Análise Arkade: Cult of the Lamb é uma excelente mistura de fofura e violência
Cult of the Lamb, o mais novo game do estúdio Massive Monster e distribuído pela Devolver Digital está chegando amanhã para todas as plataformas atuais, trazendo sua inusitada mas incrível mistura de Rogue-lite e Simulador de fazendinha/vila!
Nós já jogamos e agora vamos contar tudo sobre ele em nossa análise completa! Então venha conosco explorar uma terra sombria e ajudar um pobre cordeirinho a montar um culto para destruir as forças da Antiga Fé!
Um demônio em pele de cordeiro (mas um cordeiro muito fofo)
Em Cult of the Lamb controlamos um pequeno cordeirinho, o último membro de sua espécie, que foi caçada e brutalmente sacrificada sob ordens dos quatro Bispos da Antiga Fé, criaturas monstruosas que controlam tudo.
O sacrifício dos cordeiros foi ordenado para que uma entidade misteriosa conhecida como Aquele que Espera não pudesse ser libertado novamente. Porém, durante o sacrifício do último cordeirinho, algo diferente acontece: A alma do cordeiro é enviada diretamente para Aquele que Espera, que propõe, ou melhor dizendo, impõe um acordo: Ele iria reviver o cordeirinho, mas em troca, o animalzinho deveria montar um culto em seu nome.
Sem outra opção, o cordeiro é então revivido, sendo presenteado com a Coroa Vermelha, um artefato que se transforma em arma e dá diversos poderes para o pequeno animal. E assim, você é incumbido da tarefa de destruir os quatro Bispos da Antiga Fé e a reunir seguidores para o seu novo culto. E é através desse culto que você juntará poderes para destruir todos os inimigos que se puserem em sua frente.
O enredo de Cult of the Lamb é simples, e sendo esse um Rogue-lite, novos pedaços de história e informação vão sendo revelados conforme conhecemos novos personagens e derrotamos chefões. Tudo, porém, gira ao redor do seu culto, que é ao mesmo tempo um recurso e um motivador para a aventura, pois todas as suas ações tem como objetivo o seu próprio culto. E como você cuida dos seus seguidores influencia a forma como você precisará jogar.
O Culto do Cordeiro
Como já dito lá no início dessa análise, Cult of the Lamb é uma mistura de Rogue-lite e Simulador de Fazendinha/Vila. E essa segunda característica é representada pelo seu culto. Ao longo do game, uma de suas tarefas é recrutar novos seguidores – você faz isso ao salvar animaizinhos que estão prestes a ser sacrificados por inimigos, resgatar personagens perdidos, convencer outros a se unir a você, ou até mesmo comprá-los de um aranha prestes a devorá-los!
Cada seguidor salvo ou recrutado é então enviado para sua base, o local em que seu culto é localizado. Lá, você pode dar nome a eles, alterar suas aparências e, principalmente, comandá-los. Os seguidores do culto possuem uma função principal, que é servi-lo.
Conforme você completa suas runs, você coleta recursos como madeira, pedras e dinheiro, que são usados para construir estruturas em seu culto: Construir um templo, camas para seus seguidores, plantações, estações de extração de madeira e pedra, refinarias de materiais e etc. E são seus seguidores quem irão trabalhar para gerar mais recursos para você.
O principal recurso gerado pelos seguidores é a Fé, que é gerada conforme eles rezam. A Fé é usada para desbloquear upgrades para seu culto, principalmente novas construções e melhorias. E, para gerenciar sua Fé, o templo é a principal estrutura de seu culto.
No Templo você faz sermões para seus seguidores, o que gera energia para fortalecer o cordeiro, desbloqueando novas armas e maldições (magias usadas em batalha). E é no templo em que muitas outras ações importantes são feitas, como rituais, que geram diversos efeitos para o culto.
Entre exemplo de rituais há uma dança ao redor da fogueira, que aumenta a Fé de seus seguidores. Realizar um casamento para seu cordeirinho (E, como você é o líder o culto, pode se casar com quantos seguidores quiser!); realizar um ritual de sacrifício, matando um de seus seguidores em troca de poder. E muitos outros.
Acima de tudo, o mais importante é manter seus seguidores felizes. Do contrário, eles se rebelarão contra você, deixarão o culto ou até mesmo poderão morrer prematuramente. Para evitar isso, você deve manter a Fé deles alta (Nesse caso, Fé é o equivalente ao medidor de felicidade), deve mantê-los saudáveis e bem alimentados. Para isso, você precisará cozinhar para eles, construir banheiros, limpar cocôs e vômitos se eles ficarem doentes, e continuar realizando sermões para mantê-los fiéis.
Mas, ao mesmo tempo que você precisa manter seus seguidores felizes, eles são, no fundo, recursos a serem utilizados. Sacrifique-os em troca de poder, troque-os por itens com outros NPCs, ou transforme-os em demônios que te ajudarão durante suas runs. Você é o líder do culto e seus seguidores farão tudo o que você desejar.
Por isso, mantenha seus seguidores alegres e saudáveis. E nunca deixe de recrutar novos seguidores, até porque mesmo que você jamais sacrifique algum deles, eles envelhecem e com o tempo acabarão morrendo de forma natural. A morte é o elemento mais comum na narrativa e nas mecânicas de Cult of the Lamb, por isso não se espante com isso enquanto joga, pois ou a morte acontecerá “naturalmente”, ou você será a causa.
O lado Rogue-lite do game
Fora de suas tarefas gerenciando seu culto, você pode visitar alguns outros lugares e conversar com NPCs, que vendem itens e possuem algumas quests próprias, e até participar de algumas atividades, como pescar. E, quando você não está fazendo nada disso, você estará desbravando as 4 áreas diferentes do game e derrotando diversos inimigos.
