade virtual. Ou seja, os amantes das naves dessa incrível franquia podem ter em mãos um prato cheio para aproveitar bastante.

Ainda que seja bastante focado na jogatina multiplayer, Star Wars Squadrons também possui um modo campanha. Mas seu diferencial, comparado aos últimos jogos da franquia que envolviam naves, são seus controles. Ao apostar em muita praticidade e detalhamento, criou-se algo que pode vir a ser um dos melhores games de nave da franquia. Porém, vamos com calma, pois ainda não chegamos lá.

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Dois lados da mesma campanha

Star Wars Squadrons ocorre no período da saga após o fim de O Retorno de Jedi e antes de O Despertar da Força, com a Nova República começando a criar forma sob a liderança da Princesa Leia. Entretanto, mesmo após a derrota de Darth Sidious na explosão da segunda Estrela da Morte, o Império ainda resiste ao seu fim.

O período apresentado é interessante, mesmo que não tenhamos tantos momentos icônicos quanto em outros períodos da saga. Mas, há uma justificativa para isso: essa janela de tempo é nebulosa o suficiente para os desenvolvedores terem maior liberdade criativa sobre o que acontece, sem bagunçar tudo o que já foi estabelecido.

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Infelizmente, essa suposta “liberdade criativa” não foi tão bem utilizada na campanha de Star Wars Squadrons. Para início de conversa, a escolha entre Império e Nova República não muda praticamente nada no decorrer da campanha. Assim, você continua sendo obrigado a jogar com os dois lados do conflito, independente de qual escolha no início.

Além disso, alguns personagens secundários da franquia são jogados ali sem muita relevância narrativa. Como a General Syndulla e o lendário piloto Wedge Antilles, que fazem uma pontinha na história, apenas como fan-service vazio. Por fim, a campanha é bem curtinha, com 14 missões que são concluídas em umas 6 horas no máximo.

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Oportunidades quase perdidas

Ainda sobre a campanha de Star Wars Squadrons, temos um potencial um pouco desperdiçado aqui. Não que seja de todo ruim: existem momentos consideravelmente divertidos na campanha. O encontro com os destroços de um Star Destroyer da época das Guerras Clônicas é um deles. Mas a campanha ainda assim é limitada demais, não ousa, não explora todo o potencial deste universo.

A falta de variedade não é exatamente pelo fato de controlarmos apenas as 8 naves presentes no modo multiplayer. Estas funcionam muito bem e falaremos mais sobre isso adiante. Porém, outras limitações da campanha incomodam um pouco. Por exemplo, não existem fases no interior de planetas, algo que era bem comum em outros jogos da franquia Squadron.

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Os destroços do Destroyer que apareceu em A Vingança dos Sith é um fan-service bem encaixado.

Além disso, as missões da campanha são bem genéricas e, muitas vezes, repetitivas. Perdi a conta de quantas vezes precisei entrar num embate contra uma nave gigante (geralmente um Star Destroyer), para enfrentar seus pontos fracos e minar suas defesas. É legal da primeira vez, mas quanto mais se repete, mais perde seu apelo.

Felizmente, existem missões muito boas para compensar. Uma das missões finais, quando entramos em uma nave gigante para explodi-la de dentro para fora é monumental. Além disso, algumas missões mais táticas também brilham bastante. Mas, analisando a campanha como um todo, faltou um quê mais épico na história de Star Wars Squadrons.

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Controles precisos e instintivos

Não desanime, pois a maior parte dos problemas de Star Wars Squadrons realmente se concentram na simplicidade da sua campanha. Pois, no geral, o jogo coleciona vários acertos. Para início de conversa, os controles do jogo são seu maior trunfo. Muito simples e precisos, são realmente fáceis de aprender em poucos minutos.

Mesmo na realidade virtual, os controles são muito confortáveis, visto que usam os mesmos padrões de fora dela. Além disso, temos também todo um cockpit informativo. Ele não é interativo como, por exemplo, a realidade virtual de No Man’s Sky. Porém, temos aqui um excelente uso do layout já conhecido das naves clássicas da franquia, como a X-Wing e o TIE Fighter.

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Em poucos minutos de jogo você já fica muito confortável com os comandos e informações. Do ponto de vista da imersão e da diversão, isso é um acerto incrível. Para um jogo focado em multiplayer, ter controles fáceis de aprender e com espaço para serem dominados de formas criativas é um ponto super positivo.

Equilíbrio ideal entre naves

Quanto às naves do jogo, temos quatro modelos para cada facção, que cobrem as mesmas funções. Essas quatro funções são as de fighter, interceptor, support e bomber. As quatro funções realmente são bem distintas entre si e conseguem ser combinadas de diversos modos durante a jogatina online.

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A-Wing, U-Wing, Y-Wing e X-Wing, as queridinhas da República.

Durante a campanha, somos apresentados a todos os 8 modelos de naves e suas funções básicas. Desse modo, mesmo que a campanha não tenha muita qualidade como entretenimento, cumpre bem o papel de servir como tutorial para novatos no gênero.

