Análise Arkade – WrestleQuest e a sua homenagem para a luta livre em forma de RPG
Desde os primórdios dos videogames, a luta livre sempre teve um espaço, criando até uma espécie de gênero próprio. Seja através de games como Saturday Night Slam Masters, uma aposta da Capcom em levar as lutas com os seus recursos da época de Street Fighter II, ou pelos muitos games da WCW, WWE e tantas outras organizações, é bem comum achar os jogos com lutadores de trajes extravagantes e golpes coreografados que muita gente adora.
Mas um RPG do gênero, por sua vez, era algo que jamais havia sido explorado. Quer dizer, agora foi, já que WrestleQuest chegou e com ele, a competência da Mega Cat Studios em trazer um game que traz bom humor, inúmeras referências e homenagens à luta livre, além de uma experiência nostálgica, seja através de seus gráficos pixelizados, ou por seu gameplay old school.
A proposta central de WrestleQuest é misturar elementos clássicos de RPG, como a progressão por turnos, com uma narrativa envolvente que gira em torno da cultura da luta profissional. A jogabilidade oferece combates emocionantes, onde você controla um trio de lutadores e utiliza golpes individuais, em dupla ou até em trio para derrotar seus oponentes. Além disso, há elementos de exploração que recompensam os jogadores com itens e experiência, embora o grinding não seja uma exigência.
A história se desenrola em um mundo onde os lutadores buscam ascender no mundo da Luta Livre. Você assume o papel de Muchacho Man, um lutador carismático que acha que tudo do Wrestling é real, ou de Brink Logan, filho de um empresário do ramo, que deve equilibrar sua ambição de lutar com os interesses da organização da família. Os caminhos desses personagens se cruzam enquanto lutam para salvar não apenas o mundo, mas também o mundo da luta profissional e a própria realidade.
De forma geral, o game traz consigo uma “aura” de réplica dos games antigos. Explorar o cenário, por exemplo, é algo que lembra muito os clássicos RPGs, especialmente os da era 16/32-bits, permitindo descobrir novos diálogos com NPCs. As interações são bem humoradas, com aquelas provocações de luta livre que conhecemos tão bem.
E além de apostar na exploração dos RPGs antigos para o game, WrestleQuest faz o mesmo quando chega a hora dos combates. Tudo que acontece em uma luta deste gênero, incluindo golpes coreografados, provocações e finalização, foram adaptados em ações de menu. Para vencer uma luta, por exemplo, é preciso seguir uma simples QTE que exige que a contagem seja feita com o sucesso de três apertadas de botão, simulando a força do lutador para dominar seu oponente.
Um “especial” também faz parte do jogo, que é a euforia. Ela funciona como um “termômetro” da torcida, fazendo com que o jogador tenha uma estratégia maior ao lutar, pois com a torcida do seu lado, tudo fica melhor. Mas seguem como os jogos antigos, com os desenvolvedores mais interessados em replicar o passado em um formato “Gigantes do Ringue”, do que em propor algo novo para o game.
O game tem um mapa até que grande, mas sem muito a fazer, salvo dentro da história principal. Mas para quem se propor a explorar tudo, o game oferece algumas poucas coisas, sendo a principal a busca por baús com itens valiosos. Nada muito especial mas, de forma geral, este game tem tudo para atrair nostálgicos que curtem os Breath of Fire, Final Fantasy e Phantasy Star do passado, porém pode ser considerado tedioso por quem não está acostumado com estes games e esperava algo mais “dinâmico”.
WrestleQuest não é memorável, mas diverte quem procura um RPG como os dos velhos tempos para curtir. E se esta pessoa for fã de luta livre, então o convite fica ainda mais atrativo. Não se trata de nenhuma “evolução” para o estilo clássico de RPG e nem traz nada único para o gênero, mas consegue ser competente no que propõe e pode sim divertir quem decidir a embarcar em sua aventura. Especialmente quem pegar o game já entendendo a sua proposta e o seu público alvo principal.
WrestleQuest já está disponível, com versões para consoles PlayStation, consoles Xbox, Nintendo Switch e PC. Além dos dispositivos móveis, através de uma parceria com a Netflix.