Análise Arkade: Reviva os primórdios do Survival Horror em Vaccine
Lembra de quando Resident Evil ainda era novidade, lá no PS1, que foi muito marcante naquela época com seu visual, jogabilidade com suas limitações, mas ainda assim acessível e uma enorme mansão cheia de perigos? Pois uma verdadeira viagem no tempo trouxe tudo isso de volta com um novo nome e um desafio ainda maior!
E esse retorno ao passado está na forma de Vaccine, um game totalmente inspirado nos primórdios do Survival Horror lá da década de 90, trazendo uma experiência completamente old-school e nostálgica para os dias de hoje. Então prepare-se para morrer muito, e venha com a gente conferir a análise completa do game!
Salve seu amigo de um vírus mutante em apenas 30 minutos
Vaccine é um game com uma premissa completamente misteriosa e obscura. Você está no controle de um membro de uma unidade contra-bio terrorismo, a agente Rita O’ Connor, ou o agente Manuel G.P., e está preso em uma estranha mansão com outro membro de sua unidade. Esse outro membro foi infectado por um misterioso vírus e está incapacitado, deitado numa cama em um dos quartos da mansão tremendo convulsivamente.
Sua missão é encontrar uma vacina para esse misterioso vírus, que está em algum lugar desta mansão. Mas há dois problemas, o primeiro é que a mansão nunca é a mesma, cada vez que você jogar, todas as suas salas, itens e inimigos serão aleatoriamente reposicionados. E o segundo, é que você tem apenas 30 minutos para encontrar a vacina e voltar para seu amigo. E com isso, entra o segundo objetivo do game: Descubra o que está acontecendo com essa mansão, pois se você não conseguir fazer isso, a mansão continuará a se transformar aleatoriamente, e mesmo que você encontre a vacina e aplique em seu amigo, o vírus se transformará, e uma nova vacina será necessária.
Com isso, cada vez que você jogar, tudo estará diferente. A única coisa que não muda é a sala inicial. Nessa sala, há uma faca no chão próximo a cama, sendo essa sua arma inicial. Encontrar outras armas ao longo do game dependerá puramente de sua sorte, e você precisará de muita sorte para seguir adiante nesse game. Como tudo é posicionado aleatoriamente, você várias vezes se deparará com situações impossíveis. Não encontrará uma única arma em seu caminho, e deverá tentar sair vivo de salas infestadas de zumbis ou coisas piores, muitas vezes uma tarefa impossível. Você morrerá muito, muito nesse game, mas as vezes terá sorte, e encontrará armas e munição com frequência, mas ainda assim, nada garante que você chegará ao final.
Conforme você avança, você encontrará diversos documentos espalhados pelas diversas salas e corredores do game, que aos poucos vão explicando o que está acontecendo naquele lugar, qual é a origem desse misterioso vírus e o que afinal está acontecendo nessa estranha mansão que se transforma aleatoriamente. Porém, você não estará sozinho, muitas criaturas diferentes estão presentes na mansão prontas para te atacar. Como zumbis, morcegos e outras criaturas piores. Como um pequeno tipo de lagarto humanoide que anda em quatro patas. Esse monstro é extremamente rápido e forte. Mas ainda existem coisas muito piores!
Resident Evil 1 reincarnado
Vaccine é amplamente inspirado nos Survival Horros da década de 90, e é mais do que óbvio que a inspiração principal é o primeiro Resident Evil. O game é praticamente idêntico a sua inspiração. A mansão possui muitos quartos, salas e corredores, câmeras fixas e a mesma jogabilidade do clássico.
Vaccine possui jogabilidade de tanque, que se você não viveu a era pré-Resident Evil 4, talvez deva conhecer. Nesse estilo de jogabilidade, o seu personagem funciona como um tanque de guerra, sua movimentação principal é andar para frente e para trás, se quiser andar para os lados, você deve girar seu personagem e prosseguir para a nova direção. É uma jogabilidade bem limitada, mas fácil de se acostumar se você der uma chance, e não há nostalgia maior para um Survival Horror do que esse tipo de jogabilidade.
