Análise Arkade: Windbound traz a aura de Zelda em uma aventura encantadora

28 de agosto de 2020
Análise Arkade: Windbound traz a aura de Zelda em uma aventura encantadora

Windbound é uma incrível aventura que junta elementos de vários jogos de uma franquia muito conhecida com mecânicas de sobrevivência e crafting excelentes. Confira agora nossa análise do game, que chega hoje para PCs e consoles!

Referências de peso

Qualquer jogador de videogames já ouviu falar na franquia The Legend of Zelda. Tendo ou não jogado, você sabe que ela influencia a indústria desde o seu primeiro título, lançado em 1986. A mais recente influenciada pelas aventuras de Link é esta pérola do 5 Lives Studios, que bebe da fonte da franquia da Nintendo sem perder sua identidade.

O jogo independente pode não ser tão grandioso e épico quanto a sua clara referência. Entretanto, não deixa de ser divertido e envolvente à sua maneira. Windbound traz cerca de 10 horas de aventuras em alto mar, vagando de ilha em ilha buscando mantimentos. O objetivo? Encontrar seu povo, perdido em uma tempestade catastrófica.

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Narrativa sutil e muito cativante

Como falamos em nosso preview, a história de Windbound acompanha a jovem Kara em sua jornada de sobrevivência. Após um acidente que fez dela uma náufraga, a garota precisa lutar pela sua vida buscando mantimentos e se equipando da melhor maneira possível, sempre rumando de uma ilha para outra em um local desconhecido, enquanto busca pistas do paradeiro de seu povo.

A história é simples e até bem linear, mas tem uma sutileza que encanta. Não temos aqui textos extensos e personagens secundários. Na verdade, a jornada é bastante solitária, com Kara sendo a única personagem claramente apresentada no jogo. Todo o resto da narrativa é absorvida descobrindo locais e passando pelos capítulos do jogo.

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Ao passar de cada capítulo, podemos vislumbrar pinturas que contam a história por trás daquela região. Uma mitologia que aos poucos vai nos envolvendo com a história e os mistérios que a circundam. É um ritmo de storytelling muito cativante, que lembra bastante alguns dos melhores títulos da franquia Zelda.

A busca pelos cristais

O jogo nos deixa em um mapa aberto circular, cercado por pesadas nuvens de tempestade. Nesse vasto oceano, começamos em uma ilha na qual precisamos construir nossa primeira embarcação para seguir em frente. Aqui temos outro grandioso acerto: a ausência quase que completa de tutoriais muito explicativos. Muito da exploração é sugestionada pelo posicionamento das construções e pela própria paisagem, deixando o jogador se virar.

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Isso deixa a exploração bem livre para que sejamos aguçados por nossa própria curiosidade. Algo que foi um dos pontos mais geniais do mundo aberto de Zelda Breath of the Wild e que claramente serviu de inspiração para a construção dos mares e ilhas de Windbound.

Entretanto, estes mapas não são fixos. Cada um é gerado através de um capítulo específico. E não demora muito para descobrirmos nosso objetivo neles: recolher cristais azuis que ativam ruínas antigas e têm ligação direta com a força que nos guia ali. Para acessar um portal, precisamos de três destes cristais, que após certo desafio, nos guia para o mapa seguinte, com novas ilhas e maior dificuldade.

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Recursos leves de sobrevivência

Mesmo que Windbound use mecânicas de sobrevivência para gerar desafio em sua jogatina, não espere nada muito pesado. Comparado a outros jogos do gênero que utilizam abertamente mecânicas de crafting, Windbound pode ser considerado mais raso nesse ponto. Mas isso não faz dele um jogo ruim, é uma questão de estilo e abordagem feita pelos produtores.

Na verdade, as mecânicas de sobrevivência introduzidas aqui se resumem a um medidor de fome/stamina e à deterioração de equipamentos. Isso por si só é muito limitado se compararmos o título a figurões do gênero como Ark: Survival Evolved, Conan Exiles e até ao estreante Grounded. Mas precisamos lembrar que a maior inspiração aqui ainda é The Legend of Zelda, o que faz o grau de dificuldade e complexidade das mecânicas de sobrevivência encaixarem muito bem com o contexto.

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São vários os tipos de recursos que podemos coletar em vários biomas diferentes. As ilhas não são tão grandes, mas possuem diferenças pontuais entre elas que nos dão inclusive dicas de que tipo de mantimentos podemos encontrar em cada uma.

Construindo seu barco do zero

Para além das mecânicas de sobrevivência e crafting em geral, temos um ponto específico que merece maior atenção. Tudo que envolve a construção e customização dos barcos em Windbound é um show à parte e merece sinceros elogios. Podemos fazer desde jangadas e canoas a remo até embarcações mais complexas com várias velas, e isso obviamente afeta a efetividade de nossa locomoção pela água, enquanto desbravamos o mundo do jogo, uma ilha de cada vez.

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Impossível não lembrarmos da cultura Maori que chegou à cultura pop principalmente através do filme Moana, da Disney. Com várias possibilidades de customização tanto de defesa quanto de ataque, melhorias na velocidade e na resistência, construir embarcações incríveis depende única e exclusivamente do seu empenho em coletar os recursos necessários para botar a mão na massa.

