Análise Arkade – Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg, um RPG despreocupado
Atelier Marie: The Alchemist of Salburg é um RPG de aventura que inovou por seu estilo despreocupado e aconchegante, sem uma uma calamidade para enfrentar ou um mundo para salvar. Nosso papel é simplesmente viver a história e acompanhar acontecimentos que ocorrem, como um anime estilo Slice of Life. Hoje, o jogo está recebendo um Remake. Já experimentamos a nova versão, e te contamos em primeira mão o que achamos!
Originalmente lançado para Playstation 1 em 1997 somente no Japão, Atelier Marie recebeu vários ports para outras plataformas, que adicionavam novos recursos e funcionalidades. Mas só agora, 26 anos depois, o jogo chega a outros territórios, tendo tradução oficial para outro idioma além do japonês.
Desenvolvido pela Gust e distribuído pela Koei Tecmo, Atelier Marie Remake traz não apenas uma atualização visual, como várias novidades que agregam ainda mais valor ao remake.
A história
Atelier Marie se passa em um mundo de fantasia medieval e magia. No entanto, como o narrador logo aponta, a maioria das pessoas vive vidas bastante comuns. Como as grandes aventuras são deixadas para poucos escolhidos, a maioria da população se contenta com seu estilo de vida mundano, desde que tudo esteja em paz.
A capital do Reino de Schigsal, Salburg, abriga a famosa Salburg Academy, escola especializada nos estudos de alquimia. A instituição é reverenciada por produzir alguns dos melhores alquimistas de todo o continente. A principal protagonista do jogo, Marie, está tirando as piores notas da história da academia. Apesar de seu constrangimento, Marie tenta constantemente melhorar, mas segue falhando miseravelmentem, o que leva sua instrutora, Ingrid, a decidir que a jovem precisa dee uma metodologia de ensino não convencional.
Ingrid permite que Marie abra sua própria oficina para praticar sua alquimia fora da escola enquanto segue seus estudos. A garota terá cinco anos para criar um item usando suas habilidades alquímicas. Se Marie for capaz de criar um item que satisfaça Ingrid,ela poderá se formar.
O mundo
O mundo do jogo é dividido em locais de exploração, que vão surgindo conforme juntamos informações com os habitantes da cidade. Cada local é indicado por um nível adequado para ser explorado.
Diferente do original, neste remake podemos explorar livremente cada localização. Há itens para coletar e inimigos para enfrentar, o que permite que o jogador evolua Marie e os demais personagens que a acompanham em sua aventura.
Alquimia
A jogabilidade como um todo é bem simples: recebemos pedidos dos habitantes referentes aos trabalhos de Marie e temos um prazo para completa-los. Em alguns casos, só temos que coletar recursos, mas há certas tarefas que vão exigir que Marie crie algo em sua oficina de alquimia.
Justamente por isso, a principal mecânica é a alquimia: tudo que criamos pode ser usado para completar pedidos, e as criações também podem ser usadas nas batalhas e, claro, avançar na história. Em resumo, a alquimia é o cerne do jogo.
Colocar este talento em prática é algo que pode ser feito de diferentes maneiras. Algumas criações só serão desbloqueadas mediante a compra de livros de alquimia — que são vendidos na academia. Outras dependerão de utensílios ou recursos específicos ara serem criadas. Conforme avançamos na história, teremos acesso a criações mais avançadas, que não são vendidas na loja.
Cada criação feita no jogo demanda tempo (contabilizado em dias). Além de consumir pontos de magia, também devemos ficar de olho em um medidor de fadiga, que ilustra o cansaço da protagonista. Quanto maior essa barra fica, menor será a potência do item criado.
Batalhas
Como mencionado, no remake temos algumas mudanças, como as batalhas nos locais exploráveis. Vencer monstros nos rende itens e recursos que podemos usar na oficina. Há inclusive locais em que podemos enfrentar chefões, que podem dropar itens únicos.
Confira um pouquinho do gameplay de batalha no vídeo abaixo:
Como você pode ver, o sistema de batalhas é por turnos e bastante simplificado. Na verdade, os combates só existem de fato para evoluir a personagem principal e ajudar a avançar na história (e contribuir com a criação de itens). Elas não representam um desafio real para o jogador, mas, como Marie precisa subir de nível para poder criar certos itens, derrotar inimigos torna-se essencial.
Mini-games
O jogo possui uma boa variedade de mini-games e atividades secundárias. Alguns são ligados a eventos da exploração, outros ocorrem quando sintetizamos algum item de grande importância na história.
