Análise Arkade: The Deadly Tower of Monsters homenageia os “filmes B” com bom humor e criatividade

26 de janeiro de 2016

Análise Arkade: The Deadly Tower of Monsters homenageia os "filmes B" com bom humor e criatividade

Prepare-se para embarcar um game que é praticamente um filme B de ficção científica: The Deadly Tower of Monsters é um jogo extremamente divertido e criativo, e você confere nossa análise completa dele na sequência!

Uma aventura espacial de baixo orçamento

The Deadly Tower of Monsters aborda com bom humor e criatividade uma temática não muito explorada no mundo dos games: os filmes de ficção científica antigos. E não estamos falando dos filmes bons, mas daqueles bem baixo orçamento, com fantasias toscas, efeitos especiais zoados… daqueles que você até consegue ver os fios que estão segurando a nave, saca?

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Fios aparecendo são estilo, não defeito. =D

O game começa mostrando a acidentada chegada do intrépido herói espacial Dick Starspeed ao nem tão pacífico planeta Gravoria. Felizmente, Dick não está sozinho nessa, pois tem ao seu lado seu companheiro Robô e a bela Scarlet Nova, filha do Imperador que está disposta a se livrar do domínio tirano do pai.

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Nesta missão, o trio terá que enfrentar dezenas de criaturas das mais variadas espécies enquanto escala uma aparentemente infindável torre repleta de inimigos, armadilhas e desafios. Mas, o que mais chama a atenção aqui é o fato de que, antes de ser um jogo de ação, The Deadly Tower of Monsters faz de conta que é um filme. E o diretor do filme faz toda a diferença aqui.

Versão do diretor

Sabe quando você compra um DVD/Blu-Ray e pode assistir ao filme todo com comentários do diretor? Pois é, The Deadly Tower of Monsters é exatamente isso, um filme B de ficção científica dos anos 50 que está sendo relançado em DVD, agora com comentários do diretor, o carismático e fanfarrão Dan Smith. Por conta disso, absolutamente tudo no game segue uma estética de filme antigo.

Tudo mesmo, até os loadings:

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Por mais louco que pareça, essa mistura funciona — em grande parte graças ao diretor, pois sua voz onipresente vai muito além de simplesmente comentar o que o jogador faz (como fazia o narrador de Bastion): conforme você avança, ele vai comentando sobre a produção do filme, curiosidades sobre os (d)efeitos especiais utilizados, fofocas dos bastidores, sua relação com os “atores”, e muito mais, tudo com um toque de humor… e nenhuma modéstia!

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Praticamente Shakespeare espacial… #sqn

É meio difícil explicar em texto como isso funciona, então capturamos os primeiros minutos de gameplay para você entender como a narrativa em tempo real do diretor funciona:

Fala sério, desde o ótimo Bastion que eu não via um jogo utilizar um recurso narrativo de forma tão criativa e interessante. E o mais bacana é que o diretor — fanfarrão que só — não limita seus comentários ao filme em si, mas também disserta sobre como “cinema é arte e videogames não”, esbanja auto-elogios à sua obra, e, claro, traz muitas referências e piadas envolvendo clichês clássicos de filmes, games e da cultura pop em geral… ou você não reparou na alfinetada que ele dá em Assassin’s Creed ao final do vídeo?

Distribuindo porradas e tiros

Deixando o lado “filme” de lado,  vamos falar do jogo em si. A ação rola em perspectiva isométrica, e o gameplay é o típico de um game de ação do gênero: há um botão de ataque físico outro de pulo e um de esquiva, um gatilho para os tiros e ainda um botão que ativa habilidades específicas, como um boost de corrida ou um force push.

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Ainda que tenha 3 protagonistas, você só pode jogar com um personagem de cada vez, podendo usar câmaras de troca para alternar entre Dick, Scarlet e o Robô. Ainda que o grosso de gameplay de todos seja igual, cada um possui habilidades exclusivas: só Dick pode deixar minas explosivas para liberar o caminho de rochas gigantes e só Scarlet pode conjurar um campo de força; enquanto apenas o Robô é capaz de energizar antenas e painéis para fazê-los funcionar.

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No decorrer da aventura, você pode coletar 10 diferentes tipos de armas de fogo (desde pistolas laser e lança granadas até uma bizarra arma em forma de sapo que dispara moscas corrosivas) e mais 8 variações de armas meele (cetros, facas, espadas, e, claro, sabres de luz). As armas são intercambiáveis entre os personagens, de modo que o maior diferencial entre eles acaba sendo mesmo as habilidades especiais.

