Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

21 de junho de 2023
Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

Um dos jogos mais esperados do ano por muita gente (eu incluso) chega amanhã ao Playstation 5. Já jogamos Final Fantasy XVI e agora você vai conferir em primeira mão nossas opiniões sobre ele!

Antes de mais nada, um disclaimer

Ser jornalista de games não é tão fácil quanto parece. Certos jogos me deixam muito apreensivo na hora de escrever uma análise. O recente Zelda Tears of the Kingdom é um ótimo exemplo. Eu não amei o jogo (por questões de gosto pessoal) como todo mundo, e expor isso aqui no site foi bem difícil. “Falar mal” de algo que todo mundo adora dá um medinho.

Menos de um mês depois, Final Fantasy XVI me coloca na mesma sinuca de bico, ainda que por razões bem diferentes. E desta vez, estou publicando a análise antes do lançamento, sem média no Metacritic, nem nada. Ainda não sei a opinião de todo mundo sobre o jogo. E isso me deixa ansioso. Estou “no escuro”, sem ter uma noção da aceitação geral do jogo pela impresa.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

E aí entra uma questão muito particular: eu sou fã de Final Fantasy desde os anos 90. Já contei aqui minha nostálgica história com FF VII e, recentemente, pude tirar o atraso dos primórdios da série com a incrível coletânea Final Fantasy Pixel Remaster. Eu tenho uma “bagagem” com a franquia, o que me leva a ter expectativas. E como dizem: a expectactiva é a mãe da frustração.

Muita calma nessa hora! Não estou dizendo que não gostei de Final Fantasy XVI! Ele é um bom jogo… mas talvez não seja um bom Final Fantasy.

Se isso soa confuso, me acompanhe ao longo dos parágrafos seguintes.

Uma história de vingança

Final Fantasy XVI se passa no mundo fantástico de Valisthea, que é regido pelo poder dos Cristais-Máter, enormes pedras preciosas que emanam a energia dos Eikons — entidades que antes eram chamadas de Summons.

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O Eikon Fênix em ação

Os diversos povos de Valisthea se valem de fragmentos mágicos dos cristais para os mais diversos fins. Há, contudo, pessoas especiais, os Dominantes, que são receptáculos da própria essência dos Eikons. Adorados por uns, temidos por outros, a simples existência desses indivíduos é motivo de guerras e desavenças diplomáticas.

Abaixo dos Dominantes, existem os Portadores, pessoas que podem usar uma pequena fração do poder dos Eikons — o que faz deles alvo de desconfiança. Ser um Portador não é legal em Valisthea. Eles possuem marcas características no rosto, e essa “anomalia”, somada aos poderes elementais, faz com que eles sejam marginalizados e até escravizados em um mundo que aprendeu a temer a magia.

Um desses Portadores é Clive Rosfield, protagonista do jogo e primogênito do arquiduque de Rosaria. Desde muito jovem, ele atua como “Primeiro Escudo” de seu irmão mais novo, Joshua, que é o Dominante da Fênix e futuro soberano de Rosaria. Sem se frustrar por não ser o Dominante, Clive faz seu melhor para proteger o irmão.

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Começamos a jornada controlando um Clive bem mais jovem

Claro que não demora para tudo dar errado: depois que um atentado arrasa sua família e o misterioso surgimento de um segundo Eikon de fogo vira seu mundo de cabeça para baixo, Clive passa mais de uma década vivendo no exílio. São 13 anos trabalhando como mercenário de aluguel enquanto planeja sua vingança contra a misteriosa figura encapuzada que lhe tirou tudo o que tinha.

A Song of Final & Fantasy

Sem me alongar demais para evitar spoilers, o que descrevi acima é a sinopse de Final Fantasy XVI, um jogo cheio de traições familiares e tretas diplomáticas entre nações que brigam para conquistar ou manter o poder.

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Joshua e seu pai, o arquiduque de Rosaria

Se isso tudo tem uma vibe muito Game of Thrones, não é por acaso: os desenvolvedores “foram obrigados” a assistir à série da HBO, declaradamente maior inspiração do novo game.

