Análise Arkade: Destroy All Humans! 2 Reprobed, um remake desnecessário

30 de agosto de 2022
Análise Arkade: Destroy All Humans! 2 Reprobed, um remake desnecessário

Em 2020, a THQ Nordic trouxe de novo um “clássico cult” de 2005: Destroy All Humans! O remake deve ter feito sucesso, pois hoje, a empresa está trazendo aos PCs e consoles um remake da sequência direta do game, Destroy All Humans 2!, lançado originalmente em 2006. E é nossa análise dele que você confere agora!

Viajando pelo mundo

Se no primeiro jogo, a ação se concentrava basicamente nos Estados Unidos e a principal ameaça eram os “Homens de Preto” da Majestic, Destroy All Humans 2! expande consideravelmente o escopo da aventura, que agora passeia por diferentes países.

A história não é necessariamente o ponto forte do jogo, servindo basicamente para dar uma motivação ao protagonista. A nave-mãe — onde ficava seu chefe, Orthopox — foi sumariamente destruída, e seus escombros caíram em diferentes partes do mundo, como Japão e Rússia. Para entender o que está acontecendo e recuperar destroços de tecnologia Furon, Crypto irá perpetrar caos e destruição, sendo guiado pela réplica holográfica de seu comandante.

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Crypto e um agente da KGB

Com os novos territórios para visitarmos, chega talvez a principal diferença deste jogo em relação ao seu antecessor: embora ele ainda se comporte como um jogo dividido em missões, agora o jogador fica muito mais livre para explorar o mapa entre uma missão e outrs. Não chega a ser um jogo de mundo aberto, mas os mapas são bem grandes, com um bom punhado de objetivos secundários espalhados.

Uma aventura genérica

Nos tempos do Playstation 2, talvez Destroy All Humans! 2 fosse um jogo com algum charme. A temática sci fi é interessante, e o humor “nível quinta série” do game sem dúvida tinha apelo para os jovens espinhentos de plantão.

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O problema é que as coisas mudaram bastante de 2006 para cá. O tipo de experiência que Destroy All Humans! 2 já foi vista centenas de vezes em outros jogos que trazem essa mistura de ação, tiro em terceira pessoa e humor. A p´ropria franquia Saints Row, que debutou naquele mesmo ano, fez muito mais por esse tipo de jogo ao evoluir o conceito de humor nonsense.

Deste modo, o que temos aqui é um jogo que claramente não envelheceu muito bem. As missões são extremamente repetitivas, e os diálogos com NPCs são demorados e obtusos. Usar os poderes e armas de Crypo para tocar o terror pelo mundo sem dúvida é divertido… mas logo fica cansativo. O fato do jogo ser relativamente longo só piora as coisas, com missões e desafios “requentados” que só deixam o jogo inchado.

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Destruir coisas com o disco voador sempre é divertido

as partes mais legais talvez sejam as missões em que podemos usar nosso disco voador para causar caos e destruição… mas mesmo elas são reféns de um design sem graça e pouco inspirado, que vai te fazer carregar tranqueiras para lá e para cá, ou destruir elementos específicos do cenário. No geral, falta criatividade e sobra repetição ao longo de toda a campanha.

Mecanicamente, as atualizações nos controles que vimos no remake de 2020 seguiem fazendo um bom trabalho aqui. O jogo é bastante responsivo e, no geral, agradável de se jogar. No quesito gameplay, houve um bom trabalho para atualizar a aventura de Crypto para os dias atuais, mapeando os controles de forma inteligente para os gamepads modernos.

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Uma novidade interessante — que infelizmente não pude testar — é a presença de um modo cooperativo, que epode ser jogado tanto localmente quanto online. A campanha inteira pode ser aproveitada por dois jogadores em tela dividida, o que sem dúvida deve agilizar a conclusão de alguns objetivos mais pentelhos.

Embora a sequência tenha incorporado algumas novidades à fórmula, a experiência em si que o jogo oferece é bastante similar à que vimos no primeiro game. E sem o “fator novidade”, o que sobra é um jogo formulaico, repleto de missões genéricas e humor controverso.

E já que falamos em humor…

Destroy All Humans! 2 é um jogo que realmente “se esforça” para ser rebelde e ofensivo. O problema é que ele faz isso de maneira extremamente grosseira, com piadas que provavelmente já eram questionáveis lá em 2006, e chegam totalmente desconectadas com o mundo “mais careta” de 2022.

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Assumir a forma humana é essencial para passar despercebido

O início do jogo até tenta deixa isso claro, relembrando o jogador que o roteiro é de uma outra época, mas eu realmente acho que os produtores poderiam ter repensado as dezenas de comentários misóginos e preconceituosos que saem da boca do protagonista.

Sabe como dizem que certos episódios d’Os Trapalhões não seriam bem aceitos pela sociedade, hoje em dia? Destroy All Humans! 2 vai pelo mesmo caminho: seu humor é fruto de uma outra época, e não funciona direito hoje em dia. Eu não tenho nada contra humor controverso, mas é fato que certas coisas merecem ser deixadas no passado.

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E não estou falando isso para ser “lacrador” — adoro sarcasmo, ironia e tudo isso — mas é que o jogo realmente pega pesado em alguns comentários, mas não faz isso para enriquecer a história, faz só pela “zoeira”, mesmo. E como dessa vez temos legendas em português brasileiro, fica bem mais evidente que o jogo não tem nada de muito relevante para dizer.

Audiovisual

Aqui temos outra bola dentro do jogo: como estamos falando de um remake, não de um remaster, o que temos aqui é um jogo com ótimo visual e personagens que seguem utilizando a estética mais caricata que vimos no remake do primeiro jogo, o que deixa tudo um pouco mais “leve”.

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O Photo Mode permite admirar as paisagens do game

A trilha sonora segue sendo incidental, e tem aquela vibe bem “filme B de ficção científica” que eu particularmente acho bem charmosa. As vozes (em inglês) são as mesmas do jogo original remasterizadas, e no geral são boas — o problema, como já mencionei, é o “conteúdo” dos diálogos.

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Como estamos nos anos 60, a psicodelia hippie faz parte do jogo

É curioso notar que, pelo menos neste primeiro momento, o jogo está saindo apenas para PCs e consoles das nova geração… mas ele sem dúvida rodaria tranquilamente no PS4 e no Xbox One. Não há nenhuma novidade que pareça tecnicamente muito avançada para justificar o fato de deixar a geração passada para trás.

Conclusão

Sabe aqueles remakes que não tem muito propósito de existir? Pois bem, Destroy All Humans 2! Reprobed faz parte desse grupo. Ele não é um jogo ruim… mas também nunca foi lá muito bom, para começo de conversa. É um jogo no máximo ok, que já era “no máximo ok” lá em 2006, e não evelheceu muito bem — tampouco se tornou um clássico imperdível.

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Sei que a franquia tem uma considerável legião de fãs, que sem dúvida irão se divertir revisitando as aventuras de Crypto e suas armas e equipamentos malucos para extrair cérebros e explodir coisas. Mas, se você não faz parte desse grupo de fãs nostálgicos, este é um remake que você definitivamente não precisa jogar.

Destroy All Humans! 2 Reprobed está sendo lançado hoje, com versões para PC, Playstation 5 e Xbox Series X|S (versão analisada).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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