Análise Arkade: banque o psiquiatra em The Infectious Madness of Doctor Dekker
Eu tenho uma certa fascinação por jogos em FMV. Tenho noção da cafonice inerente ao gênero, mas passei muitas horas jogando Night Trap, Gabriel Knight e Phantasmagoria nos anos 90, e sempre me empolgo com games em FMV atuais — inclusive fiz reviews de vários aqui, como The Bunker, Morph Girl, Late Shift e até o controverso Super Seducer.
The Infectious Madness of Doctor Dekker é o mais novo game em FMV que está chegando aos consoles esta semana e, ainda que seja do mesmos caras que nos entregaram The Bunker e Late Shift, ele traz uma pegada bem diferente.
No game, assumimos o controle de um psiquiatra, que está assumindo os pacientes do falecido Dr. Dekker do título. Dekker foi assassinado em circunstâncias misteriosas, e é provável que alguns de seus pacientes tenham alguma pista do que aconteceu… ou sejam o assassino!
Assim nosso trabalho resume-se literalmente a fazer perguntas para essas pessoas, tentando ajudá-las com suas fobias e distúrbios ao mesmo tempo em que investigamos o assassinato do Dr. Dekker.
Perguntas e Respostas
O game tem uma vibe noir interessante, bebendo na fonte de H. P. Lovecraft para construir sua vibe de mistério e conspiração, ainda que seja preciso entrar no clima do jogo para ele funcionar.
Porém, não espere por perseguições mirabolantes nem aparições do Cthulhu: o game se passa todo em um mesmo ambiente, de modo que só o que vemos é o sofá do consultório, onde os pacientes se sentam para conversar conosco.
Cada paciente tem sua história e seus dilemas, podendo (ou não) revelar informações que irão ajudar você a desvendar o mistério. Algumas das histórias parecem nonsense, mas vão ficando mais interessantes conforme os dias passam e os diálogos se aprofundam.
Ainda que sejamos psiquiatras, assumimos também a função de detetive, praticamente interrogando os pacientes para saber se eles tem um alibi para a noite do assassinato, entre outras coisas.
Seu inglês está em dia?
O que a narrativa tem de interessante, falta no gameplay. Esse é um jogo 100% pautado pelos diálogos, de modo que nossa interação resume-se basicamente a escolher perguntas e respostas para fazer a cada paciente.
Um detalhe bacana é que tudo é bastante não-linear: você pode ir alternando entre os pacientes, fazendo diferentes perguntas que podem (ou não) se conectar com o que os demais dizem. A história pode acabar de diversas formas, com diferentes possibilidades de “culpado” a cada jogada.
Se por um lado isso aumenta o fator replay do game, por outro é válido ressaltar que ele não tem legendas em nosso idioma. Ou seja, você precisa ter um ótimo nível de inglês para aproveitar o game, visto que tudo gira em torno dos diálogos e interações entre médico e paciente.
The Infectious Madness of Doctor Dekker já estava disponível para PCs desde ano passado, e o teclado obviamente facilita a interação com os pacientes. Porém, jogando nos consoles, contamos com um sistema de múltiplas perguntas/respostas pré-prontas e você também pode inserir novas perguntas “na mão”. Digitar não é necessariamente algo prático de se fazer em um console, mas é possível utilizar os apps do Playstation 4 ou do XOne para digitar, bem como a tela touch do Nintendo Switch.
E as atuações, são boas?
Considerando que este é um jogo todo filmado, não tem o que analisar tecnicamente em termos de audiovisual, né? Fica uma sensação de que o game é meio baixo orçamento, uma vez que praticamente toda a narrativa se desenrola em um único cenário, e a fotografia é meio escura.
Há um bom número de pacientes, e a qualidade das interpretações no geral é boa. Da bela garota ruiva que tem apagões e sempre acorda pelada na praia (essa aí de cima) ao maluco que acha que está preso no mesmo dia, passando pela esquisitona que esfaqueou o marido, o elenco é bem variado e os papos vão por caminhos bem intrigantes.
Conclusão
É difícil avaliar um game com tão pouco gameplay, visto que a interação do jogador com The Infectious Madness of Doctor Dekker é quase nula. Esse é literalmente um jogo que a gente mais assiste do que joga — com o agravante que está todo em inglês.
Se isso não te assusta, e você curte games em FMV e histórias de investigação, é provável que você curta The Infectious Madness of Doctor Dekker. Ele definitivamente não é um jogo para todos, mas é capaz de agradar o seleto nicho de órfãos do gênero.
The Infectious Madness of Doctor Dekker está sendo lançado hoje para Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Antes disso, ele já estava disponível para PC via Steam.