Análise Arkade: Under Night In-Birth Exe:Late[st] é luta 2D com gameplay acelerado e boas ideias

Neste início de 2018, só se falou em Arc System Works, por conta de Dragon Ball FighterZ e de seus 3 jogos confirmados para o EVO. O barulho é merecido, mas, um outro jogo da empresa foi (re)lançado recentemente, e ele também é ótimo. Estamos falando de Under Night In-Birth Exe:Late[st], confira nossa análise!

Contextualizando

Under Night In-Birth foi originalmente lançado em 2012 para os arcades japoneses. Em 2013, foi anunciada uma “versão expandida” do game, Under Night In-Birth Exe:Late, que chegou em 2015. Agora, 3 anos depois, a Aksys e a PQube trazem ao ocidente a última “revisão” do game, Under Night In-Birth Exe:Late[st], desta vez com versões para PS3, PS4 e PS Vita.

É mais ou menos o mesmo caminho que foi seguido por Chaos Code, outro ótimo game de luta da Arc System Works que nasceu nos arcades japoneses, passou meio batido pelo Playstation 3 e teve uma sobrevida quando foi lançado no Playstation 4, no início do ano passado.

Mas é luta ou Visual Novel?

Pois é, ess mistura parece não fazer muito sentido, mas é exatamente isso o que encontramos em Under Night In-Birth Exe:Late[st]. Seu modo história (aqui chamado Chronicles) é enorme — dura cerca de 10 horas — porém, ao contrário de Mortal Kombat, Tekken 7 e outros jogos modernos, aqui a gente simplesmente não joga em momento nenhum, simplesmente assiste diálogos e pseudo-cutscenes que desenvolvem a trama.

A história envolve uma versão distópica do Japão que está sendo visitada por monstros conhecidos como Voids. Nem todos os humanos podem interagir com os Voids, mas os que conseguem (e saem vivos do processos) tornam-se in-Births, seres nem vivos nem mortos que são capazes de manipular a própria existência.

Confesso que não tive paciência de ver todos os capítulos da história simplesmente porque a maneira como ela é contada é muito sem graça. Não há nada empolgante ou cinematográfico, são apenas cenas parcialmente estáticas com personagens conversando em japonês (legendas, só em inglês).

Os fãs do universo do game sem dúvida vão curtir este modo Chronicles, mas é fato que quem não se importa tanto assim com a história e seus personagens vai acabar ficando entediado e indo para os modos de jogo onde o pau quebra.

Pancadaria 2D de qualidade

Se você estiver mais interessado na pancadaria do que na história, vai encontrar um gameplay ágil e responsivo, baseado em 3 botões de ataque + um botão exclusivo para encadear combos e realizar golpes especiais. As mecânicas são bem familiares para quem está acostumado com BlazBlue e outros jogos do tipo, o que o torna relativamente acessível para os novatos.

Como outros jogos de luta atuais, Under Night In-Birth Exe:Late[st] traz aquele esquema de easy combos que permite que qualquer um “jogue bonito” e realize combos plasticamente legais simplesmente martelando um mesmo botão várias vezes. Porém, as mecânicas vão muito além disso, permitindo que jogadores mais técnicos divirtam-se praticando e criando seus próprios combos. Os golpes são fluidos e altamente interconectáveis, o que possibilita muita experimentação.

Confira um pouco de gameplay abaixo com o protagonista Hyde:

Além de uma barra de especial “comum” chamada EX, Under Night In-Birth Exe:Late[st] traz ainda um plus, o Grid Gauge. Funciona como um cabo de guerra: há um “tabuleiro” na parte inferior da tela que vai sendo preenchido conforme a luta se desenrola. Ser agressivo e eficiente agiliza o processo, e quando você completa seu lado do Grid, pode entrar em um modo berserk que aumenta seu poder de ataque e otimiza a utilização dos Chain Shifts, o que potencializa ainda mais seus combos.

Ainda que possa ser encarado como um jogo de luta 2D “tradicional”, esses detalhes são diferenciais bem consistentes neste game, e acostumar-se com elas é fundamental para que você aproveite todo o potencial das batalhas. Venha pelos combos e pelo gameplay, fique pela profundidade dos combates e de suas mecânicas diferenciadas.

Audiovisual e novos conteúdos

Under Night In-Birth Exe:Late[st] vai na contramão dos jogos recentes — até por não ser realmente recente –, apostando nos bons e velhos sprites 2D. O visual é muito bonito, com um character design caprichado — e, vale ressaltar, esta nova versão do game traz 4 novos lutadores selecionáveis.

Mika é uma das novatas no elenco.

Os golpes especiais são exagerados e criativos, com versões animadas enormes de alguns personagens dominando a tela, para mostrar seus poderes em toda sua magnitude. São animações bem legais, capazes de tornar o desfecho das batalhas épico e impactante.

Tipo assim, ó:

A trilha sonora cumpre seu papel, e foi turbinada com uma dezena de novas faixas, devidamente acompanhadas de novas arenas e novas cores de trajes para todos os personagens. Um layout geral mais bonito e organizado, Missões, lobby online e outros conteúdos agregam valor ao pacote, fazendo desta a versão definitiva do game.

Conclusão

Sou um grande fã de jogos de luta puramente 2D com gameplay acelerado, e Under Night In-Birth Exe:Late[st] entrega exatamente isso. Não consegui me importar com a história nem com os personagens, mas no que tange a pancadaria em si, o game entrega qualidade e diversão. Ainda falta gente pras partidas online, mas espero que a comunidade cresça nas próximas semanas.

Se você curte um bom e velho fighting game 2D com a beleza e a simplicidade do tempo dos fliperamas, e não liga de revisitar (ou mais  provavelmente conhecer) um jogo que já tem aí alguns anos de estrada, vai fundo. Under Night In-Birth Exe:Late[st] não deve nada para jogos atuais, e oferece ótimas mecânicas.

Under Night In-Birth Exe:Late[st] foi lançado em 9 de fevereiro para Playstation 4, Playstation 3 e PS Vita. A versão anterior do game — Under Night In-Birth Exe:Late — também pode ser encontrada no Steam.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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