Análise Arkade — Warhammer 40k: Space Marine 2 é tudo que um bom jogo deveria ser

27 de setembro de 2024
Análise Arkade — Warhammer 40k: Space Marine 2 é tudo que um bom jogo deveria ser

Lançado no dia 9 de setembro, Warhammer 40k: Space Marine 2 vem colecionando elogios por onde passa. Lançado nada menos que 13 anos após o primeiro título chegar na geração do Xbox 360 e PS3, o game, agora desenvolvido pela Focus Home Interactive, chamou atenção pelo visual impecável e jogabilidade divertidíssima. Claro que o game não se resume apenas a isso, já que estamos falando de Warhammer e sua vasta lore cheia de apêndices.

Porém, ele traz com seu sucesso uma reflexão bem interessante sobre jogos de grande orçamento e os rumos que a indústria de videogames está tomando. Isso porque, mesmo que Warhammer 40k: Space Marine 2 tenha uma boa história ambientada no rico universo de Warhammer 40k, mesmo que ele tenha artifícios que aumentem seu fator replay ou qualquer outra coisa, o principal é: ele é um jogo que diverte. Vamos falar melhor sobre isso no decorrer dessa análise.

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O retorno de Titus

A história de Warhammer 40k: Space Marine 2 é contada de uma forma bem peculiar. Ao mesmo tempo que ela serve muito bem para os mais aficcionados pela lore da franquia e guardam com carinho as reviravoltas e personagens do primeiro jogo, ela também consegue ser descompromissada o suficiente para permitir que novos jogadores desfrutem do game e entendam minimamente o que está acontecendo sem toneladas de recapitulações ou obrigatoriedades de conhecimento prévio.

No enredo em si, assumimos mais uma vez a pele de Titus, um membro controverso do exército de Space Marine do Imperium Astartes, os “humanos” da franquia. Na introdução do jogo, vemos o protagonista em uma missão trágica após ocupar a posição que lhe foi designada ao final do primeiro jogo. Porém, um final trágico faz Titus passar por procedimentos que o obrigam a mudar de casta dentro do imenso exército, se tornando um dos chamados Ultramarines.

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Nesse novo posto, agora liderando dois outros ultramarines chamados Chairon e Gadriel, precisamos inicialmente investigar a existência de um misterioso projeto alocado nas sombras do Imperium que pode ameaçar os rumos da eterna guerra que travamos no universo. O problema é que, no sistema planetário que precisamos investigar, estão no nosso caminho hordas e mais hordas dos icônicos Tiranídeos, uma raça de alienígenas visceral que serve como principais inimigos do jogo por boa parte da jogatina.

Mas claro que muitas surpresas estão reservadas nessa jornada de cerca de 13 horas de modo história, com reveleções interessantes, antagonistas estilosos e, claro, muito sangue e tripa para todos os lados. O equilíbrio que conseguiram encontrar entre uma história cativante contada em um ritmo excelente e uma jogabilidade completamente voltada para ação é um dos principais pilares que agradam tantos jogadores novos bem como os mais conservadores e fanáticos pela franquia.

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Tiro, porrada e bomba como nos velhos tempos

Mas como falar desse equilíbrio entre enredo bom e ação desenfreada sem falar justamente do segundo ponto, não é mesmo? E, nossa, como Warhammer 40k: Space Marine 2 brilha no quesito ação. Para entender melhor do que eu estou falando, caso você não tenha jogado o primeiro game da franquia, vou explicar com associações.

Pegue a ação linear que tínhamos nos primeiros (e melhores) Gears of War (que inclusive esteticamente se basearam fortemente na franquia Warhammer 40k), mas remova a mecânica de cobertura e barreiras, ok? Agora insira no lugar a ação hack ‘n slash visceral dos God of War mais clássicos, mas antes não deixe de incluir nessa ação as hordas frenéticas e infindáveis de Days Gone. Ficou bom? Então insira as mecânicas simples e divertidas de shooters dos anos 90 e você tem o puro suco do que é Warhammer 40k: Space Marine 2.

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Combates altamente energéticos, com hordas e mais hordas de inimigos variados e cheios de movimentações e aparências próprias vindo em sua direção. Uma escala de combate que deixa claro o tempo todo que o seu personagem não está salvando o universo, mas sim sendo só mais um nas incontáveis linhas de frente de uma guerra milenar. Mas ao mesmo tempo que a escala se mantém épica quase o tempo todo, você enquanto jogador não precisa se preocupar com nada além de seguir em frente destruindo tudo que surge em seu caminho.