Isso não é realmente um problema. Apesar de ter acabado mal, Game of Thrones tornou-se um fenômeno cultural. Possui um mundo rico, personagens interessantes, ótimas reviravoltas e um viés político que nem sempre é explorado em obras de fantasia. Se o que a Square Enix buscava era uma boa referência ocidental para se inspirar, não houve quase nada tão grandioso quanto Game of Thrones nos últimos anos.

Deixo abaixo uma cutscene um tanto quanto violenta seguida de uma batalha, para você entender como o seriado afetou inclusive a estética do jogo:

Há conexões bem óbvias. Por exemplo: o exilado Clive tem como companheiro um grande lobo — Torgal — tal qual o bastardo Jon Snow. No esconderijo de Cid (sempre tem um Cid em Final Fantasy), temos um grandalhão que parece o Hodor. O próprio Cid é dublado por um ator de Game of Thrones (Ralph Ineson), e o mapa mundi do game lembra muito a icônica abertura da série.

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Sim, dá para fazer carinho no Torgal <3

Isso também não é um problema. O que me incomodou um pouco é que, por querer ser “maduro” como Game of Thrones, Final Fantasy XVI parece ter vergonha de ser um Final Fantasy. O universo do jogo é um “dark fantasy” — com ênfase no “dark”, e nem tanto no “fantasy”.

Final Fantasy sempre teve suas tragédias, mas costumava tratar isso de forma leve, divertida, até um pouco galhofa — que não lembra daquela maravilhosamente péssima cena do Tidus e da Yuna gargalhando no excelente FF X?

Final Fantasy XVI, por outro lado, é o que os gringos chamam de “edgy”. É um jogo que gosta de fazer pose de durão. Que espirra muito sangue na cara de crianças para mostrar como ele é malvado, para deixar claro que o clima é pesado.

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Achou que eu estava exagerando?

O lado incômodo disso é que esse “tom sombrio” reverberou até pelas decisões criativas do jogo. Os simpáticos Moogles, por exemplo, quase foram cortados de FF XVI simplesmente por serem “fofinhos demais”. Parece bobagem, mas esse tipo de notícia deixa claro que, nessa mudança de tom, escolhas precisaram ser feitas para manter a vibe almejada.

Certa vez, li em um livro de game design que um bom personagem é facilmente reconhecível pela sua silhueta. E é verdade. Pense no Cloud, ou mesmo no Batman. Ou que tal o Mickey, ou o Pernalonga? Só pela sombra, você sabe quem eles são. São silhuetas icônicas.

Agora, olhe para a silhueta do Clive na imagem abaixo, e me diga: você saberia quem é ele — ou mesmo de que jogo é essa screenshot?

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Aquela coisa de pedra até passa uma vibe meio Xenoblade Chronicles, não?

Entendeu como a vibe Game of Thrones afetou a estética do jogo? Foi-se o tempo dos protagonistas andróginos, com penteados exagerados e roupas de gosto duvidoso. Clive é marrento, fala grosso, tem a barba mal feita… e poderia muito bem ser o protagonista de qualquer Souls-like genérico lançado na última década.

É como se o mundo sombrio e maduro de Final Fantasy XVI não comportasse a fofura e a galhofa característicos da franquia. E isso é um pouco triste. Ironicamente, a própria Square já nos mostrou que é possível manter a cafonice viva: eles trouxeram de volta a missão de vestir o Cloud de mulher em Final Fantasy VII Remake, oras! E funcionou muito bem, mesmo dentro de uma estética atualizada e mais realista.

Talvez isso não incomode quem não gosta tanto da série. Como todo jogo numerado da franquia, Final Fantasy XVI funciona perfeitamente bem de forma independente, não se conecta diretamente com nenhum título que veio antes dele, e pode inclusive ser uma ótima porta de entrada para novos fãs. Mas eu, como um fã das antigas, que tenho enorme carinho pela série, fiquei meio incomodado.

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Clive é durão, mas ficou chateado com isso 🙁

E não é só na história e no tom que Final Fantasy XVI busca inspirações em outras obras. Falemos mais sobre isso.

