Análise Arkade: Você vai precisar de fôlego para encarar o Tour de France 2017
A Volta da França é um dos eventos mais importantes do mundo, mesmo com nós brasileiros não dando muita atenção para o ciclismo. O torneio, que já é centenário (sua primeira edição foi em 1903), consiste em uma corrida pelas estradas francesas e de países vizinhos, com provas contra o relógio, e o tradicional final na Champs-Élysées, em Paris. Por quase um mês, as etapas vão ocorrendo, com os melhores ciclistas lutando pela jaqueta amarela, tradicional símbolo oferecido ao líder de cada etapa.
Com isso, não seria anormal que a competição nào tivesse um game para representá-la. E o que temos não é apenas um game, mas sim uma série anual, que, assim como FIFA, PES ou Madden, se atualiza ano a ano, levando aos jogadores a sensação de pedalar por toda a França no mês de julho. É claro que um esporte desta natureza, que apesar da simplicidade de pedalar, conta com mais recursos, como gerenciamento da energia do ciclista, por exemplo, que o faz mais complexo do que um jogo de corrida, mas mesmo assim, se esforça para ser acessível e desafiador.
Feito para quem gosta do esporte, pedalando ou não, o jogo te permite montar uma equipe e te oferece uma completa lista de estratégia para fazer o seu melhor nas extensas corridas. Para isso, você tem o Tour, o Pro Team, o Challenge e o Training (além de um Co-op) como modos para se aperfeiçoar no jogo, seja no gameplay, ou mesmo para conferir melhor as regras, se você — assim como eu — caiu de para-quedas em meio ao esporte. O jogo busca levar tanto realismo, que as provas são de fato bem demoradas, funcionando como uma espécie de prova de resistência para quem está no controle, já que você precisa seguir á risca a sua estratégia, para não dar fora e nem ficar sem fôlego na hora que mais precisar. Nenhuma subida e descida ficou de fora e isso influencia demais no gameplay.
Pena que a jogabilidade não faz jus a este realismo. Os ciclistas parecem que contam com um padrão de equilíbrio sobre-humano, pois eles não caem, mesmo se você for com tudo em uma grade de proteção, lembrando que até jogos bem antigos, como Road Rash, derrubavam sem dó seus motociclistas, “ajudando” até a atrapalhar o tempo de quem tomou o tombo. Além disso, não há uma sensação de velocidade condizente ao que é pedalado, sendo tudo muito igual, diferenciado apenas pelo velocímetro na tela que indica como funciona.
Também senti falta de um gameplay “lite”, com o mínimo de informações possíveis para ajudar quem está começando. A curva de aprendizado de um esporte como este é mais alta do que parece, então muitas vezes você está lá pedalando, mas não tem ideia do que fazer. Mas, para não dizer que tudo é ruim, o sistema de “carona”, que consiste em segurar um botão para ir de carona com alguém do pelotão, e o sistema de saúde do atleta, são caprichados e um ponto bom a se destacar. O fato de controlar a energia é muito interessante, pois você não está pilotando um carro com “combustível infinito”, e sim um ser humano, que vai se cansar se você exigir mais do que ele aguenta, obrigando o jogador a não sair pedalando feito louco, e a segurar o passo por um tempo, para guardar energia para os kilômetros finais.
Na parte visual, o Tour de France 2017 fica em um paralelo entre o céu e inferno facilmente. Podemos elogiar aqui os ciclistas, bem definidos e que fazem movimentos bem realistas, mas não podemos dizer o mesmo das paisagens e cenários que, embora reproduzam a França, com suas estradas floridas e avenidas características, nos fazem lembrar muito os tempos de PS2, com pessoas que aparecem em alguns locais para te apoiar que parecem robôs, além de pouca variedade em reproduzir um país tão rico em detalhes como a França.
No fim, temos um jogo bem peculiar, que vai agradar a quem gosta de um jogo diferente, sem mencionar os fãs do esporte. Sua estratégia durante as provas é bem legal, mas vai exigir um pouco de paciência do jogador, especialmente o de primeira viagem, para pegar o jeito. A customização também agradará quem gosta de personalizar tudo, e a administração da saúde do atleta também é bem implementada. Mas os gráficos feiosos, a falta de mais realismo no que diz respeito a pilotar o personagem, e até a falta do idioma português (mesmo que fosse o de Portugal, já que estamos falando de um esporte tipicamente europeu), fará com que muitos torçam o nariz para ele.
Tour de France 2017 já está disponível, para PC, Playstation 4 e Xbox One.