Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

8 de agosto de 2015

Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

Hora de entrar no seu barco e navegar por um mundo que foi tomado pelas águas em busca de suprimentos. Na sequência você confere nossa análise do recém-lançado Submerged!

Submerged é um jogo independente desenvolvido pelo estúdio Uppecut Games, cuja experiência anterior limita-se a alguns poucos jogos para smartphones. Em sua primeira empreitada pelos consoles e PCs, o grupo utilizou todo o poder da Unreal Engine 4 para criar um mundo pós-apocalíptico diferente.

Um Mundo Submerso

Submerged possui uma história contada em tom bem minimalista. Você controla uma garotinha chamada Miku, que chega de barco no que já foi uma grande cidade, mas que agora está literalmente debaixo d’água. Junto com ela está seu irmão, Taku, que está doente e ferido.

Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

Assim, sua missão é explorar a vasta cidade submersa em busca de suprimentos e remédios que ajudem a curar os males do pequeno Taku. Seu maior aliado nesta jornada será seu barco, que é a única maneira de se locomover pela água. Quando encontrar alguma construção “explorável”, você pode aportar sua embarcação e seguir a pé.

Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

O jogo não explica realmente o que houve com o mundo ou mesmo quem são Miku e Taku ou de onde eles vêm. Como em Journey, a história é contada através de gravuras meio tribais, que deixam o entendimento por conta do jogador. Mas, por hora, só o que você precisa saber é que seu irmão precisa de remédios e só você pode ir atrás deles.

Exploração Pacífica

A jogabilidade de Submerged divide-se em 2 momentos: a navegação e a exploração a pé. Quando estiver a bordo do seu barco é aquele esquema bem The Wind Waker, com os gatilhos funcionando para acelerar e dar ré, além de um boost que lhe permite navegar mais rápido por algum tempo.

Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

Já estando a pé, você deve basicamente encontrar beiradas, parapeitos, trepadeiras e canos para escalar, pois os suprimentos que você precisa geralmente estão no topo dos prédios. Quando estiver fora do barco você vai estar escalando o tempo todo, e o desafio fica em achar o caminho que vai te levar até lá em cima — muitas vezes você terá que dar a volta no prédio até encontrar uma “trilha” escalável — nos moldes de Prince of Persia ou Enslaved.

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Complementam o gameplay um mapa (acessado com o botão quadrado) que vai sendo preenchido conforme você explora e uma luneta (botão triângulo), muito útil para você encontrar (e marcar no mapa) pontos de interesse pelo cenário.

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E são vários pontos de interesse, pois além das caixas de suprimentos, o jogo possui 60 colecionáveis espalhados pelo mapa, bem como mais de 20 upgrades para o motor do seu barco — que simplesmente aumentam o tempo do seu boost. Você ainda pode encontrar alguns animais e “pontos turísticos” pelo mapa, e encontrar tudo lhe rende troféus/conquistas.

Análise Arkade: navegando pelas belas águas de Submerged

Sendo justo, a jogabilidade funciona bem nos dois casos, e a movimentação tanto do barco quanto da protagonista é super fluida e responsiva. O problema é que Submerged é um jogo sem nenhum desafio: você não pode se afogar, não pode cair, nem morrer de qualquer outra maneira. Seu irmão — mesmo doente — também não vai morrer, independente do tempo que você leve para encontrar seus medicamentos.

Ou seja, o jogo preza pela exploração pura e simples, que é bem legal, mas acaba caindo na mesmice: você sai do ponto principal (onde seu irmão moribundo está), entra no seu barco, procura o prédio certo, recolhe o caixote, cuida do seu irmão, que vai precisar de outra coisa, então você entra no seu barco de novo, procura o prédio certo de novo, recolhe outro caixote, e por aí vai.

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Que fique claro: o problema não é o jogo não ter nenhum tipo de perigo ou combate — Journey é assim e é incrível. O problema é quando o jogo não oferece muita variedade de situações e acaba tornando-se repetitivo. E, ao contrário de Journey, Submerged é um jogo relativamente mais longo — pode durar umas 6 horas se você for bem curioso — o que torna sua repetitividade ainda mais evidente.

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Acho que seria fácil quebrar um pouco isso com algumas situações mais emergenciais: poderíamos, por exemplo, ter um tempo limite para levar os medicamentos ao irmãozinho, ou um tubarão mutante gigante (há muitos bichos mutantes gigantes no jogo) poderia perseguir o seu barco — o que até justificaria os boosts. Um pouquinho de adrenalina aqui e ali certamente surpreenderiam o jogador e quebrariam a rotina estabelecida pelo jogo.

Audiovisual caprichado

Submerged e um jogo muito bonito. O visual dos irmãos Miku e Taku pode não tem nada de muito especial, mas muitas das construções que você encontra pela cidade são realmente caprichadas: há esculturas, colunas, gárgulas e painéis em relevo ornamentando fachadas de imponentes prédios que estão meio submersos, meio destruídos, meio tomados por plantas.

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Ainda que não seja um jogo super cheio de vida, o design do game ainda mostra seu potencial com criaturas aquáticas que são esquisitonas, mas interessantes — basicamente variações mutantes de baleias, golfinhos, gaivotas e outros animais –, e mostram como a natureza seguiu seu curso no mundo do game.

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Já citei Journey algumas vezes no decorrer do texto e aqui vai mais uma: Journey tem a areia mais linda que já vi em um jogo de videogame, e Submerged é tipo Journey, só que com água. Veja bem, a água do game é a mais detalhada ou realista, mas acho que pode ser considerada a mais bonita, esteticamente falando. Olha como a água do game é show:

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A maneira como a água do game reflete o pôr do sol é incrível, e o jogo sabe disso, pois conta com um “criador de cartões postais” — que é meio que um Photo Mode rudimentar — que lhe permite criar imagens muio bonitas. Confira alguns “cartões postais” que criamos durante o jogo:

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Submerged não tem vozes até porque, como já dissemos, sua narrativa é bem minimalista. Felizmente, a trilha sonora acompanha o capricho visual do game, e entrega canções em piano que são tão belas quanto melancólicas, e potencializam o sentimento de solidão do game.

Conclusão

Submerged é um jogo claramente produzido com carinho e atenção aos detalhes. Sua temática é tocante, seu visual é interessante e seu pequeno universo aquático consegue ser realmente imersivo, ainda que vazio e melancólico.

Embora o game rapidamente crie uma “rotina” que acaba tornando-se repetitiva, ainda vale a pena dar uma conferida em Submerged, especialmente se você curte relaxar enquanto aprecia um jogo tranquilo, contemplativo e com belas paisagens.

Submerged foi lançado esta semana, e está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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