Por exemplo: um rato pode aparecer após a criação do item e roubá-lo de você. Seu papel é encurralar o rato para tentar recuperar o item — o que é feito em um mini-game de “pega-pega” em um mapa ao estilo Bomberman. Caso você falhe, o item poderá ser perdido para sempre. Felizmente, há uma forma de evitar esse problema: comprando ratoeiras.
Aventureiros por contrato
Em Atelier Marie temos aventureiros que podem ser contratados para lhe ajudar durante o jogo. Mas, diferente de outros jogos de RPG, aqui precisamos pagar aos aventureiros após cada exploração em que nos acompanham. Existe uma gama bem grande de personagens, inclusive alguns que só poderão ser contratados dependendo do seu nível de reputação. Na hora dos combates, eles também são de grade valia, pois podem ter mais facilidade para lidar com diferentes tipos de inimigos.
Há também alguns aventureiros que lhe acompanham sem cobrar nenhum tipo de pagamento. Nesse caso, o que conta é o nível de amizade que a protagonista tem com o personagem. É possível aumentar esse nível de amizade conforme o jogo passa. Isso é feito levando o personagem em mais expedições, o que fortalece os laços entre eles.
Calendário
A passagem de tempo é algo importante em Atelier Marie: o jogo usa um calendário e cada ação feita consumirá os dias. Tudo consome dias: forjar itens na oficina, enfrentar monstros, etc.
Os dias também são consumidos quando estamos simplesmente explorando o mundo do jogo: a viagem até um determinado lugar pode levar nove dias, por exemplo. Devemos sempre ficar ligados no calendário para não perder acontecimentos importantes da narrativa ou o prazo de entrega de algumas tarefas.
Existem também eventos que acontecem somente em determinados dias. Por exemplo: em algum momento, precisamos coletar um item que aparece somente em um dia específico do ano. Felizmente, como a história se desenrola ao longo de cinco anos, perdê-lo uma vez não é o fim do mundo: teremos mais algumas chances de obtê-lo, estando no lugar certo, na data correta.
Por ter essa passagem de tempo similar à do nosso mundo, Atelier Maie Remake também conta com mudanças de estação. De fato, há itens que só poderão ser coletados em determinada estação do ano, tipo alguma planta que só floresce durante a primavera.
Audiovisual
O visual do jogo todo foi refeito, mas mantém a identidade da versão de Playstation, principalmente nos locais que visitamos na cidade e nos personagens que encontramos nela.
Como a exploração é uma novidade, os locais que visitamos foram criados para este remake. Cada local possui um pequeno mapa interno, que ilustra os locais de coleta e inimigos que podemos enfrentar.
A trilha sonora do remake é basicamente uma remasterização da trilha do jogo original, e mantém toda a fidelidade do jogo de 1997. Aos saudosistas, fica a dica: é possível alternar entre a trilha original e a remasterizada no menu de opções.
Novidades
A primeira grande novidade deste Remake é o modo de jogo ilimitado. Como o nome sugere, esse modo tira o tempo limite para o término da campanha, ou sejam mesmo passados os cinco anos da história principal, o jogador poderá seguir jogando e explorando.
Eventos sociais com os aventureiros também são uma bem-vinda adição do Remake. Agora temos pequenos eventos específicos de cada aventureiro que nos acompanha durante o jogo. É um adendo charmoso, que nos dá uma forma de conhecê-los melhor e saber mais da história de cada um deles.
Além das tarefas e pedidos dos NPCs, agora também temos as tarefas da professora Ingrid. Estes desafios nos ajudam a progredir no jogo e também podem servir para explorar mais a fundo as mecânicas de alquimia que temos à nossa disposição.
Conclusão
Considerando que o game original foi lançado somente no Japão, é grande a chance de muita gente nunca tê-lo experimentado. Sendo assim, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é uma ótima oportunidade para que novas gerações conheçam o título que deu início à série.
É um Remake bastante fiel, mas que encontra espaço para introduzir novidades pontuais que enriquecem a experiência. Com gráficos e jogabilidade atualizados, este é um RPG leve, que cativa por ser uma aventura aventura aconchegante e despreocupada. Afinal, convenhamos: não é sempre que queremos salvar o mundo, não é mesmo?
Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg está sendo lançado hoje (13/07), com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5 e Nintendo Switch (versão analisada). Pela primeira vez, o game traz mais opções de idioma — nada de português, mas pelo menos temos o inglês.