Cada região é controlada por um Bispo, seu objetivo é atravessar diversas salas geradas proceduralmente até que possa enfrentá-los. E nesse ponto Cult of the Lamb é um Rogue-lite bem simples e sem complicação.
A progressão é feita através de duas formas: Primeiramente temos o mapa de cada região, que geram caminhos que o jogador pode escolher trilhar. E dentro de cada ícone do mapa há um “evento”, que pode ser uma dungeon com inimigos, ou áreas sem batalhas – como encontrar uma área apenas com recursos, outra com um animal que pode ser convertido para o culto, diferentes vendedores e etc. E no final, sempre há a área do chefão atual.
As áreas de batalha são formadas por mapas compostos de salas interligadas, em que você deve derrotar todos os inimigos em uma sala antes de avançar para a próxima. Essa áreas sempre terminam em uma saída, que leva à próxima região do mapa. Mas, se houver um chefão presente, o mapa se encerra ali.
Para chegar até os Bispos você precisa inicialmente derrotar 3 chefões base. Ou seja, cada região contra com no mínimo 4 runs: 3 com chefões base e a última com um dos quatro Bispos para serem derrotados. E sendo um Rogue-lite, a penalidade por morrer enquanto se está em uma run não é tão grande assim. Se você morrer, perderá parte dos recursos que coletou durante a jornada, e perderá um pouco da Fé de seus seguidores, que ficarão descontentes com seu fracasso.
Na parte das batalhas, o game é bem simples: Você começa cada run equipado com uma arma e uma maldição, que são escolhidas aleatoriamente. As armas contam com adagas, espadas, machados e etc. E as maldições são as magias que você pode usar, por exemplo atirar uma bola de fogo, gerar uma explosão de gelo a seu redor, disparar tiros venenosos e vários outros tipos. Novas armas e maldições são desbloqueadas conforme seu culto se fortalece.
Em síntese, os controles durante as runs são: atacar, usar maldição, esquivar e andar. É bem simples e intuitivo. O que muda entre uma run e outra são as armas e maldições que você encontra, e alguns upgrades na forma de cartas de Tarô. Essas cartas oferecem buffs passivos, como mais vida, mais poder de ataque e vários outros efeitos diferentes.
Uma coisa legal é que apesar do game cair na repetição de salas e inimigos por área, algo que não é um ponto negativo, mas que é comum num game gerado proceduralmente, é que sempre há variações interessantes. Mesmo que você veja o mesmo layout de sala de forma repetida, a quantidade de inimigos presentes, os tipos de inimigos, seus posicionamentos e até mesmo armadilhas são sempre aleatórios. Você pode dar a sorte de entrar numa sala pequena com apenas um inimigo forte, ou numa sala pequena com 6 inimigos fortes. Isso torna tudo bem mais intenso e divertido.
Audiovisual
Cult of the Lamb é um game ao mesmo tempo extremamente fofo e extremamente grotesco! É só ver qualquer uma das imagens do game espalhadas por essa análise que você vai ver do que estou falando. O cordeiro que você controla, seus seguidores, o seu culto, com todas as construções que você faz, é tudo muito fofo e bonitinho!
E aí entra a parte dos inimigos, das batalhas e alguns rituais do culto, que são muito sombrios. O game é recheado de sangue, ainda que cartunesco, mas contém muitas cenas bem grotescas e impressionantes! Pegue um exemplo as aparências dos chefões, incrivelmente monstruosos! Ou então um ritual de sacrifício, em que você assiste a um de seus seguidores fofos serem capturados por um tentáculo gigante e puxados para uma dimensão sombria!
O game ainda possui cenários formados com efeito parallax, o que faz tudo parecer ser feito de dioramas de papel, quase como aqueles livros pop-up, em que as imagens saem do papel. E a riqueza de detalhe de todos os cenários é excelente. Cada região possui um bioma diferente, com vegetação, luzes e elementos de background que criam cenários muito criativos.
O game ainda conta com uma trilha sonora espetacular. Composto de músicas eletrônicas com uma pegada muito diferenciada e única, que casa perfeitamente com o estilo visual de Cult of the Lamb. Ouvir a música que toca enquanto você está em seu culto e só assistir seus seguidores trabalhando é muito relaxante. Ou então ouvir as músicas cheias de tensão e elementos de terror durante as runs ajuda a bombear adrenalina nas sessões de gameplay.
Cult of the Lamb ainda conta com localização completa em português brasileiro, com um trabalho excelente de tradução. Em minha jogatina, apenas duas vezes me deparei com pequenos erros, mas não de tradução, e sim com dois NPCs falando em espanhol. Mas esses erros foram totalmente pontuais, e os textos em nosso idioma são muito bem feitos.
Conclusão
Cult of the Lamb é mais um game com o selo da Devolver Digital devidamente estampado. Ele é incrivelmente divertido, muito criativo e ainda mistura fofura, escuridão e sacrilégio de forma muito bem feita! Usando uma comparação superficial, é como se fosse o desenho Happy Tree Friends, mas com menos sangue e muito mais ocultismo.
O game é altamente divertido e rende horas e mais horas de jogatina sem que se torne cansativo. Cuidar de seu culto, ver ele prosperar e consequentemente tornar-se mais forte devido a isso, usando essa força em batalhas sangrentas pelas terras da Antiga Fé é algo muito satisfatório. E o visual bonitinho contrastando com essa violência deixa tudo ainda mais especial!
Cult of the Lamb será lançado amanhã, dia 11 de agosto com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e Nintendo Switch. Essa análise foi escrita com base na versão de PC que nos foi gentilmente cedida por nossos amigos da Devolver Digital!