Análise Arkade: Mayhem Brawler, um beat ‘em up honesto com cara de história em quadrinhos

18 de agosto de 2021
Análise Arkade: Mayhem Brawler, um beat 'em up honesto com cara de história em quadrinhos

Alguns gêneros atravessam gerações e continuam divertidos: plataforma, MetroidVania, RPG… e beat ‘em up! Mayhem Brawler chega amanhã, mas nós já jogamos, e trazemos nossas impressões em primeira mão para você!

Acho que eu já escrevi isso mais de uma vez, mas lá vai: eu amo beat ‘em ups. Eles tem um gostinho de nostalgia maravilhoso, que me relembram dos áureos anos 90, em que eu passava horas jogando Streets of Rage, Punisher, Captain Commando e Cadillacs and Dinosaurs.

Claro que, infelizmente, nem todo beat ‘em up é bom. Alguns são mais inovadores e arrojados do que outros, trazendo upgrades, lojinhas e até mesmo perseguições em alta velocidade.

Análise Arkade: Mayhem Brawler, um beat 'em up honesto com cara de história em quadrinhos

Mayhem Brawler não é assim tão arrojado. Na verdade, ele é um exemplar bastante tradicional do gênero. Mas, nesse caso isso não é um demérito, uma vez que o jogo é muito bem executado, e entrega um “feijão com arroz” saboroso, temperado com a estética e os superpoderes das histórias em quadrinhos.

Polícia superpoderosa

Descrito pelos desenvolvedores como um “beat ‘em up de fantasia urbana”, Mayhem Brawler nos apresenta a um esquadrão policial diferenciado: o Stronghold. Um trio de agentes da lei com poderes especiais, que são escalados para enfrentarem mutantes e outras criaturas superpoderosas.

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O trio de heróis da Stronghold

Este é um dos maiores diferenciais do game: embora o trio de protagonistas — o grandalhão Dolphin, a antenada Star, e o bigodudo Trouble — seja um tanto quanto genérico, cada um deles tem algum tipo de habilidade especial. Por isso, eles enfrentam criaturas igualmente poderosas: lobisomens, vampiros, mutantes… vilões bem diferentes dos capangas genéricos e membros de gangue tradicionais do gênero.

Ao responderem um chamado de rotina, o trio de heróis acaba envolvido em uma grande conspiração, que pode mudar o destino de toda a cidade. Não espere nada muito mirabolante ou grandioso: como é tradição no gênero, a história aqui serve como desculpa para a gente sair no soco com diversos tipos de adversários.

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A história é apresentada como uma HQ

Apesar da simplicidade, a narrativa de Mayhem Brawler tem um diferencial interessante: a trama possui bifurcações. Ao final de cada fase, você decide qual será o próximo passo — o que influencia o lugar que você vai visitar e o próximo chefe que vai enfrentar. Isso leva o jogo a 3 possíveis finais diferentes, e aumenta consideravelmente o fator replay do game.

Pancadaria honesta

Como eu disse, Mayhem Brawler é um beat ‘em up bem tradicional, sem firulas. Existe um botão de ataque básico, para realização de combos, outro de pulo e um terceiro de ataque especial. Além disso, temos um botão de defesa e outro utilizado especificamente para coletar/arremessar itens.

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Saindo na mão!

Cada personagem tem diferentes stats de força e velocidade, que se convertem em diferentes combos e ataques. Trouble é o personagem mais balanceado em termos de força e velocidade, mas suas “garras” lhe permitem aplicar ataques estilo Wolverine, que causam “hemorragia” nos inimigos — pois é, Mayhem Brawler tem alguns buffs e debuffs que parecem saídos diretamente de um RPG.

Confira abaixo a primeira fase completa no controle do bigodudo:

O grandalhão Dolphin é o mais lento, mas tem como atributo a força bruta: pode pisar no chão para derrubar inimigos e bater palma estilo Hulk. Por fim, a loira Star é a mais rápida, e possui a habilidade de gerar campos de energia que causam dano nos inimigos.

