Análise Arkade – Trine 5: A Clockwork Conspiracy é “mais Trine”, e isso é ótimo!
A série Trine existe desde os tempos do Playstation 3 e, salvo um terceiro jogo mais experimental, sempre foi consistente em manter um alto nível de qualidade — especialmente para quem curte jogos de plataforma e puzzle cooperativos. Recentemente, a THQ Nordic lançou Trine 5: A Clockwork Conspiracy, e hoje você vai conferir o que achamos dele!
A rebelião das máquinas
O título do jogo, Trine 5: A Clockwork Conspiracy, meio que já entrega um pouco de sua trama. Os heróis de Trine — A ladra Zoya, o mago Amadeus e o cavaleiro Pontius — estavam cuidando de suas próprias vidas quando são chamados para uma “homenagem”, orquestrada por uma rainha chamada Lady Sunshine… que, já de início, fica claro que não é flor que se cheire.
Obviamente, era tudo um golpe. Depois que o trio de protagonistas está reunido, a monarca coloca as garras de fora, difamando os feitos heróicos anteriores do grupo e deixando a população do reino contra eles. Para piorar, os filhos de Amadeus foram sequestrados, e a proteção do povo fica à mercê de autômatos.
Se quiserem recuperar sua reputação, desmascarar a rainha e acabar com o domínio dos robôs, os heróis de Trine terão que unir forças novamente e fazer o que fazem de melhor.
Isso inclui, claro, trabalhar em equipe, ajudar bichinhos inocentes, encarar desafios de plataforma e, principalmente, botar a cachola para funcionar e solucionar puzzles!
Trine 5 é mais Trine… e isso é ótimo!
Quem gosta da série Trine vai se sentir em casa em Trine 5. O jogo segue à risca a fórmula consagrada da franquia, misturando environmental puzzles bem sacados com trechos de plataforma e exploração. Tudo isso com uma apresentação de cair o queixo e mecânicas que fazem um excelente uso das habilidades individuais de cada herói.
O cerne do gameplay segue inalterado. Cada personagem tem suas próprias habilidades, que se mostram úteis em situações variadas. Trine 5 (como todos os jogos da série), fica mais legal se jogado em trio, mas quem jogar sozinho pode alternar entre os três personagens sempre que necessário.
Isso porque a sinergia entre as habilidades é a chave para o sucesso. Zoya vai usar sua corda para chegar até um lugar específico, liberando um mecanismo que Amadeus pode acionar com os objetos que conjura, o que abre uma claraboia que libera um raio de luz ou um fluxo de água para Pontius refletir com seu escudo até o objetivo.
Esse é um exemplo genérico, mas que representa bem o loop de gameplay da série Trine. Cada personagem tem equipamentos e habilidades próprios, e o level design (ou seria puzzle design?) faz um ótimo trabalho em fomentar a cooperação e o trabalho em equipe.
Nenhum puzzle é cabeçudo demais, mas acontece muito de o(s) jogador(es) ter(em) que parar pra pensar e testar algumas coisas até achar uma solução. Isso rende bons “momentos Eureka” e injetam aquela dose de endorfina que faz a gente se sentir esperto. Aliás, nem sempre há só uma solução — a experimentação e o improviso podem render novas formas de superar diversos desafios.
As novidades de Trine 5
Embora seja imediatamente familiar, Trine 5 arruma espaço para acrescentar algumas novidades. Em determinados momentos da aventura, um dos personagens vai se separar o grupo para desbravar um lugar. “feito” só para ele. Nestes momentos, vamos descobrir uma nova habilidade, que passará a ser útil a partir dali.
Pontius, por exemplo, torna-se capaz de arremessar sua espada, que pode ficar cravada em paredes e superfícies planas, tornando-se uma plataforma/trampolim (ou um ponto para Zoya prender sua corda). Amadeus, que sempre foi bom em criar cubos e pranchas, adquire a habilidade de conjurar esferas — e elas rapidamente tornam-se fundamentais na exploração e resolução de puzzles.
As novas habilidades, embora não revolucionem o gameplay, expandem consideravelmente o leque de possibilidades, deixando tudo ainda mais divertido. Como já dito, Trine 5 é mais Trine, e isso nem de longe é uma reclamação.
Outra adição ao novo jogo é um sistema simples de customização. Os personagens agora podem ser equipados com diferentes chapéus, bem como novas cores para suas vestimentas. Como agora existe um modo de jogo “free for all” onde até 4 jogadores podem jogar juntos com o mesmo personagem, isso acaba servindo mais para saber quem é quem na tela do que para qualquer outra coisa.
Ah, e antes que eu me esqueça, mais uma novidade legal é que agora temos boss battles muito mais elaboradas. Os chefes chegam em maior variedade, têm escudos, pontos fracos, passam por diferentes fases ao longo das batalhas.
Esta ênfase em combates mais elaborados e estratégicos é mais uma ótima adição à série, que tem neste quinto jogo o ápice em termos de combate e ação.
Trine 5: um deleite audiovisual
Aqui nem tem o que dizer: Trine sempre foi uma franquia de visual impressionante, e Trine 5 — primeiro jogo da série lançado também para a nova geração — continua enchendo os olhos da gente com paisagens fantásticas e coloridas.
Embora nenhum jogo da série explore “a lore” do mundo de Trine, ele tem tudo para ser um dos mundos de fantasia mais ricos e belos dos videogames. Animais gigantes, campos floridos, castelos imponentes, bosques mágicos, fortalezas submersas… há muita variedade de ambientes, e até os esgotos de Trine 5 são incrivelmente lindos!
O áudio também mantém um patamar de qualidade que acompanha a série desde os primórdios. As músicas carregam a vibe “mundo mágico de fantasia”, ditando o clima das fases sem nunca distrair o jogador.
Os personagens estão mais falantes do que nunca, o narrador segue concedendo charme à trama e há muitas cutscenes bacanas desenvolvendo a história. As legendas e menus em português não são novidade, mas seguem sendo muito bem-vindas para o público brasileiro.
Conclusão
Com exceção do terceiro jogo, que derrapou ao inserir alguns trechos em 3D, Trine sempre foi muito consistente, e Trine 5 segue trilhando um caminho já bem consolidado. Não ousa nem revoluciona, mas traz algumas novidades que, se não mudam drasticamente as coisas, conseguem agregar frescor à uma experiência bastante familiar.
Se tivesse que reclamar de algo, seria da duração. Sinto que Trine 5 tem “uma barriga” que o deixa um pouco mais longo do que precisava ser. Esse é o tipo de jogo que sempre durou 8 a 12 horas, e estava ótimo assim. Trine 5 durou quase 20 horas para mim, e ali pelo Ato 4 da campanha eu já estava meio cansado. Mas, já fui xingado por achar que um jogo bom deveria durar “menos”, então prefiro nem reclamar disso.
Jogar Trine 5 é como revisitar velhos amigos. A gente já sabe como eles se comportam e como tudo ali funciona, mas isso não torna a visita menos agradável. Especialmente porque, a cada novo jogo, a Frozenbyte eleva o patamar artístico e técnico da saga. Trine 5 segue sendo Trine, e isso é ótimo!
Trine 5: A Clockwork Conspiracy está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.