As embarcações são um dos pilares do jogo e as mecânicas envolvidas em sua evolução são muito bem pensadas. Podemos construir embarcações de diversos materiais distintos, com velas diferentes, equipá-las com proteções frontais e até itens mágicos. Eu, por exemplo, consegui montar uma carranca que me permitia acelerar o barco temporariamente contra o vento (?!).

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Não só o crafting envolvido no ato de construir os barcos, mas toda a mecânica de navegá-los também é primorosa. O oceano possui perigos bem reais como rochedos e recifes de corais que podem causar grandes danos às embarcações. Além disso, criaturas como tubarões são uma ameaça a parte e alguns seres podem até subir em nosso barco para tentar afundá-lo.

Combates competentes

Se metade da aventura de Windbound é proporcionada pela exploração naval e todos os seus riscos, a outra metade sem dúvida são seus combates. Aqui não temos muita originalidade, mas bastante competência. Com mecânicas também muito semelhantes ao já estabelecido na franquia Zelda, como a mira podendo ser travada nos inimigos e esquivas dando vantagens.

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Novamente, o crafting se faz presente: começamos o jogo apenas com uma faquinha, e para criar armas e equipamentos melhores, devemos coletar madeira, pedras, fabricar cordas, e muito mais. Sua progressão está sempre atrelada ao seu talento na hora de coletar e utilizar recursos.

Isso abre espaço para uma variedade interessante de armas. Nada muito elaborado e variado, mas competente na medida certa. Um elogio à parte é para a possibilidade de equiparmos cristais mágicos em certas armas, para lhes atribuir danos mágicos e elementais. Mais uma vez inspirado em Zelda, temos flechas mágicas com efeitos bem variados que aumentam as possibilidades durante os embates.

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Os inimigos por sua vez possuem uma progressão bem agradável. Inicialmente apenas caçamos animais de pequeno porte como javalis e coelhos. Com o avançar da história, visitamos ilhas que nos tiram da posição de caçador e nos transformam em caça, pois daremos de cara com criaturas sombrias e mais agressivas.

A dificuldade de enfrentar cada uma delas não está apenas na batalha em si, mas também no nosso conhecimento adquirido no decorrer do jogo — para entender quais são seus padrões de comportamento e como podemos usar o ambiente a nosso favor –, o que é um dos maiores acertos do gameplay de Windbound.

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O problema da repetição

O ritmo de jogo segue muito bem por um tempo. São poucos capítulos, e a cada mapa explorado temos acesso a novos recursos e mais possibilidades. Porém, nem só nos acertos que Windbound se espelhou na franquia Zelda. A repetição — algo muito criticado em determinados títulos da franquia da Nintendo –, também é sentida no jogo da 5 Lives Studios.

O ritmo de coletar recursos, construir ferramentas, coletar recursos melhores e ir se equipando de armas, equipamentos e embarcações melhores é comum em jogos de sobrevivência. Porém, a exploração em Windbound é justamente o ponto no qual a repetição é mais sentida. Isso porque, através dos seus cinco capítulos, continuamos sempre no mesmo ritmo de exploração — buscando sempre três cristais para chegar na próxima ilha, e assim sucessivamente.

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Não existe um ponto de virada, clímax ou quebra de expectativa nesse ritmo. Isso faz com que o jogador que explorou bastante os primeiros mapas fique meio de saco cheio, e não veja a necessidade de manter essa exploração minuciosa nos últimos capítulos. Acaba se perdendo o interesse na exploração, que é a mecânica chave do jogo, bem antes de se chegar ao fim da jornada.

Além disso, algumas mecânicas específicas do jogo apresentaram pequenos problemas no decorrer de nossos testes. Seja pelo acesso antecipado ou não, são correções que precisam ser feitas com atualizações e que são até simples de serem resolvidas, como bugs de física ao escalar certas pedras por exemplo. Porém alguns outros recursos, como o planador que podemos usar, é bastante problemático.

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Windbound: uma aventura para amantes de Zelda

A gente sabe que Windbound é um jogo próprio, e nada tem de ligação direta com a franquia da Nintendo. Mas é impossível não associar suas músicas, mecânicas de combate e visual artístico com tudo o que jpa vimos nas aventuras de Link, Zelda e Ganon. Dito isso, mesmo que tenha mecânicas de sobrevivência bastante simples, Windbound é sem dúvida um jogo perfeito para quem é fã de The Legend of Zelda.

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Mesmo que sua campanha seja relativamente curta, (como já dito, ela fica entre 8 e 10 horas de duração), a experiência definitivamente vale a pena, especialmente para quem curte crafting e exploração.

Claro que, por ser um jogo independente, fica a sensação de que ele poderia ser mais, ter mais conteúdo e avançar mais com a mitologia criada ali. Mas essa sensação só comprova o gostinho bom que Windbound deixa em quem joga. Sem dúvidas um jogo muito cativante, que merece receber continuações ou expansões de seu universo no futuro.

Windbound foi desenvolvido pela 5 Lives Studios e está sendo lançado hoje, 28 de agosto. O game possui versões para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Google Stadia e PC (tanto na Epic Games como na Steam) e, infelizmente, não traz menus ou legendas em PT-BR.

Este review foi feito com base na versão PC do game, que recebemos antecipadamente da Deep Silver para fins de análise.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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