RPG simplificado

Final Fantasy XVI simplifica diversos elementos do que conhecemos como RPG. Ele não é mais um RPG de mundo aberto — o que eu, particularmente, acho ótimo. Como já disse antes, tenho preguiça de jogos enormes, inchados. FF XVI é praticamente um jogo de fases linear. De fato, sua abordagem até lembra a do injustiçado Final Fantasy XIII.

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Parece um vasto mundo aberto, mas é apenas uma das áreas exploráveis do jogo
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E assim é o mapa dela: fechado, cheio de paredes invisíveis e caminhos sem saída

Não podemos explorar livremente um mundo aberto vasto, como em tantos outros jogos: as missões de história nos levam para lugares específicos, que aparecem como pins no world map estilo Game of Thrones. A viagem é rápida e seca, sem firulas ou cutscenes. Entramos em uma área explorável linear, cumprimos nosso objetivo, a história avança, aí vamos para a próxima área, e assim sucessivamente.

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Isso não lembra o mapa de Game of Thrones?

Sequer vemos os personagens no mapa, apenas selecionamos o próximo lugar para ir, com um cursor de mouse. Seria legal se, para prestar homenagem aos clássicos, pudéssemos ver os personagens caminhando pelo mapa, mesmo que fosse por caminhos pré-definidos. Podia até mesmo ser em pixel art.

Os personagens até foram criados em pixel art retrô: podemos vê-los no cantinho do menu e na tela de save. Perdeu-se uma oportunidade de ouro ao não inserir estes modelos no mapa do jogo, pois isso sem dúvida deixaria a navegação um pouco mais lúdica — e com uma bela pitada de nostalgia. Mas né, talvez isso também fosse “fofinho demais” para o jogo.

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Olha que coisa mais bonitinha os personagens em pixel art no menu <3

Há um esconderijo, que serve como hub, e certas áreas maiores possuem cidades e vilarejos onde interagimos com NPCs e nos são passadas boa parte das missões secundárias. É também nesses lugares que podemos comprar itens, melhorar nossos equipamentos — que são bastante escassos, diga-se de passagem — ou refazer missões da campanha.

O inventário é super enxuto: só podemos carregar algumas poções e tônicos. Os equipamentos se resumem a cinturões, braceletes e acessórios que sequer mudam o visual do personagem.

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Não espere deixar Clive “do seu jeito”. As opções são bem escassas

A árvore de habilidades também é super econômica — chega a ser broxante compará-la ao complexo Sphere Grid de FF X, por exemplo. E, tudo só vale para Clive, o protagonista: não podemos mexer nos equipamentos ou habilidades da party, nem controlar os outros personagens em combate, como em Final Fantasy VII Remake.

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Novos Eikons adicionam novos arcos, mas a quantidade de habilidades é pequena

Esta simplificação deixa Final Fantasy XVI mais parecido com um jogo de ação linear do que com um JRPG — o que, não é necessariamente um problema, mas sei que pode fazer muita gente torcer o nariz para o game.

Devil May Cry + Bayonetta 3 = FF XVI

Essa vibe “menos RPG, mais jogo de ação” é corroborada pelo sistema de combate do jogo. Final Fantasy XVI tem como diretor de combate um sujeito chamado Ryota Suzuki, que trabalhou na Capcom por décadas, atuando em games como Devil May Cry, Dragon’s Dogma e até mesmo Marvel Vs. Capcom. E ele trouxe toda essa sua bagagem para o jogo.

As batalhas de Final Fantasy XVI são frenéticas, sem pausas estratégicas para usar magias, nem nada do tipo, mas com alguns QTEs (quick time events) pontuais. O foco é todo em Clive: só podemos dar algumas ordens simples para o lobo, e nenhum outro membro da party possui sequer barra de HP visível.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

Clive utiliza ataques físicos diretos e os poderes “emprestados” pelos Eikons para fazer miséria com os inimigos. Conforme a história avança, podemos recrutar e “equipar” diferentes Eikons, que nos concedem golpes especiais e magias próprias. É possível alternar entre eles em tempo real ao pressionar de um botão, o que é bem legal para trazer dinamismo aos combates.