Planeta dos macacos (e dos dinossauros, formigas gigantes, gosmas verdes…)

O game aproveita a temática “filme B” e vai fundo na variedade de inimigos: de macacos albinos até gosmas verdes, passando por dinossauros, homens-polvo, cérebros rastejantes e formigas gigantes, você vai descer a porrada em dezenas de criaturas diferentes enquanto escala a enorme e mortífera Torre. E o mais legal é que na maioria dos casos o diretor vai explicar de onde veio a ideia para a criação daquele tipo de monstro, e muitas das explicações são impagáveis.

Tipo isso:

A Torre, aliás, é a responsável por uma novidade interessante do game: o free fall. Sempre que julgar necessário você pode simplesmente se atirar da Torre e cair em queda livre. Isso é muito útil para alcançar lugares inacessíveis e encontrar segredos (só lembre de usar o jetpack para aterrissar em segurança) e em alguns momentos você será “puxado” por chefes e terá que dar cabo deles enquanto cai, o que é bem legal!

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Ainda que seu gameplay fique no limiar do button mash, The Deadly Tower of Monsters consegue fugir da repetitividade acrescentando momentos de plataforma, inimigos que vêm por baixo da Torre, esteiras rolantes, corridas contra o tempo, chefes gigantes, as já mencionadas queda em free fall e outros recursos que trazem frescor ao game.

Audiovisual

Mergulhando fundo na temática sci fi de décadas passadas, o game entrega aquele tipo de futuro típico de séries como Perdidos no Espaço, ou de filmes como Planeta Proibido. Como apontado acima, há muita variedade de inimigos, mas em todos há um (proposital) traço de tosqueira, para fazer jus à produção de baixo orçamento dirigida por Smith.

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Fora isso, o jogo apresenta um visual simpático e colorido, com personagens expressivos e boas animações. Na verdade nem todas as animações são boas: em mais uma boa sacada, vemos que  alguns inimigos foram propositalmente mal animados para indicar que aquilo foi feito usando stop motion!

A trilha sonora se mantém no mesmo tom, abusando de sintetizadores e sons distorcidos para dar um ar “espacial” às músicas. Mas a cereja do bolo aqui são mesmo as dublagens, com destaque óbvio para o diretor, que torna-se praticamente um personagem (não-jogável) tamanho seu carisma e sua participação no decorrer do game.

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Você não vai vê-lo muito no jogo, mas este é o diretor-narrador, Dan Smith.

Outra boa sacada é a “cara de VHS” que o jogo tem: a imagem tem ruídos e chuviscos, o áudio dá uma distorcida aqui e ali e as vezes do nada o jogo fica em preto e branco, ou um diálogo “épico” é apressado “sem querer”. Aí vai mais um exemplo do excelente casamento entre linguagem de cinema e gameplay que rola aqui.

Em termos de audiovisual, o único ponto negativo é a falta de legendas em português (o jogo está todo em inglês), o que pode dificultar a vida de muita gente.

Conclusão

The Deadly Tower of Monsters chegou meio que de mansinho, sem fazer muito alarde, mas já se transformou na primeira boa surpresa de 2016. O pessoal do ACE Team sempre pensou meio “fora da caixa” (Abyss Odyssey e Rock of Ages também são deles) e aqui eles chegaram à um ápice criativo incrível. Leve, divertido e extremamente bem humorado, o game entrega uma narrativa deliciosa e muito bem escrita, muita pancadaria espacial e um final que é simplesmente genial!

Análise Arkade: The Deadly Tower of Monsters homenageia os "filmes B" com bom humor e criatividade

Embora seja meio curto — é possível terminá-lo em menos de 5 horas — The Deadly Tower of Monsters oferece um mix muito bem temperado de videogame, cinema e humor, e cada um destes elementos é tratado com carinho e uma genialidade simples e descompromissada.

Talvez este jogo esteja passado batido pelo “radar” de muita gente — poucos sites gringos andam publicando reviews dele — mas se você está lendo isso, não deixe de experimentar The Deadly Tower of Monsters. Você não vai se arrepender!

The Deadly Tower of Monsters foi lançado no dia 19 de janeiro. O game está disponível para PC e PS4, e está com uma promoção bem bacana no Steam, aproveite!

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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