Análise Arkade: Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores é tosqueira (proposital) e sci fi 100% brasileiro

15 de novembro de 2022
Análise Arkade: Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores é tosqueira (proposital) e sci fi 100% brasileiro

Tem jogo brasileiro na área! Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores é um shoot’em up brasileiro que esbanja estilo, com uma estética retrô maravilhosa, desafio de alto nível e uma tosqueira (proposital) que é muito charmosa!

Alienígenas bonzinhos?

No cinema e na cultura pop, geralmente os alienígenas são malvados já de cara. A chegada deles cria guerras e conflitos imediatos, afinal, a raça humana vai tentar defender o planeta a todo custo.

Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores, porém, vai por um caminho curiosamente diferente. Aqui conhecemos uma Terra que já foi invadida, mas os aliens se misturaram ao nosso povo para viver em harmonia… ou pelo menos é isso que eles querem que a gente pense!

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Não demora para a Corporação Vega, que é a companhia alienígena liderada pelo terrível Zarog, começar colocar as manguinhas de fora e impor sua política predatória perante a raça humana.

Neste momento de crise e opressão, o grupo rebelde Esquadrão 51 surge para rechaçar os aliens e acabar com toda a violência que está sendo perpetrada contra a humanidade.

A história do jogo é simples, mas ganha muitos pontos pela forma como é contada: tudo é mostrado por meio de sequências em FMV com atores reais. As cenas são propositalmente toscas, para emular a estética dos filmes de ficção científica dos anos 1940 e 1950.

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É uma escolha de design muito peculiar, mas que funciona muito bem, especialmente porque as cenas filmadas e o gameplay mantém a mesma identidade, tornando o conjunto da obra muito coeso.

Shoot’em up hardcore

Esquadrão 51 é um shoot ‘em up bem tradicional — ou “jogo de navinha”, como a gente aprendeu a chamar esse tipo de jogo ali nos anos 90. A progressão é horizontal e, embora o jogo brinque com perspectiva e profundidade em alguns momentos, o gameplay em si é puramente 2D.

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O gênero também é “carinhosamente” apelidado de bullet hell… por motivos óbvios

Nossa missão é basicamente destruir todos os OVNIs, torretas e armas alienígenas que aparecerem em nossos caminho… e tentar não ser destruído por eles. O que não é uma tarefa fácil, uma vez que este é um jogo que respeita o legado de dificuldade pelo qual este gênero ficou tão famoso.

Os inimigos atiram (muito), mas não é só isso: há discos voadores gigantes, torres e outros obstáculos que são fatais. Fases em cavernas ou dentro de fábricas possuem “piso” e “teto”, bem como prensas, engrenagens e engenhocas que vão tentar nos esmagar. Esbarrar em qualquer coisa afeta a blindagem da nave (ou pode ser morte certa).

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Aí entra um elemento um pouco rogue-lite do game, que são os upgrades permanentes. Conforme joga, você vai liberando novos slots para equipar melhorias, que vão continuar com você nas próximas partidas.

Isso inclui desde uma maior cadência de tiros para sua arma básica, até novos tipos de bombas para o ataque especial, uma vida extra, maior resistência a tiros — ou maior resistência a colisões com elementos do cenário (pois é, são coisas diferentes) –, e por aí vai.

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Por um lado, acho legal a liberdade de customização que este formato agrega ao jogo. Por outro, você pode acabar ficando em desvantagem. Explicando: há muitos inimigos (e até chefes) que chegam por trás. Se você não tiver o lança-chamas equipado, vai ficar totamente vulnerável contra esses caras. Deveria haver algum modo de redirecionar os tiros comuns, algo assim.

Audiovisual

Este sem dúvida é o ponto que mais se destaca do jogo. Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores adota (conscientemente) uma estética pautada pela tosqueira dos filmes de ficção de baixo orçamento de antigamente, e tudo gira em torno disso. Não por acaso, o jogo é todo em preto-e-branco, com muitos chuviscos e ruídos na imagem.

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É um festival de bizarrices extremamente divertido. Podemos ver os cabos sustentando as naves nas cutscenes, e a cidade sendo destruída é mais de papelão do que aquela dos Power Rangers. os monstros gigantes parecem de brinquedo. Curiosamente, fogo, explosões e faíscas são extremamente realistas, o que destoa (de um jeito positivo).

A trilha sonora segue a mesma pegada, emulando com muita propriedade os temas de ficção de décadas passadas. Lembra um pouco o que Destroy All Humans já fez, e funciona tão bem quanto lá.

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E, como já dito, temos ainda maravilhosas cutscenes filmadas, com atores e cenários reais, desenvolvendo a trama do game. As maquiagens dos aliens até que são bem decentes, mas de resto, tudo é galhofa e caricato — mais uma vez, falo isso de um jeito positivo. O jogo sabe o que quer ser, e leva asuas decisões estéticas muito a sério!

Conclusão

Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores é o tipo de jogo que conquista a gente mais pela sua estética do que pelo fator “jogo” em si.

Não me entenda mal, ele é um shoot ‘em up muito competente… mas se fosse só isso, ele seria “só mais um” shoot ‘em up. Você já jogou algo parecido com Esquadrão 51 diversas vezes, em termos de mecânicas e temática. Justamente por isso, é sua “cara de filme B” que realmente faz o jogo brilhar.

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E, não devemos esquecer do principal: esse é um jogo BRASILEIRO! O pessoal da Loomiarts e da Fehorama Filmes realmente se empenhou para criar algo especial. E eles conseguiram. Só por isso o jogo já merece a nossa atenção!

Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores está disponível para PC via Steam. Em breve, ele será lançado também para Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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