Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

24 de janeiro de 2018

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

No mundo dos games, o tema “base espacial abandonada” geralmente é associada com terror. Estão aí Dead Space e Alien Isolation que não me deixam mentir. Vesta muda essa fórmula, trazendo puzzles, bom humor e uma garotinha carismática em busca de respostas.

Vesta é uma garotinha que acorda de seu sono criogênico em (adivinha) uma estação espacial abandonada. Sem humanos por perto, há apenas robôs e androides administrando o local. Seu objetivo é chegar até a sala de controle, onde fica o núcleo da inteligência artificial M.U.M., que pode lhe dar algumas respostas sobre o que rolou por ali.

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

Como largar uma garotinha sozinha em uma base espacial seria muita maldade, os produtores deram um companheiro à ela: Droid, um robô grandalhão que servirá como a força bruta da dupla, enquanto a garotinha usa seu cérebro para resolver puzzles, abrir portas, acionar elevadores e liberar passagens.

Puzzles cooperativos (só que não)

Vesta se apresenta na forma de um puzzle game isométrico que (deveria) ser cooperativo, mas é um jogo single player. Sendo assim, um único jogador deve alternar entre o controle de Vesta e do Droid para superar os obstáculos que impedem seu avanço.

Enquanto o grandalhão Droid pode empurrar caixas, atirar mísseis que atordoam inimigos e carregar/arremessar sua pequena companheira humana, Vesta usa seu “aspirador” para extrair energia de robôs atordoados e/ou fontes não utilizadas, podendo então aplicar esta energia em terminais e mecanismos úteis, para que eles voltem a funcionar.

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

Os puzzles são inteligentes e muito bem integrados ao cenário e ao contexto “estação espacial”. Alguns deles são um pouco trabalhosos, especialmente porque precisamos ficar o tempo todo alternando entre os personagens. Por exemplo, você usa Droid para arremessar Vesta por cima de um buraco, e, estando lá do outro lado, ela precisa acionar algum mecanismo que crie uma forma para seu companheiro prosseguir. A sinergia entre a dupla remete a jogos como The Last Guardian, ainda que aqui tudo seja muito mais prático e menos emotivo.

Nem sempre a dupla estará no mesmo lugar ao mesmo tempo, mas as bifurcações são poucas, geralmente envolvendo rotas paralelas pelas quais a garotinha vai liberando acesso para o robozão.

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Ela sempre precisa de energia para ativar elementos do cenário, e a forma mais simples de conseguir isso é detonando inimigos — de forma cooperativa, claro: Droid usa mísseis para atordoar um robô inimigo, para que Vesta possa se aproximar e sugar a energia dele.

Cadê o player 2?

Por mais que o formato funcione, é impossível não pensar que Vesta poderia ser um jogo com multiplayer local. Em jogos como The Last Guardian, o jogador não assume o controle da “fera”, limitando-se a assumir o controle somente do garotinho. Aqui não, o jogador precisa controlar ambos, e é justamente esse “troca-troca” que deixa o ritmo do jogo lento.

A distribuição arbitrária de checkpoints também não ajuda, e não será raro você ter que rejogar trechos relativamente longos por algum erro bobo ou queda. Isso deixa o jogo um tanto arrastado; se pudesse ser jogado em modo cooperativo, o andamento de Vesta seria mais dinâmico — caso um jogador pudesse ressuscitar o outro, por exemplo –, e o jogo consequentemente seria mais divertido. Sem contar que, com 2 players, rola aquela troca de ideias bacana, tipo “como fazemos para resolver isso?” que combina muito com a proposta.

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

Sou fã de jogos que ofereçam coop local e, embora nem todo jogo comporte este formato, Vesta claramente comportaria sem problemas. Eu certamente teria curtido bem mais as 36 fases do game se pudesse ter passado por elas jogando com minha namorada, ou algum amigo.

Audiovisual

Vesta desenvolve sua narrativa em um formato história em quadrinhos que é bem caprichado e estiloso. As cenas são estáticas, mas possuem alguns elementos animados. Este charme, porém, não se aplica ao game como um todo, que não oferece uma grande variedade de ambientes, mantendo cenários um tanto genéricos por toda sua duração.

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

No departamento sonoro, o game faz um trabalho mais competente, com boa trilha sonora e efeitos sonoros condizentes com o contexto espacial. Vesta é uma produção espanhola, sem legendas em português brasileiro: você precisará saber inglês ou espanhol para acompanhar a trama e os bem humorados diálogos que rolam entre a garotinha e seus companheiros robóticos.

Conclusão

Vesta é um puzzle game simples mas funcional, que merecia poder ser jogado em 2 pessoas para ficar mais divertido. Ele realmente parece um jogo cooperativo, mas o fato de ser para apenas um jogador é um desserviço, desperdiçando o potencial de algo que poderia ser mais dinâmico e divertido se jogado em dupla.

Análise Arkade: Vesta é um jogo cooperativo para um jogador

Nem todo jogo cai bem para jogatina cooperativa, mas este jogo parece pensado para isso… só faltou mesmo o player 2. Vesta até tem carisma, mas demanda um bocado de paciência para ser finalizado.

Vesta foi lançado em 19 de janeiro, com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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