Warhammer 40k: Space Marine 2 deixa claro para o jogador desde o início que o foco do jogo definitivamente não é exploração. Até temos alguns coletáveis aqui e ali que aprofundam o enredo e o universo de Warhammer para os mais aficcionados, mas na prática você vai passar a maior parte do tempo matando alienígenas e no máximo explorando o ambiente para encontrar itens de cura e munição, além de armas novas para utilizar.

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O que antes era defeito, agora…

Pelos últimos dez anos ou mais, a indústria (e o próprio público) veio se mostrando cada vez mais aversa a jogos totalmente lineares, mundos sem muitos segredos e histórias breves. A tendência foi por muito tempo os famigerados jogos em mundo aberto, com toneladas de conteúdos, segredos, histórias cinematográficas robustas e cheias de realismo. A ideia de um game “triple A” ficou muito atrelada a jogos sérios, densos e enormes, vendo o oposto disso como algo “raso”, “sem conteúdo” ou “banal”.

Agora, com o mercado já exausto de tantos mundos abertos cheios de nada e jogos gigantescos que são mera repetição, Warhammer 40k: Space Marine 2 chega como um ar puro e refrescante, trazendo de volta conceitos que há mais de uma década foram vistos como problemáticos para um jogo. Um bom exemplo disso é a sua linearidade, que não temos nem o que comentar. Seu modo história é basicamente todo indo do ponto A ao ponto B enquanto mata hordas de inimigos.

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Dificuldade? Completamente customizável, com recursos como munição e recuperação de vida disponíveis sempre entre grandes combates. A clássica salinha abarrotada de recursos antes de um grande chefão é presente e altamente recorrente em Warhammer 40k: Space Marine 2. Além é claro da despreocupação quase que completa com realismo, densidade de história ou construção de personagens. Aqui você não se importa com um personagem por ele ser profundo ou algo do tipo, você só gosta dele porque ele é badass, estiloso ou simplesmente legal; e é isso.

Mas não pense que estou apontando todos esses elementos como defeitos de Warhammer 40k: Space Marine 2, muito pelo contrário. O título da Focus Home Interactive trazer esses conceitos de volta depois de tantos anos com a indústria abarrotada de um excesso de seriedade nos jogos é o que faz esse game algo tão estupidamente gostoso de jogar. Tem jogos mais recentemente lançados que me dão preguiça de jogar. Eles são burocráticos, densos demais e, às vezes, só chatos mesmo. Já as matanças de Titus e seus companheiros de guerra são simples como um bom jogo deve ser, e isso é incrível.

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Modos online que turbinam a experiência

Mas para os mais necessitados de conteúdo que não se satisfazem com o fator replay do jogo, também temos alguns modos online que prometem aumentar e muito a longevidade do título. Mais uma vez aqui a lógica da simplicidade que comentei há pouco permanece. Warhammer 40k: Space Marine 2 não tenta reinventar a roda e entrega um modo online básico, mas muito competente.

O game possui basicamente dois modos de jogo: um que coloca dois times de jogadores para guerrear um contra o outro e um segundo modo com missões PVE que une jogadores contra inimigos poderosos. Em ambos os modos, podemos utilizar um grupo de classes de personagens que não estão presentes no modo história do jogo, mas que distribuem melhor diversas funções e habilidades as quais temos acesso durante a campanha.

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As seis classes são bem distintas entre si e igualmente divertidas de jogar, ao mesmo tempo que tornam a jogatina online uma experiência bem diferente daquela que tivemos durante as várias horas da campanha do jogo. Desse modo, para quem gosta de uma jogatina online, pode se divertir bastante por horas e mais horas com o conteúdo presente em Warhammer 40k: Space Marine 2. Mas lembrando também que o próprio modo campanha pode ser completado em multiplayer online de três pessoas.

Um excelente título, de tempos mais simples

Por fim, fica difícil apontar algum aspecto de Warhammer 40k: Space Marine 2 que realmente seja um defeito, deslize ou falha do projeto. Não é atoa que o game rapidamente se tornou o jogo mais vendido e mais jogado de toda a franquia Warhammer 40K até hoje, superando grandes títulos icônicos como Dawn of War, Chaosbane e os spin-offs de Total War da franquia.

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Tudo isso, claro, trazendo uma proposta de divertimento simples, mas com competência. Conseguindo atualizar artifícios e mecânicas de jogo de tempos atrás sem cair na mesmice de mundos repletos de exploração e conteúdo reciclado que vemos aos montes atualmente na indústria. Warhammer 40k: Space Marine 2 é isso, um aceno a tempos mais simples, onde só a diversão era, de fato, crucial para um game ser considerado bom.

Warhammer 40k: Space Marine 2 foi lançado no dia 9 de setembro de 2024 e está disponível para PC (via Steam), Xbox Series e PlayStation 5. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro e, para essa análise, utilizamos um PC gamer e um Steam Deck para jogá-lo.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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