Análise Arkade: The Low Road aponta e clica mal, mas capricha no som!
Nos anos 60 e 70, a espionagem viveu sua era mais romântica. Existam registros de espionagem desde os tempos mais antigos, como a rede de vigilância do Império Romano, ou ainda no episódio do livro bíblico de Josué, no qual espiões visitaram a cidade de Jericó, para obter informações sobre ela.
Mas, foi durante a Guerra Fria, graças aos métodos que EUA e URSS “guerreavam” entre si, ou seja, através de informações, e somados a filmes como os de James Bond, é que espionar se tornou, de vez, uma expressão artística, sempre presentes em livros, filmes e, mais tarde, em videogames.
É neste contexto, durante os anos 70, é que The Low Road se apresenta. O point and click da XGen Studios nos leva ao ano de 1976, e na pele de Noomi Kovacs, uma brilhante estudante da escola de espiões, mas que descobre em seu primeiro dia de trabalho, que a L.I.E.S., a agência que a contratou, não quer dela uma atuação digna de cinema, e sim, atrás de uma mesa, vivendo em burocracias.
Buscando ser a agente que faz as missões na rua, e lidar com os seus novos colegas de trabalho, The Low Road traz uma temática bem explorada nos últimos anos, porém com um contexto novo.
Boa história, mas má execução
A história é até interessante, e tem a ajuda de personagens carismáticos, e cenários cartunescos, bem feitos. As conversas são, várias vezes, divertidas, e personagens que só falam rimando, ou que contam com peculiaridades exclusivas, fazem a diferença no game.
O problema é a execução. Se The Low Road fosse um filme animado, seria um produto melhor do que o jogo que ele é. A questão é que, os controles não são muito bons, e olha que estamos falando de um game sem ação nenhuma. Algumas vezes, por exemplo, sofri para clicar para o lado e fazer o personagem andar. É sério.
Além disso, os puzzles são sem imaginação, e as áreas a se explorar são muito pequenas. Full Throttle, de 1995, consegue oferecer áreas maiores e mais completas de exploração. Há uma impressão de produto inacabado por aqui, incluindo a história, que, apesar de interessante, é mal contada, começando e terminando de qualquer jeito.
O som é que salva
Mas, para quem gosta de bons elementos sonoros, The Low Road traz boas notícias para este aspecto. A dublagem, caprichada, ajuda na já mencionada boa personalidade dos personagens. E as músicas, que foram feitas para dar a impressão de anos 70, estão impecáveis.
Aconteceu comigo, e talvez aconteça com você, se for um gamer auditivo. Abandonei o gameplay por várias vezes, apenas para curtir o som. Sério, as músicas são bem legais e praticamente salvam o jogo. 1976 foi um ano de sucessos como Blinded by the Light, de Bruce Springsteen. Mas que ganhou uma versão psicodélica através dos Manfred Mann.
E também era a época na qual o Queen já se formava como uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Paul McCartney vivia seus dias psicodélicos junto ao Wings. E David Bowie levava seu show de excentricidades por todo o mundo. A trilha do game leva, de certa forma, muito destes elementos para o game. Fazendo, assim, do trabalho sonoro, a melhor parte de The Low Road.
Pra você conferir também, dê o play na trilha sonora do game abaixo e veja o excelente trabalho de Eric Cheng:
Vale a pena?
Jogos de apontar e clicar podem ser avaliados de maneira diferente aos demais. Mesmo com todos os problemas mencionados, o game é curto. Então é possível, em nome de conferir uma nova história, conhecer os divertidos personagens. Ou curtir uma boa trilha sonora, encará-lo, sem maiores decepções.
Apenas entenda que não está jogando nenhum game da Lucas Arts. E que o jogo sofreu muito por querer ser completo demais, mas que no final, não apresenta nada de novo. E ainda simplifica, pra pior, elementos comum destes games.
Dito isto, faça, se houver interesse, uma visita aos anos 70 de The Low Road. Mas faça isso com um headset, pois com certeza, a trilha sonora será a melhor parte desta viagem.