Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

30 de setembro de 2016

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

O gênero RPG é um dos preferidos de muitos jogadores ao redor do mundo. É um gênero em eterna expansão, trazendo aos jogadores histórias mágicas, profundas, de superação e de grandes jornadas para a salvação do mundo de terríveis forças maléficas.

Conhecemos personagens fortes, altruístas, dotados de ampla inteligência e habilidade para lidar com as mais difíceis situações e tendo que encarar de frente, sem meio-termo, dificílimas decisões que afetarão não apenas o personagem em si, mas todo o mundo a seu redor, e é nesse estilo de game que… tá, já chega do discurso heroico inspirador. Estamos falando de um herói cheio de ressaca aqui e com muita preguiça. Mas o mundo tá correndo perigo né? Ah droga… fazer o que…

Salvar o mundo e tal… lá vem dor de cabeça

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

Zenith é um game que me surpreendeu completamente desde seus primeiros minutos. Pois ele é um RPG com um enredo forte e muito bem construído, e ao mesmo tempo é um RPG que não dá a mínima pro seu próprio enredo e zoa da cara de tudo e todos, incluindo a si mesmo!

O game nos coloca na pele do mago Argus Windell, um membro da ordem de mágicos Infinigon, que definitivamente não é uma convencional escola de magia para bruxos míopes de testa rachada. O Infinigon é uma ordem mágica altamente tecnológica que pesquisa os mistérios do mundo e tem por principal função espalhar conhecimento e trabalhar em prol da sociedade e desafiar convenções e crenças. Em outras palavras, eles querem ser melhor que qualquer pessoa ou deus e não vão admitir que nada seja melhor que eles.

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

Até que um dia, o Imperador Soulspear, um sábio líder de cabelo azul idêntico ao ator Bill Murray, ordenou a busca a um cetro mágico ligado a ele por um forte laço com seu sangue real. Com o poder do cetro, ele colocaria um fim na guerra contra a Homogeny, a nação dos elfos extremistas religiosos que tem atacado incessantemente seu reino. Porém nessa busca, um terrível mal foi libertado no mundo, e tudo foi pra me… acabou piorando, com a terrível entidade conhecida como The Unexpected solta causando destruição por todo o mundo.

E agora, cabe a Argus vencer sua preguiça e sua constante ressaca e fazer alguma coisa. Ou não fazer alguma coisa, pois ele realmente não quer mais dor de cabeça, que os outros que resolvam essas coisas. Até que ele conhece a bela Alana, uma guerreira enérgica acompanhada de seus idiotas companheiros de JRPG de cabelos espetados, e é convencido por ela (pelos motivos mais engraçados possíveis) a se juntar em sua busca pelo cetro perdido há anos.

E assim, acompanhamos Argus em novas e empolgantes aventuras com direito a dungeons, muitos diálogos hilários, batalhas bem desafiadoras, um World Map modelo padrão e muitas, muitas referências.

Referências e sarcasmo para todos os lados!

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

A melhor coisa de Zenith é seu humor. O game é simplesmente hilário, e sem qualquer sombra de dúvida foi o game mais engraçado que joguei nesse ano todo. O game faz piada com absolutamente tudo: Os seus próprios personagens, o gênero RPG, mecânicas de games, os próprios jogadores e até de todas as referências que ele faz.

Você não vai simplesmente ver uma referência aqui e ali e pronto, você verá essas próprias referências sendo zoadas sem dó nem piedade! O game zoa muito com a franquia Final Fantasy, com quatro personagens bem conhecidos… Claude, o SOLDIER calado, depressivo e que não se importa com nada; Iris, a florista que não vende mais flores; Titus, o loiro que ri de forma irritante e não para de falar de seu passado; e Fifa, a barista que odeia seu namorado por só ir atrás de uma certa florista idiota.