Sem pontos de MP, agora as habilidades mais poderosas possuem cooldown. Como podemos alternar entre os diferentes Eikons “equipados”, conforme acumulamos entidades, podemos variar entre elas, de modo que, enquanto uma está em cooldown, usamos outra.

Vou deixar aqui um combate contra um monstro comum do jogo, para você entender a dinâmica das batalhas:

Eu diria que o sistema de combate “tenta ser” como o de Devil May Cry, mas é bem mais simples. E o game deixa tudo mais acessível ao fornecer acessórios equipáveis que automatizam esquivas, uso de itens e até de habilidades especiais. Você decide se quer equipá-los ou não, de acordo com sua experiência com esse tipo de jogo.

A parte Bayonetta 3 entra nos titânicos confrontos entre Eikons: se a bruxa voluptuosa podia transformar seu cabelo em monstros gigantes, aqui temos, em momentos-chave da história, a possibilidade participar de confrontos entre as criaturas mais poderosas do universo Final Fantasy.

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Os fãs de longa data vão reconhecer todas as entidades presentes no game — Ifrit, Bahamut, Ramuh, Odin, entre outras. Estes momentos são divertidos e apoteóticos e me lembraram não só de Bayonetta 3, mas também do inusitado duelo kaiju que vimos em Bowser’s Fury, aquele extra de Super Mario 3D World no Switch.

Eu gostei destas duas facetas do sistema de batalha, ainda que, no geral, tenha achado o jogo meio fácil — isso que joguei no modo “Ação“, não no modo “História“. Claro que existem chefes opcionais e caçadas bem mais desafiadoras, mas eu diria que, nas missões principais, o nível de desafio é calibrado para não deixar ninguém travado.

Audiovisual

Exclusivo temporário do Playstation 5, os quase 100GB de Final Fantasy XVI são muito bem representados no console de nova geração da Sony. O jogo é deslumbrante, com uma qualidade audiovisual digna de uma franquia tão renomada.

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O realismo dos cenários impressiona

O fato de não trazer um mundo aberto massivo permite que cada lugar seja único, com um level design “feito à mão” caprichado. As áreas podem até ser bastante lineares (e com muitas paredes invisíveis), mas são muito bem construídas e conseguem deixar a gente de queixo caído.

Com duas opções de exibição (optei por jogar em 30fps com visual aprimorado) e uma direção de arte incrível, o mundo de Valisthea até traz o tom sombrio da Westeros de Game of Thrones, mas, ainda consegue surpreender com paisagens exuberantes e criaturas exóticas.

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Olha esse chefe gigante, que incrível!

No departamento sonoro, temos mais um acerto: o jogo tem ótimas dublagens, e os atores realmente se esforçaram para dar aos diálogos o peso dramático esperado. A trilha sonora brinca com a nostalgia ao reinventar temas clássicos (a fanfarra de vitória está mais épica do que nunca), mas se destaca também pelas novas faixas, que, vão de orquestrações e coros épicos a arranjos sutis e reflexivos.

Não encontrei praticamente nenhum bug em minha campanha, o que me leva a crer que o jogo recebeu um extensivo trabalho de QA. Há um uso moderado dos recursos do DualSense (especialmente na vibração), mas nada que realmente se destaque. Ah, e não podemos esquecer que o jogo possui menus e legendas em português brasileiro! Algumas expressões parecem estranhas, mas, no geral, o trabalho de localização é competente.

Opiniões polêmicas e crise de identidade

Eu sei que o tom desta análise está um tanto quanto negativo e reclamão, mas não me entenda mal: eu gostei do jogo. Presumo que ele vai ganhar notas acima de 8 por aí, o que certamente o coloca entre os bons títulos lançados neste ano.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?
Clive não aguenta mais me ver reclamando do jogo dele…

Se eu for análisa-lo “friamente”, no vácuo, sem contexto, Final Fantasy XVI é um bom RPG de ação. É linear e simplificado, mas possui bom ritmo, boa história, boas mecânicas de combate. Mas aí é que tá: isso tudo faz dele um bom RPG de ação, não um bom Final Fantasy. É uma linha tênue, mas existe, e eu não consigo apagá-la, pois está atrelada ao meu carinho pela franquia.