O game conta com um inventário, onde utilizamos itens e equipamos armas em nossos personagens. Para atacar, é o mesmo esquema de Resident Evil 1: pare, segure o botão da arma para entrar em postura de ataque, e então aperte o botão de ação para atacar, atirar e etc. Contando ainda com as três “miras padrões”: centro, cima e baixo. Interaja com vários objetos a seu redor, lendo documentos, abrindo portas, coletando itens e resolvendo pequenos puzzles.
Há duas novidades a essa jogabilidade, em Vaccine é possível correr com mais rapidez por um curto espaço de tempo, gastando stamina, que se recupera automaticamente. E você pode evoluir seu personagem como num RPG. Ao matar inimigos e progredir no game, você ganha pontos de XP, que são usados para melhorar os atributos de seu personagem, melhorando seu ataque, resistência a ataques, stamina, e etc.
Audiovisual
E o principal ponto da reincarnação de Resident Evil é o visual do game, 100% Playstation 1! O game possui gráficos exatamente como os daquela época, personagens poligonais em baixa resolução, cenários tanto modelados em 3D, quanto em 2D, com aquele visual meio “desenhado”. E as câmeras fixas do game resgatam aquela tensão matadora de não saber o que está na sua frente. Muitas vezes você abrirá uma porta e ao atravessá-la se verá cercado de vários inimigos, o mesmo ao virar corredores.
Esse visual trás tanto a nostalgia como algumas dificuldades ao game. Os itens do game normalmente estão localizados em mesas ou jogados no chão, e muitas vezes eles estão bem pouco visíveis, demandando que o jogador preste bastante atenção para encontrá-los. Felizmente, sempre que passarmos perto de algum item, ele irá brilhar, e o personagem que estivermos controlando irá virar sua cabeça em direção ao item. Assim, mesmo se passarmos batido por algo, o próprio game nos avisa que há algo para ser coletado ou lido ali perto.
E o game ainda conta com um filtro antiquado que pode ser ativado em suas configurações, imitando o visual de uma TV de tubo antiga! Com esse filtro, a imagem do game fica levemente convexa, imitando a tela de uma TV antiga, além de possuir cores mais desbotadas e linhas horizontais.
E o departamento sonoro mantém todo o clima de terror dos games daquela época. Não sei para você, mas para mim há algo de especial nos sons dos Survival Horrors antigos, algo que adiciona uma carga de tensão difícil de sentir hoje em dia. São aquelas músicas pesadas, que normalmente tocam bem baixinho, e vão crescendo de tom, até se tornarem totalmente opressoras e terríveis, até que subitamente param e tudo fica em silêncio.
Além dos sons ambientes, os passos dos zumbis e monstros, os sons dos passos do próprio protagonista enquanto corre no chão duro, com um efeito ainda mais forte ao se andar em chão de madeira. O som de vento, crepitares de árvores distantes e criaturas que não podemos ver, tudo contribui para criar um clima de bastante tensão para o game, mantendo sempre sua atmosfera acima de tudo nostálgica.
Conclusão
Vaccine é um game não evoca, mas mergulha na nostalgia da forma mais direta possível, com os gráficos antiquados, sons dignos de um game antigo e uma jogabilidade familiar para quem conheceu Resident Evil em seu início. Muitos indies são lançados atualmente relembrando o passado, com gráficos pixelados, ou algumas referências, mas poucos vão direto ao ponto dessa maneira, o que torna este game ainda mais interessante.
Esse é um game que, se você gostava dos Resident Evils antigos, com toda a certeza irá gostar. E com sua característica de partidas aleatórias, o game nunca será o mesmo, e o nível de desafio é altíssimo. Não bastasse a mansão mudar toda hora, ainda há a restrição de apenas 30 minutos para encontrar a vacina e voltar ao início, o desafio é imenso, mas bem divertido e interessante!
Vaccine, produzido pela Rainy Nights Creations foi lançado no dia 21 de fevereiro, com versões para PC, PS4 e Xbox One.