Análise Arkade: Wandersong é a mágica jornada musical de um bardo que quer ser herói

29 de setembro de 2018

Análise Arkade: Wandersong é a mágica jornada musical de um bardo que quer ser herói

Gosta de música? E de jogos que fogem do óbvio? Então prepare-se para rir e se emocionar com Wandersong, uma pérola indie que subverte as aventuras tradicionais dos videogames para nos levar a uma mágica jornada musical!

Bardo pode ser herói?

O bardo é uma figura bem recorrente em games de fantasia medieval. Porém, ele nunca é o protagonista, geralmente é apenas um NPC, um coadjuvante que muitas vezes acaba sendo apenas um alívio cômico involuntário. Quem salva o mundo é o guerreiro, ou o mago, talvez até o elfo, ou o anão. Nunca o bardo.

Wandersong muda isso: nosso personagem é um bardo e sua principal habilidade é cantar. Ele sequer é capaz de levantar uma espada, mas quando descobre que seu mundo está condenado, acaba tomando para si a missão de evitar essa catástrofe.

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Porém, suas únicas armas são sua voz, sua música e sua boa vontade em fazer a diferença. E é munido disso tudo que nosso pequeno bardo aventureiro irá sair pelo mundo, conhecendo novas pessoas e lugares, se envolvendo com piratas, sereias, fantasmas, e muito mais!

Uma jornada musical

Wandersong é todo pautado por música. Ela é nossa principal habilidade, e é através dela que interagimos com o mundo. É pelo canto que iremos exorcizar fantasmas e destruir feitiços malignos. É cantando que giramos manivelas e acionamos mecanismos. Nosso canto afeta a flora e a fauna, e com isso caminhos se abrem para que possamos prosseguir.

Tipo assim, ó:

Nossa missão principal em Wandersong é aprender a canção do Overseer, entidade que está prestes a dar um reboot do universo. Se conseguimos resolver tudo na base do canto, quem sabe não conseguimos impedir o fim do mundo, né?

Claro que esta missão não é tão simples e linear quanto parece: o canto do Overseer está fragmentado e espalhado pelo mundo, então iremos viajar um bocado, conversando com divindades que irão nos ensinar pequenas partes da música que pode (ou não) salvar o mundo.

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Assim, nossa busca pela tal canção mística vai virando uma aventura cada vez maior, na qual iremos viajar pelo mundo, interagindo com pessoas/criaturas das mais diversas, sempre tentando usar o canto para ajudar os outros e cumprir as demandas que irão deixá-lo mais perto de seu objetivo.

Um jogo good vibe

Violência é algo inerente ao mundo dos games. Seja com armas brancas, armas de fogo ou os próprios punhos, jogos onde devemos bater e/ou matar inimigos é uma das coisas mais comuns de se ver, o que fomenta a eterna discussão de “jogos violentos formam pessoas violentas”.

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Não vou bancar o pacifista babaca: hack ‘n slash é um dos meus gêneros favoritos, e adoro partir monstros ao meio com um machado. Porém, também adoro ver jogos que vão no sentido oposto, e oferecem experiências pacíficas e criativas sem serem apenas walking simulators. Um exemplo recente é o excelente Yoku’s Island Express. Outro bom exemplo é Valley, de 2016.

Wandersong é mais um desses jogos: ele é um jogo focado em sua história e sua jornada, e quase tudo é pacífico, sereno. Em uma parte da campanha, unimos forças com Mirian, uma bruxinha rabugenta que está sempre disposta a explodir seus problemas. Porém, antes dela usar seus poderes mágicos, nosso intrépido bardo sempre vai dar um jeito de resolver as situações de formas não violentas.

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Isso faz de Wandersong um jogo muito suave, gostoso de jogar. Somado a essa good vibe, temos um humor “bobinho” que sempre deixa um sorriso no rosto da gente, e missões “do bem”, onde vamos, por exemplo, ajudar pessoas a superarem seus medos ou realizarem seus sonhos. Wandersong é mágico, do bem, e realmente consegue fazer a gente se sentir bem.

Audiovisual

Wandersong é um jogo produzido por basicamente 3 pessoas: um game designer e dois músicos. Por conta disso, ele possui uma simplicidade latente, mas seu visual simples é extremamente colorido e carismático. Sabe aqueles livros infantis que a gente abre e as figuras “pulam” para fora? Wandersong é tipo isso, seu mundo 2D parece feito de papel, mas há volume, profundidade e, principalmente, estilo.

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Como estamos falando de um jogo que tem na música seu grande diferencial, é óbvio que a trilha sonora é um dos destaques. As músicas do game são excelentes, contribuindo com a imersão e até ajudando a potencializar sentimentos e emoções de personagens que, por conta do visual simples, não conseguem ser lá muito expressivos.

A música é tão importante que ela até nos ajuda a ir e vir: é a melodia que move o navio pirata que nos ajuda a explorar o mundo do game. Confira abaixo um pouquinho disso, e repare que a música “cantada” tem toda uma vibe bucaneira que combina perfeitamente com o tema:

Uma coisa meio ruim é que o game não recebeu localização para o nosso idioma. Mas isso é até meio que justificável: Wandersong é cheio de trocadilhos e piadinhas que perderiam o sentido se traduzidos. E, considerando a equipe enxutíssima, provavelmente não estava sobrando grana para localizá-lo para todos os idiomas. Então, se quiser realmente se divertir com o game e seus diálogos, inglês é fundamental.

Conclusão

Wandersong é mais uma dessas pérolas do mundo indie que se destacam por ter algo de especial. Não falo especificamente da música, mas de toda essa vibe “do bem” que o jogo transmite. Sei que isso soa piegas, mas é maravilhoso termos um game que nos permite ser o herói sem que isso signifique aniquilar hordas de monstros e demônios.

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E o mais legal é que o jogo faz isso subvertendo clichês típicos dos games de aventura: controlamos um herói improvável, que antes de salvar o mundo precisa provar aos outros — e a si mesmo — que ele é capaz de salvar o mundo. É uma jornada de auto-conhecimento e evolução que passa mensagens muito positivas sem soar forçado.

Independente de tudo isso, estamos diante de um joguinho extremamente criativo e bem executado, que narra uma aventura tradicional de forma bem diferente da tradicional. Recomendadíssimo para quem está atrás de algo diferente para jogar, rir e se emocionar.

Wandersong foi lançado em 27 de setembro, e está disponível para PC e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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