Análise Arkade – o retorno de SvC Chaos: SNK Vs. Capcom, 21 anos depois

6 de agosto de 2024
Análise Arkade - o retorno de SvC Chaos: SNK Vs. Capcom, 21 anos depois

Em 2024, crossovers e “collabs” não são mais novidade no mundo dos games. Fortnite, Mortal Kombat e outros jogos populares estão o tempo todo recebendo convidados especiais. Mas, há 20 anos, a coisa era bem diferente. E isso é parte do que faz SvC Chaos: SNK vs. Capcom ser especial, duas décadas depois.

Em uma parceria pra lá de inusitada, as duas maiores produtoras de fighting games dos anos 80 e 90 uniram forças para entregar ao mundo crossovers entre seus principais jogos.

Curiosamente, a colaboração entre as companhias rendeu frutos bastante diversos. O “mando de campo” é da empresa cujo nome vem primeiro. Ou seja, o CvS, Capcom Vs. SNK, foi produzido pela Capcom, e trazia uma pegada mais Street Fighter.

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Já este SvC é SNK Vs. Capcom, foi produzido nos moldes de The King of Fighters por uma SNK que, na época, estava mal das pernas (financeiramente falando) e havia declarado falência poucos meses antes do jogo sair.

Esta collab inusitada rendeu nada menos que 4 jogos de luta ali na virada do milênio (dois SvC, dois CvS). Considerando que o primeiro SvC, de 1999, foi um jogo de NeoGeo Pocket Collor, foi neste SvC Chaos: SNK vs. Capcom que os fãs puderam realmente curtir um quebra pau de gente grande entre personagens das mais emblemáticas franquias de luta dos fliperamas.

Pancadaria no estilo SNK

Os games de luta mais famosos da SNK The King of Fighters, Fatal Fury e Samurai Shodown — têm mecânicas muito próprias, consideravelmente diferentes do que Street Fighter II convencionou como “o padrão a ser seguido” por jogos de luta.

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O elenco não se resume a Street Fighter e The King of Fighters

Claro que há muita coisa em comum, como o uso da meia-lua, por exemplo, mas a série TKoF, que tem inclusive um layout de controle diferente, sempre foi mais acelerada, exigindo mais agressividade do jogador para aproveitar brechas e usar combos devastadores.

Este estilo de jogo próprio da SNK acaba sendo a espinha dorsal de SvC Chaos. Quem preferia The King of Fighters a Street Fighter possivelmente vai se sentir em casa. Os fãs dos “lutadores de rua”, porém, terão que se acostumar com comandos diferentes para muitos de seus favoritos. Isso não é nem bom, nem ruim, é apenas diferente.

(Falta de) balanceamento

Ou melhor: isso pode acabar sendo ruim para alguns dos 36 personagens disponíveis, uma vez que SvC: Chaos não é um dos jogos de luta mais balanceados já feitos. Isso já era verdade em 2003, e segue verdadeiro em 2024.

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Duelo de gigantes

Há lutadores que simplesmente dominam a luta, e uma inteligência artificial apelona torna mesmo os confrontos do modo arcade bastante desafiadores — não esqueça que há chefes e lutadores secretos, como o icônico “Violent Ken“, Shin Akuma e Athena, além da participação especial de um daqueles aliens que parecem águas-vivas do clássico Metal Slug.

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Para o bem e para o mal, este é o mesmo jogo de 2003, em termos de (falta de) balanceamento. Não houve nenhum trabalho para rebalancear ou refinar a experiência original. Há algumas novidades e melhorias, mas elas não dizem respeito ao gameplay em si.

Novidades e melhorias

Jogatina online não era algo que fazia parte da maioria das pessoas em 2003. Sendo assim, a presença de multiplayer onlinecom direito a rollback netcode — garante a alegria e a estabilidade das partidas.

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O cabelo do Guile é um espetáculo à parte

Além disso, para quem quer realmente mergulhar nos detalhes de gameplay, existe um modo de jogo que permite ao jogador analisar as hitboxes de cada golpe, em tempo real. É um recurso focado em players mais competitivos, que gostam de estudar a fundo as mecânicas de um fighting game.

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Bora estudar hit boxes?

Fora isso, há também uma galeria, que reúne um punhado de artes conceituais e materiais promocionais originais do game. Este tipo de “museu” não é novidade neste tipo de relançamento, mas esta tem um gostinho especial pois nos permite ver os personagens da Capcom reimaginados no traço estiloso dos artistas da SNK.

Audiovisual

E já que falamos nisso, embora essa releitura de personagens clássicos chame a atenção, o mesmo não pode ser dito do visual como um todo de SvC Chaos. Talvez pelo momento financeiro delicado da SNK, este não é um jogo particularmente bonito, e sua apresentação se mantém a mesma de 20 anos atrás.

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Este visual mais “realista” das artes é muito legal

Não é que ele seja feio, ou mal animado, longe disso. Os modelos dos personagens e lutadores são ótimos. Os cenários, porém, são pálidos e sem vida, ficando aquém mesmo de fighting games 2D mais antigos, que eram espetaculares em sua apresentação, com arenas coloridas e repletas de elementos animados.

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Repare na falta de cor e “vida” no cenário

A trilha sonora também se manteve inalterada, e entrega o que a gente espera de um jogo de luta do início dos anos 2000. Infelizmente, não houve nenhum esforço em localizar o jogo, o que é uma pena, visto que há muitos diálogos entre os lutadores antes de cada confronto.

Conclusão

SvC Chaos: SNK Vs. Capcom é um produto de seu tempo, que claramente foi produzido com um orçamento reduzido — o que fica ainda mais evidente se o colocarmos lado a lado com os jogos que foram produzidos pela Capcom na mesma época.

Apesar disso, esta é uma das raras vezes que vemos os lutadores da Capcom sendo “convidados” para “jogar fora de casa”, e isso por si só, rende um jogo bastante único, que é fruto de uma época em que esse tipo de crossover era raro.

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O Dan da SNK é bem mais apelão

Com a iminente chegada de Terry Bogard ao elenco de Street Fighter 6, ouso dizer que a rivalidade entre Capcom e SNK não é mais a mesma, mas a chama segue acesa. E rejogar SvC Chaos é como voltar no tempo, ainda que a viagem seja um tanto turbulenta (e desbalanceada).

SvC Chaos: SNK Vs. Capcom está disponível para PC, Playstation 4 (versão analisada, rodando no PS5) e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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