Análise Arkade: Kirby and the Forgotten Land, um prato cheio de carisma e diversão
Kirby, a bolota cor de rosa mais simpática do mundo dos games, ganhou recentemente um novo jogo! Confira agora nossa análise de Kirby and the Forgotten Land!
Não é um jogo de mundo aberto
Os trailers de Kirby and the Forgotten Land deixaram muita gente confusa. Nos materiais de divulgação, o personagem parecia estar explorando uma versão pós-apocalíptica do nosso mundo — em uma vibe que lembrava até o que vemos em The Last of Us — que dava a impressão de ser open world.
Pois bem, Kirby de fato está em um local abandonado, com uma vibe pós-apocalíptica, a tal Forgotten Land que dá nome ao jogo. Acontece que um vortex misterioso “sugou” o personagem para lá, bem como centenas de seus companheiros Waddle Dees. Se quiser voltar para casa com seus amigos, Kirby terá que explorar este mundo estranho e descobrir quem está por trás disso.
Apesar de ter uma “cara” de mundo aberto, Kirby and the Forgotten Land ainda é, orgulhosamente, um jogo de plataforma 3D (com câmera mais ou menos fixa) dividido em fases. Na prática, ele funciona de forma similar ao ótimo Super Mario 3D World.
Como nos clássicos do gênero, o mapa do jogo serve basicamente como um hud, por onde acessamos as fases. Conforme salvamos Waddle Dees, eles vão criando uma comunidade, que podemos visitar para participar de mini-games e melhorar nossas habilidades.
E, também como nos clássicos, o mundo divide-se em áreas temáticas: o clima pós-apocalíptico é comum a todas elas, mas existe, por exemplo, uma área mais urbana, outra congelada, e até mesmo um punhado de fases dentro de um parque de diversões abandonado!
Saltando e explorando
Embora Kirby tenha passado a maior parte de sua “carreira” preso ao plano 2D, é impressionante como Kirby and the Forgotten Land flui bem em seus ambientes tridimensionais. O gameplay é super macio e responsivo — este é um jogo realmente gostoso de jogar, pois, ainda que não tenha sido produzido pela Nintendo, sem dúvida tem o selo de qualidade da empresa.
Cada fase tem cerca de 10 Waddle Dees que podem ser resgatados. Alguns deles estão presos em gaiolas que estão escondidas pelos cenários, mas há também outros que são encontrados mediante o cumprimento de objetivos secundários “secretos” — cada fase tem pelo menos 3 destes. Viu um patinho perdido? Pode ter certeza que há mais deles nas redondezas: levá-los de volta até sua mãe é um destas sidequests secretas. Até mesmo as batalhas contra chefes possuem objetivos secundários interessantes!
Estes artifícios são ótimos para estimular o jogador a explorar cada cantinho dos cenários em busca de passagens e segredos. E, claro, também aumenta o fator replay, uma vez que, cada vez que você termina a fase, revela qual era um dos objetivos secretos que por ventura não descobriu, para tentar novamente prestando mais atenção, se quiser.
Além das fases comuns, que seguem o esquema plataforma 3D, o jogo ainda possui dezenas de “mini-fases” com desafios temáticos que, em sua maioria, demandam uma habildade específica para serem superados. Kirby já começa estas fases com o poder correspondente, cabendo ao jogador utilizá-lo com inteligência e rapidez para cumprir o objetivo.
Vale ressaltar que o jogo possui um modo cooperativo para dois jogadores, mas, tal qual outros exclusivos da Nintendo, é meio capenga. O segundo jogador assume o controle de um Waddle Dee genérico, que não possui as habilidades do protagonista. Ou seja, jogar com o player 2 é uma experiência mais limitada e menos divertida.
O curioso Mouthful Mode
Kirby é uma criaturinha que, por si só, não possui grandes aptidões. Porém, seu diferencial é a capacidade de “engolir” obejtos e inimigos, assimilando seus poderes — e até seus trajes. Há mais de uma dezena de transformações no jogo, e todas elas podem ser evoluídas pelo menos uma vez — algumas até duas.