Faz tempo que Final Fantasy deixou de ser aquele “RPG de fantasia medieval por turnos”, e eu respeito essa evolução. Inclusive, gosto muito dos títulos mais futuristas, como FF VIII (meu favorito — me julguem), e mesmo o controverso FF XIII trouxe boas ideias, especialmente em seu sistema de combate.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?
Boa notícia: o jogo tem Photo Mode (mas é beeem básico)

Final Fantasy XVI traz um olhar mais ocidentalizado para a franquia — mais até do que o bromance sobre rodas de Final Fantasy XV. Este novo capítulo coloca a franquia ainda mais no caminho “jogo de ação”, afastando-a da experiência de um JRPG mais tradicional.

Isso não é necessariamente um problema… porém, faz com que o jogo perca sua identidade. Eu citei Game of Thrones, Bayonetta, Devil May Cry e até Super Mario ao longo desta resenha. E ao se parecer “demais” com essas outras obras, FF XVI se parece “de menos” com Final Fantasy.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?
Mas pelo menos ele ainda tem Chocobos 🙂

Ironicamente (ou não), o jogo foi desenvolvido pela Creative Business Unit III, um braço da Square Enix que tem um nome totalmente desprovido de identidade.

Não sei você, mas Creative Business Unit III me soa como algo extremamente corporativo, insípido, formado por um bando de engravatados sem rosto que tomam decisões baseadas no apelo mercadológico, e não no que seria melhor para o jogo — e o jogador.

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Esse nome na tela inicial não me inspira confiança nenhuma

Pode não ser nada disso, mas sei lá. Esse nome genérico da equipe de produção só reforça a minha impressão de que faltou “alma” em um jogo que tem referências demais e identidade de menos.

Conclusão

E aqui voltamos ao que eu martelei ao longo desta análise: Final Fantasy XVI é um bom jogo, mas não necessariamente um bom Final Fantasy. Não há nada explicitamente “errado” com ele, mas eu diria que essa amálgama de influências diluíram a personalidade do jogo em um “RPG de ação” um tanto genérico.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

Na minha opinião, ele poderia ter outro título, ser o início de outra franquia, uma nova IP, com “insira um nome fod@ aqui” e um protagonista badass na capa. Mas, mercadologicamente, isso não faria sentido. A marca Final Fantasy tem um peso enorme, e considerando que novas IPs como Forspoken deixaram a desejar, é natural que a Square Enix não queira se arriscar.

Eu gostaria mais dele se não fosse Final Fantasy? Talvez. Como eu disse, ele é um bom jogo. Mas eu jogo Final Fantasy há mais de 20 anos. Tenho um carinho enorme pela franquia. E, justamente por isso, cada novo jogo me enche de expectativas. Se não se chamasse Final Fantasy XVI, provavelmente eu reclamaria menos. Afinal, não haveria todo o histórico, o peso da marca, a importância que a franquia tem para mim.

Análise Arkade: Final Fantasy XVI é menos RPG e mais ação. Mas será que isso é bom?

Encerro esta análise relembrando que esta é só a minha opinião sobre o jogo, baseada na minha experiência com ele. Neste momento, centenas de outros sites e canais já publicaram suas próprias análises, e muitas delas sem dúvida são mais elogiosas.

E, que fique claro: o fato de eu ser um pouco mais “crítico” não significa que não gostei do jogo. Reconheço suas qualidades, e o saldo final é bem positivo. A história é instigante, o gameplay é divertido e a jornada de vingança de Clive é épica e “madura”.

Ou seja (só para reforçar): Final Fantasy XVI é um bom jogo… mas, na minha opinião, não é um bom Final Fantasy. Depois de ler essas mais de 3.000 palavras, deu para entender a diferença?

Final Fantasy XVI será lançado amanhã, 22/06, exclusivamente para Playstation 5. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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