As naves também podem ser equipadas com armas, armaduras, itens de suporte e outros acessórios distintos. Tudo isso afeta diretamente as estatísticas de cada nave, o que permite que cada jogador deixe sua nave mais próxima do seu estilo de jogo. Claro que há limites: não é possível modificar uma nave ao ponto dela mudar sua função durante a jogatina. Uma bomber sempre vai ser uma bomber, e por aí vai.

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TIE Interceptor, TIE Fighter, TIE Reaper e TIE Bomber, os designs mais icônicos da franquia.

Multiplayer de primeira

O multiplayer de Star Wars Squadrons se mostra variado e divertido o suficiente para engajar jogadores o suficiente no jogo. Ser lançado já com cross-play entre todas as suas plataformas foi mais um acerto enorme. As partidas são muito rápidas de serem achadas e os modos de jogo atendem bem a expectativa.

Um elogio à parte precisa ser feito ao modo de jogo Batalha de Frotas. Nessas partidas, precisamos avançar mais rápido que nossos adversários, destruindo naves crusadoras até chegar à nave capital de cada facção. Esse é o momento mais épico que Star Wars Squadrons consegue chegar no atual momento, o que é excelente por si só.

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Antes da batalha, podemos ver todos os jogadores na central de missões, é bem legal.

O jogo ainda conta com um sistema de comércio baseado em suas vitórias, totalmente livre de microtransações (a EA demorou, mas aprendeu com seus erros). Jogando você consegue liberar relativamente rápido equipamentos essenciais para deixar sua nave mais potente. Além disso, existe toda uma coletânea de skins e enfeites para o cockpit das naves, servindo bem ao colecionismo puro e simples.

Outro ponto que considero um acerto no formato do multiplayer é justamente o que não foi feito no modo campanha. Aqui, a facção que você escolhe realmente faz diferença. Caso escolha jogar pela Nova República, todo jogo que você encontrar, você será da Nova República. O mesmo vale para o Império, permitindo que os jogadores joguem de fato com o lado com o qual mais se identificam. Para mudar de facção, é um processo bem simples também, deixando essa decisão a cargo do próprio jogador.

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Uma experiência incrível na realidade virtual

Mas independente de todos os erros e acertos de Star Wars Squadrons em sua versão padrão, na realidade virtual tudo muda. Se podemos considerá-lo um bom jogo em sua versão tradicional (jogada na boa e velha TV), na realidade virtual ele se torna uma pedida obrigatória para amantes de naves espaciais.

A imersão que o pessoal da Motive Studios conseguiu incutir no cockpit das naves é incrível. Claro que, por se tratar de um jogo de naves espaciais onde podemos fazer loopings, voar em todas as direções e girar de várias formas, o enjoo e a cinetose são sempre um risco. Entretanto, o cockpit é sólido o suficiente para diminuir esse mal estar no jogador menos sensível.

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Olhar para os lados enquanto está pilotando na realidade virtual é uma das sensações mais incríveis em Star Wars Squadrons.

Nas bases, fora das naves, o jogo não é tão primoroso assim na realidade virtual. Possui imagens embaçadas demais e algumas interações um pouco travadas. Entretanto, na parte que realmente importa, temos uma imersão e qualidade de controles excepecional. Não seria surpresa se Star Wars Squadrons angariasse muito mais jogadores na realidade virtual do que em sua versão básica por conta disso — tirando é claro, o fato de que nem tanta gente assim tem acesso ao VR.

O potencial de Star Wars Squadrons

Star Wars Squadrons é um bom jogo. Não é excepcionalmente bom e nem chega a ser um dos melhores já feitos para a franquia. Porém, seu potencial é enorme. Mesmo que a EA tenha dito recentemente que o game não receberá DLCs, seria interessante se a Motive Studios continuasse com um suporte variado ao jogo. Com o suporte correto (não necessariamente através de DLCs), ele pode sim se tornar algo maior e melhor que os últimos games da série Battlefront.

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Porém, o jogador precisa de um incentivo para continuar jogando. Maior variedade de mapas, fases e temporadas históricas e maior participação da lore da franquia fazem falta aqui. Com um dos maiores ícones de Star Wars sendo justamente suas naves e planetas, um jogo de naves da franquia que não mostra cenários marcantes como os de Geonosis, Hoth, as Estrelas da Morte e Coruscant pode ser arriscado.

Por fim, temos em Star Wars Squadrons uma base sólida para algo muito maior. Seu começo é bom, mas pode se tornar excelente com o suporte correto da desenvolvedora. Tudo vai depender do quanto a EA vai querer investir nele. Afinal, um jogo focado em multiplayer sem novidades sazonais é fadado ao esquecimento em pouco tempo. O posicionamento da EA preocupa um pouco, pois um mínimo de suporte será decisivo para que Star Wars Squadrons se mantenha relevante, e não suma rápido demais.

Star Wars Squadrons foi lançado no dia 2 de outubro de 2020 e está disponível para PC, Xbox One e PlayStation 4. Além disso, o jogo tem total compatibilidade com o PlayStation VR, Oculus Rift, Valve Index e HTC Vive.

Esta análise foi feita com base na versão PS4 do game, que recebemos da EA.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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