Ao engolir seus inimigos, Kirby torna-se capaz de empunhar espadas, pistolas e martelos, pode cuspir fogo, jogar bombas, bumerangues, entrar no chão como uma toupeira ou varrer os arredores como um furacão. Experimentar a grande variedade de poderes que o personagem pode adquirir é uma das melhores partes do game.
E aí entra o alardeado Mouthful Mode, possivelmente a maior e mais pitoresca novidade do game. Agora, Kirby é capaz de “sugar” objetos muito maiores do que ele — como carros, escadas e máquinas de refrigerante. Mas, nestes casos, ele vira uma espécie de “capa” para o objeto em si, podendo se mover e utilizar algumas habilidades curiosas.
Na forma de carro, por exemplo, Kirby pode acelerar pelas fases, atropelando inimigos e quebrando paredes. Já na forma de cone, ele pode “furar” certas rachaduras em pisos e canos. Na forma de lâmpada, o personagem pode iluminar caminhos escuros — mas cuidado, pois a luz atrai inimigos!
Confira abaixo um pouco de gameplay de Kirby no “modo carro”:
Embora seja um pouco bizarro, o Mouthful Mode é uma adição muito divertida. Eu sempre ficava curioso para ver qual seria o próximo objeto “engolível” que iria encontrar, e qual seria a habilidade que ele me concederia.
É também graças ao Mouthful Mode que a jogabilidade ganha novas nuances, todas muito bem excutadas. A dirigibilidade do Kirby em modo carro, por exemplo, é incrível! Também é interessante ver como certos objetos engolidos podem ser utilizados de maneiras não tão óbvias, como a roda/engrenagem, que deixa o personagem com a boca em forma de O, para que ele sopre com força, podendo até movimentar um barco desta forma!
Audiovisual
Aqui está mais um aspecto do jogo que, sem dúvida, tem o selo de qualidade Nintendo: Kirby and the Forgotten Land tem um visual incrível, e faz um trabalho muito competente ao misturar a fofura dos personagens com cenários e construções que tem uma pegada mais “realista”.
Como já disse, a variedade temática das fases é outro acerto. Embora tenhamos visto muito daquela cidade p´ós-apocalíptica nos trailers, ela representa só o começo de uma aventura que nos leva a praias, cavernas cheias de lava e parques de diversões.
O departamento sonoro é igualmente caprichado: a trilha sonora é animada e grudenta (de um jeito bom), e os efeitos sonoros combinam perfeitamente com a vibe do jogo, trazendo muitos barulhinhos familiares para quem acompanha a evolução do personagem.
Infelizmente, Kirby and the Forgotten Land é mais um exclusivo do Nintendo Switch que chega às prateleiras sem qualquer localização para o nosso idioma. Isso não é particularmente importante para enterndermos a história — que no geral é bem simples –, mas fique avisado que mesmo menus e tutoriais estão em inglês.
Conclusão
Kirby and the Forgotten Land é sem dúvida um passo adiante na trajetória do personagem. Ao mesmo tempo em que é um título ambicioso e diferente, ele também mantém a essência do personagem intacta: seja em duas ou três dimensões, ainda estamos diante de um legítimo jogo do Kirby.
Considerando que este é jogo que marca os 30 anos do personagem, eu diria que ele faz um excelente trabalho em modernizar a franquia, sem descaracterizá-la. O mundo pode ser pós-apocalíptico e até realista, mas Kirby continua sendo cor-de-rosa, fofinho e guloso como sempre.
Em resumo, Kirby and the Forgotten Land é diversão na medida certa para crianças e adultos. Um jogo que, sem dúvida, já faz parte dos títulos indispensáveis para quem tem um Nintendo Switch — como quase todo exclusivo, diga-se de passagem!
Kirby and the Forgotten Land foi lançado em 25 de março, exclusivamente para o Nintendo Switch. Vale lembrar que o jogo possui uma demo gratuita disponível para download.