Praticamente, você pensa, o jogo zoa: The Witcher, Dark Souls, One Piece, Star Wars, Metal Gear Solid… e isso são apenas algumas das inúmeras referências! Temos referência a Hora de Aventura com o garoto Penn e seu irmão-ovelha Blake. Temos a família Corleone representada aqui por uma mafia italiana de orcs, com ternos, bigodes bem aparados e xingamentos sicilianos. E até mesmo Sam Gorku, em busca dos sete cubos mágicos para chamar um dragão e ressuscitar seu amigo Curling! Sério, é tanta referência que se eu listar todas, não sobra espaço pra se falar de mais nada. O Capitão América teria um colapso cerebral com esse game!

O melhor de tudo é que o game realmente consegue balancear seu enredo (que é um enredo sério) com todas as suas piadas. Em 90% do tempo você vai estar rindo com as situações e diálogos completamente hilários do game, cheios de sarcasmo, palavrões e coisas sem noção que tornam tudo muito mais divertido. Mas quando é hora de ser sério, o game consegue de forma excelente, sem parecer estranho. Não se trata da fórmula “encaixe uma piada aqui, seguida de uma cena séria, que termina com uma piadinha sem graça”.  O game realmente consegue balancear muito bem seu próprio enredo, e sempre se manter muito interessante e cada vez mais hilário.

Uma das piadas mais legais do game está em relação a siquests, as famigeradas missões paralelas que você consegue ao conversar com algum NPC, e que normalmente são no estilo “ei, você aí, quero que você atravesse todo o mapa do game, mate uns inimigos, pegue um item e traga de volta pra mim, pois eu é que não vou”. Durante alguns momentos do game, Argus encontra com alguns desses NPCs, e sua resposta é algo do tipo: “Não, eu não vou até o outro lado do mapa, me colocar em perigo, e pegar a droga de um item aleatório só porque você quer. Vá você!”

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E mesmo essa atitude de Argus é zoada de volta, pois sim, o game possui algumas poucas sidequests simples, mas que Argus somente aceita por serem realmente recompensadoras. Ou não… como em uma das sidequests mais legais, em que um vendedor de vasos pede para que Argus mate o terrorista de roupa verde e gorro que destrói todos os vasos que encontra e destrói paredes com bombas (Pegou a referência?). E Argus responde a essa oferta dizendo: “Caso eu vá para o lugar onde você disse que ele foi visto, caso ele esteja lá, e caso eu esteja com vontade de matar ele, eu ajudo você”.

Gráficos e gameplay

Zenith é um game muito simples visualmente, com gráficos bem simplórios, e em alguns momentos até feio. O design dos personagens visto de perto é estranho, com aquela cara de bonecos de borracha. Os cenários no entanto são bem mais trabalhados, ainda possuindo um visual simples, mas com adições de detalhes que criam uma atmosfera para cada lugar visitado, como masmorras cheias de lixo, pedras e madeira podre, florestas com muitas árvores, pedras, placas, vestígios de antigos acampamentos e etc.

O World Map no entanto tem um visual bem estranho. Como qualquer World Map, temos uma vista de cima, com um mundo sem escala, com o personagem “gigante” andando por terrenos com árvores e montanhas, com inimigos andando aleatoriamente pelo cenário e edifícios que podemos entrar, como cidades e estalagens. Sempre que você se aproximar de qualquer inimigo, eles correrão para cima de você, mas eles são fáceis de se evitar caso o jogador não queira lutar. Mas se eles tocarem em Argus, a câmera muda e entramos numa arena onde devemos matar todos os inimigos que aparecerem para então voltarmos para o World Map.

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

Apesar do visual um pouco feio do game, isso acaba indiretamente contribuindo para seu próprio humor. Pois junto das situações hilárias que encontramos, ainda há alguns personagens de visual bem estranho com movimentações malucas durante as cenas, criando uma imagem tão bizarra que não há como não dar risada. Quase como um comediante em uma fantasia esquisita: O visual em si é bem estranho, mas no fim das contas ele acaba contribuindo para o humor que quer ser passado.

