Análise Arkade: Vasara Collection é mais do que apenas uma coletânea de clássicos japoneses

13 de agosto de 2019
Análise Arkade: Vasara Collection é mais do que apenas uma coletânea de clássicos japoneses

E quando um estúdio brasileiro resolve relançar um clássico dos arcades japoneses que nunca havia deixado a terra do sol nascente? Isso é Vasara Collection, mais novo jogo dos nossos camaradas da QUByte Interactive, que está sendo lançado hoje para diversas plataformas!

O que é Vasara?

Vasara é um shoot ‘em up 2D (gênero mais conhecido aqui no Brasil como “jogo de navinha”) produzido pela japonesa Visco Corporation. O jogo é daqueles que são tão difíceis que fazem por merecer o apelido de “bullet hell”.

O primeiro game foi originalmente lançado no ano 2000 (e, pasme, isso foi há quase 20 anos!), e dado seu sucesso, uma sequência veio já no ano seguinte. Quer dizer “veio” para as casas de fliperama japonesas, né, pois esta é a primeira vez que a série migra para novas plataformas — e ver isso sendo feito pelas mãos de um estúdio brasileiro sem dúvida deixa a gente com orgulho, né não?

Análise Arkade: Vasara Collection é mais do que apenas uma coletânea de clássicos japoneses

Vasara Collection traz os dois jogos originais dos arcades, e ainda complementa o pacote com um inédito Timeless Mode que é uma meio que uma versão remixada dos dois jogos existentes série, transportando heróis e vilões para um visual tridimensional e funcionando como um jogo totalmente novo, como se este fosse o Vasara da QUByte.

Na prática, os games parecem uma mistura da temática Japão feudal com muitas naves, mechs e robôs gigantes: após a morte do imperador Toyotomi Hideyoshi, o vilanesco Tokugawa leyasu decide subir ao poder comandando um vasto exército de naves, robôs e guerreiros. Nosso papel é justamente impedir que isso aconteça, e faremos isso montados em hover bikes armadas com lasers, metralhadoras e mísseis, além de contarmos com nossa sempre confiável katana para ataques especiais.

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Boa parte dos generais inimigos pilota robôs gigantes

A presença de espadas e armas melee é um dos principais diferenciais de Vasara: na maioria dos jogos do gênero, o botão de especial explode uma bomba que limpa a tela, uma onde de choque, algo assim. Em Vasara, porém, este tipo de ataque geralmente envolve seu personagem sacando uma espada (ou lança) e realizando uma série de ataques devastadores.

Jogando os clássicos

Vasara 1 e 2 funcionam de forma essencialmente igual ao formato dos arcades. Ele é um jogo vertical, ou seja, a ação rola apenas no meio da tela, os cantos são ocupados por bordas temáticas (algo comum em remakes que não querem “esticar” o visual do jogo para o formato widescreen.

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Na verdade, quem jogar no Switch em modo portátil pode “virar a tela” e curtir o jogo ocupando toda a teliha, sem molduras. É possível fazer essa “virada” na TV também, mas os controles não mudam junto para acompanhar o novo formato, então fica bem difícil controlar a nave — ou você poe deixar sua TV na vertical, mas eu não recomendo que você tente fazer isso.

Em ambos os jogos, você pode alterar a dificuldade, bem como o número de vidas e continues. O problema é que, mesmo colocando continues infinitos — o que tornaria possível ir até o final, algo que deve ser impraticável nos arcades — o jogo tem um esquema pentelho de limitar o seu progresso.

Funciona assim: até a fase 5, mesmo que você perca todas as vidas, pode simplesmente “inserir outra ficha” e continuar do mesmo ponto. Da fase 6 em diante, porém, usar um continue te coloca novamente no início da fase, o que te obriga a ir do começo ao fim da fase com uma única ficha (aka 5 vidas).

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Molezinha… #sqn

Isso definitivamente não é fácil, pois estamos falando de um legítimo bullet hell, com incontáveis tiros se cruzando pela tela, dezenas de inimigos pipocando de todos os cantos e um bom número de generais e sub-chefes surgindo ao longo das fases em suas naves e mechas de combate.

Considerando o respeito com que o material original foi tratado, acredito que esta “limitação” seja oriunda da versão original do game. No geral, Vasara 1 e 2 representam a experiência de gameplay como ela era lá no início dos anos 2000 — para o bem e para o mal.

O Timeless Mode

Aqui é onde a QUByte Interactive realmente usou seu talento e criatividade para criar algo novo, mas que se mantém coerente com o universo e da mitologia da franquia. O Timeless Mode é um modo de jogo inédito, feito com belos gráficos 3D e aproveitando toda a amplitude de uma tela widescreen.

O Timeless Mode não tenta ser um novo capítulo da série, mas condensa elementos dos 2 jogos originais em uma nova jornada, na qual os desafios meio que vão sendo apresentados aleatoriamente. Ainda é um bullet hell dividido em fases, mas em uma versão “soft”, com um ritmo menos intenso. Também tem menos cara de campanha e mais de desafio rogue-lite do tipo “sobreviva o máximo que puder, e chegue o mais longe que conseguir”.

Análise Arkade: Vasara Collection é mais do que apenas uma coletânea de clássicos japoneses
Nada de molduras e gráficos 2D no Timeless Mode!

Na prática, o Timeless Mode é um desafio mais descompromissado, menos focado em chegar ao fim e mais em testar as habilidades do jogador. Não há continues, morreu tem que começar tudo de novo. É uma abordagem interessante, que pode tanto render apenas umas partidas rápidas quanto viciar os gamers mais dedicados. Ah, e aqui também existe a possibilidade de jogatina cooperativa para 4 players (local), um adendo muito bem-vindo!

Conclusão

Vasara Collection é uma coletânea que realmente vai além do que seu título sugere. Ela de fato traz os 2 títulos originais em um formato bastante fiel, mas também acrescenta um recheio extra, com direito a uma galeria de arte e o excelente Timeless Mode, que para muita gente pode acabar sendo a verdadeira cereja do bolo.

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Se por um lado o jogo não tem realmente um apelo nostálgico para boa parte do mundo (afinal, era exclusivo para o mercado japonês), por outro seu relançamento não só apresenta um ótimo bullet hell ao ocidente, como também expande seu escopo, modernizando-o sem que ele perca sua identdade.

Em resumo, um ótimo “jogo de navinha”, difícil e divertido. Parabéns aos camaradas da QUByte Interactive pelo empenho em reviver este capítulo (que até então era um tanto quanto obscuro) da história dos videogames!

Vasara Collection está sendo lançado hoje (13/08) para PC, PS4, PS Vita, Xbox One e Nintendo Switch (versão analisada).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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