Análise Arkade: Fort Solis, um walking simulator cheio de mistério em Marte

29 de agosto de 2023
Análise Arkade: Fort Solis, um walking simulator cheio de mistério em Marte

Prepare-se para explorar o lado oculto de Marte em um jogo que aposta todas as suas fichas em um visual extremamente realista. Esta é nossa análise de Fort Solis, um thriller espacial cheio de mistério.

Um alerta misterioso

A trama do game se passa quase 60 anos no futuro nos apresenta a uma dupla de engenheiros/astronautas — Jack Leary e Jessica Appleton — que está realizando um trabalho de mineração em Marte. Durante sua rotina, eles acabam recebendo um chamado de alerta de outra base — a tal Fort Solis do título.

O mau tempo do planeta vermelho, aliado à estranheza do chamado em si, motivam Jack a ir até lá, para ver se a equipe da Fort Solis está precisando de uuma mãozinha.

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“Bem-vindo a Fort Solis

Chegando lá, encontramos tudo abandonado, e a sensação de “deu m*rda” é grande. E é aí que Fort Solis começa para valer. Nosso objetivo é, basicamente, explorar a enorme instalação, a fim de tentar entender o que houve e onde foram parar todos.

Fort Solis é um Walking Simulator

Eu sei que as imagens e a própria temática dão ao jogo uma aura meio Dead Space. Mas, muita calma nessa hora: permita-me nivelar as suas expectativas. Fort Solis não é um survival hoorror, e muito menos um shooter espacial. O que temos aqui é um walking simulator. A diferença é que, ao contrário da maioria dos jogos desse tipo, ele se apresenta em terceira pessoa.

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Isso quer dizer que o gameplay não tem nada a ver com atirar em aliens malvados ou desmembrar mutantes. Em Fort Solis, vamos passar a maior parte do tempo caminhando, interagindo com pontos de interesse, ouvindo audiologs e lendo e-mails. O jogo até tem o clima de Dead Space — muito mais do Prey de 2017, eu diria –, mas a experiência aqui é outra.

E quando eu digo caminhando, é caminhando MESMO. Fort Solis não tem botão de corrida, muito menos de pulo ou ataque. De fato, o personagem só corre quando o o jogo quer que ele corra. E faz sentido. Afinal, Jack é um sujeito normal, está em um dia de trabalho. No mundo real a gente não sai correndo e pulando por aí, não é mesmo? Ainda que isso possa aborrecer algumas pessoas, este é um jogo que retrata quão mundana a exploração de uma base espacial pode ser.

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Tão mundana que dá até para tomar uma cervejinha

Sendo justo: até existem algumas “cenas de ação” scriptadas e alguns quick time events aqui e ali. Mas são exceções. Tenha em mente que o verbo primordial de Fort Solis é caminhar explorar.

Isso nem de longe é um ponto negativo. Fort Solis tem todo o clima de um bom thriller espacial com foco na investigação. A ambientação é a maior estrela do jogo, e passa muito bem a ideia (um tanto assustadora) de estarmos sozinhos em uma base isolada nos confins de Marte.

Tá, mas e a história, é boa?

É… porém, também é um pouco anticlimática. Apesar de seu andamento um tanto lento, Fort Solis acaba de um jeito meio abrupto. E a conclusão da narrativa não é particularmente empolgante. A gente não termina pensando “uau, isso foi incrível!”, mas algo tipo “ué, era só isso?”.

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O que é uma pena, uma vez que a construção do mistério é muito boa. Conforme exploramos a base — que é cheia de portas fechadas, mas que vamos conseguindo acessar conforme encontramos key cards –, vamos entendendo mais sobre os experimentos que estavam sendo conduzidos ali, e sobre como eles afetaram as pessoas que viviam e trabalhavam em Fort Solis.

Um rastro de sangue aqui, uma mensagem comprometedora ali, um traje espacial manchado acolá… o jogo constrói um ótimo clima, mas, infelizmente, não entrega uma história à altura.

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Isso definitivamenten ão é um bom sinal

O lado “bom” é que a experiência como um todo é curtinha: do início da jornada ao subir dos créditos, Fort Solis não passa das 4 horas de duração.

A beleza e as atuações de Fort Solis

Fort Solis não é um AAA, mas sonha alto e, tecnicamente, não deve nada para jogos com muito mais verba. Produzido com a moderna Unreal Engine 5, seu visual ultrarrealista é impressionante, com cenários muito bem construídos e animações minuciosas.

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Se por um lado criar um jogo onde o personagem “só anda” dá menos trabalho, por outro, é louvável a atenção aos detalhes que o time da Fallen Leaf Studios colocou aqui. Pegar objetos, subir escadas, ou simplesmente caminhar são ações prosaicas do dia a dia, mas que foram recriadas com máximo esmero no game.

Também me agrada muito a fisicalidade do mundo. Quando encontramos um audiolog, ele não começa a tocar automaticamente: vemos o personagem pegando um cartão de memória, inserindo-o no minicomputador do traje, para então dar o play. É só um detalhe, mas que demonstra o nível de esmero dos desenvolvedores.

Tipo assim:

Esse nível de qualidade também pode ser encontrado nas atuações. Fort Solis tem um elenco de primeira, que conta com nomes como Troy Baker (o Joel, de The Last of Us) e Roger Clark (o Arthur Morgan, de Red Dead Redemption II). Eles e todos os outros dubladores, entregam excelentes atuações.

As conversas (que rolam basicamente pelo rádio) entre Jack e Jessica são especialmente boas. São papos super mundanos, mas que traduzem bem o clima de camaradagem e a intimidade de pessoas que trabalham (e se aturam) todo santo dia.

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Não há muitas músicas aqui, mas isso é proposital. Afinal, estamos explorando uma base abandonada em Marte. O silêncio é pontuado por sons de passos, mecaniscos pneumáticos de portas, vendavais uivantes e todos os barulhinhos que um departamento sonoro pode colocar para ajudar a enriquecer a ambientação — destaque, inclusive, para o bom uso do alto falante e das luzes do DualSense (joguei a versão PS5).

Vale ressaltar que temos legendas em português brasileiro — algo indispensável para o bom entendimento da história. E o mais legal é que e-mails e documentos estão realmente escritos em português na interface do jogo, não apenas legendados.

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Prepare-se para ler muitos e-mails

Conclusão

Fort Solis é uma experiência breve que, no frigir dos ovos, não tem muito a dizer. Mas, ganha pontos por seu apelo estético e pelo “palco” que constrói para contar sua história.

Com visual impressionante, ótimas atuações e um forte clima de tensão, o jogo se destaca como um walking simulator diferenciado — muito por conta do capricho técnico empregado no visual e nas animações dos personagens.

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É aquele tipo de jogo que quem resolver “zerar pelo Youtube” não vai perder muita coisa em termos de mecânicas, mas sem dúvida vai perder o impacto e a solitude opressora de se estar sozinho (ou não) em uma base marciana. Se resolver experimentar, só lembre de vir com suas expectativas bem calibradas. Parece Dead Space, mas a pegada aqui é outra.

Fort Solis está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series X|S. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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