O gameplay de Zenith é bem simples e fácil de aprender. Em combate, podemos usar três tipos de ataque: Ataques físicos, onde utilizamos armas elementais com efeitos de Terra, Fogo e Gelo. Magias projéteis, que atingem inimigos a distância, e ataques de área, que atingem todos os inimigos próximos. Para defesa, contamos com um escudo mágico que cria uma barreira em volta de Argus, e a esquiva.

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

Argus tem dois status principais: Barra de vida e de MP. Ambas se recuperam automaticamente, porém, quanto maior o HP, mais demorada a recuperação. Usar magias e o escudo gasta a barrinha de MP, então use suas magias e defesa com sabedoria, e acostume-se com a esquiva para evitar tomar muito dano dos inimigos. O HP e MP, além de outros status passivos relacionados a ataque e defesa mágicos podem ser melhorados equipando Argus com armaduras, anéis e colares.

Durante grande parte do game, Alana nos acompanha para todos os lados e participa das batalhas. Porém, Alana é muito fraca, e sua ajuda em combate é praticamente insignificante. Todo o combate está nas mãos do jogador, com os inimigos inclusive focando seus ataques em Argus, e vez ou outra atacando Alana. Felizmente, ela não pode ser ferida, então o jogador não precisa se preocupar com ela morrendo em combate e prejudicando tudo, ela pode não ser de grande ajuda, mas pelo menos não atrapalha.

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

O game não possui sistema de level, mas quanto mais inimigos se mata, uma barrinha verde se enche, convertendo-se em pontos de habilidade, que desbloqueiam novos ataques físicos para cada arma, aumentam ataque e defesa e outros status. E diferente de outros RPGs, aqui não temos itens para aumentar defesa a elementos ou dar boosts de ataques, pois nas palavras do próprio Argus“Ninguém usa essas poções, todo mundo vai acumulando elas esperando um inimigo forte pra usar, e no fim das contas elas ficam mofando no inventário”. Então para manter Argus preparado para combate, temos as convenientes poções vermelhas e azuis, que provavelmente você já sabe para o que servem.

Departamento sonoro

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

A trilha sonora de Zenith é fantástica! O game tem num geral uma trilha sonora bem ao estilo “taverna”. Aquelas músicas de violino e piano mais alegres… música de bêbado medieval… talvez isso exemplifique bem. Enquanto as coisas estão calmas, e enquanto o jogador está no World Map, essas músicas mais calmas preenchem o “ar”. Mas na hora dos combates, a coisa fica séria!

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

A trilha sonora de batalha do game é puro metal! São músicas fortes, pesadas, cheias de solos de guitarra e baterias enfurecidas. O game ainda dá bastante atenção para a trilha sonora, os sons ambientes estão presentes no game, como passos, vento e etc. Mas na hora dos combates o que toca alto é a trilha sonora pesada e os sons dos ataques.

O tem principal do game inclusive é belíssimo, com uma bela e calma melodia em piano, que transfere uma sensação de paz, principalmente na tela de título, onde ela toca, e vemos Argus Alana sentados observando as grandes construções do game.

Conclusão

Análise Arkade: encare o completamente hilário fim do mundo em Zenith

Zenith é um game que definitivamente vai arrancar muitas gargalhadas dos jogadores. São tantos diálogos hilários, com referências até não se aguentar mais e uma história surpreendentemente boa e bem escrita amarrando tudo, que com toda a certeza jogadores que curtem uma boa narrativa vão se sentir bastante satisfeitos.

Zenith pode não ser o game mais belo de todos, e infelizmente sofre com alguns bugs, loadings um pouco demorados e um gameplay funcional, mas pouco refinado. Mas é competente como um RPG e em sua proposta apesar disso tudo. Se você der uma chance a Zenith, com certeza se divertirá muito com o game. Ele possui uma duração curta, com cerca de 10 a 15 horas de jogatina para se fazer tudo o que há nele, mas são horas hilárias e muito bem aproveitadas.

Zenith foi produzido pela Infinigon (Sim, o mesmo nome da ordem de magos do game!) e é distribuído pela Bad Land Games. O game foi lançado no dia 20 de setembro com versões para PC, PS4 Xbox One.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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