Assim, embora o grosso das mecânicas seja essencialmente igual para os três personagens, cada um possui poderes e habilidades únicos, o que agrega certa variedade à jogatina. Não existe uma evolução de personagens, nem novos golpes a serem aprendidos, mas o básico da pancadaria é prazeroso e bem feitinho.

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Pancadaria honesta

Como eu já adiantei ali em cima, há certas alterações de status que podem acontecer durante a jogatina. Nada que altere drasticamente a fórmula padrão do gênero, mas dá um gostinho novo. A já mencionada hemorragia é uma alteração de status que causa dano contínuo por sangramento por alguns instantes, mas existem algumas mais peculiares: alguns inimigos podem recuperar a vida, por exemplo, ou possuem a habilidade “vingança” — que lhes permite aplicar um golpe especial assim que se levantam. Estes stats são representados por ícones sobre a cabeça dos personagens.

Armas & Comidinhas

Como em todo beat ‘em up, juntar armas e comida do chão faz parte da experiência. Entre armas brancas ou de fogo, há uma grande variedade: bastões, espadas, facas, ganchos, pistolas, fuzis, entre outras.

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É possível meter bala nos inimigos

Já na parte das comidinhas, existem dois tipos diferentes: tem os alimentos que recuperam a barra de vida, e outras que afetam o que seria a “barra de stamina” do personagem, que é aquela que lhe permite realizar golpes especiais.

Pois é, ao contrário da grande maioria dos beat ‘em ups, aqui os ataques especiais não são consumíveis, nem drenam a sua vida. Há uma barra específica para essas habilidades — e inclusive, o golpes especial muda se você estiver parado ou em movimento.

Audiovisual & Referências

Mayhem Brawler tem um visual cartunesco desenhado à mão que não deve quase nada a Streets of Rage 4, por exemplo. O character design é bem inspirado, entregando personagens estilosos e algumas criaturas mutantes pitorescas: nos esgotos, vamos encontrar híbridos de ratos e homens, e até mesmo lagartos humanoides.

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Sair na mão com lobisomens é bem normal aqui

O game ganha pontos por sua estética que parece saída diretamente das páginas de uma história em quadrinhos. As cenas que desenvolvem a história contam com belas artes, e são devidamente paramentadas por balões de fala e efeitos visuais típicos de HQs.

Cada fase, inclusive, é apresentada como uma belíssima capa de gibi, com artes que não só são incríveis, como também homenageiam algumas capas clássicas de histórias em quadrinhos. Quem curte HQs sem dúvida vai encontrar muitas referências bacanas.

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Cada fase tem uma capa única e estilosa

E já que falamos em referências, é válido ressaltar que o jogo presta sutis homenagens a diversos jogos e outras obras da cultura pop. Por exemplo, há uma fase chamada Altered Beast, e a chefona tem uma “voadora de fogo” idêntica ao golpe dos lobisomens do clássico da SEGA!

A trilha sonora do jogo segue a fórmula do gênero, apostando em faixas de rock e outros gêneros. Não é nada que se destaque — como as composições de Yuzo Koshiro em Streets of Rage, por exemplo — mas cumpre seu papel. Ah, e vale ressaltar que o jogo tem muitas vozes e diálogos falados (dentro e for das cutscenes), algo que nem mesmo o “primo rico” Streets of Rage 4 possui!

Conclusão

Mayhem Brawler é um beat ‘em up que não deve nada aos maiores clássicos do gênero. Suas mecânicas são sólidas, seu visual é bacana e a ideia de misturar superpoderes e criaturas fantásticas à pancadaria não é nada revolucionário, mas é um diferencial simpático.

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Quem gosta de beat ‘em ups geralmente vai atrás de todos — e as vezes acaba gastando com jogos nem tão bons. Mayhem Brawler segue a cartilha do gênero à risca, ou seja, é pouco provável que ele decepcione alguém que cresceu espancando malfeitores e juntando comida do chã. O jogo é imediatamente familiar — e não há nada de errado nisso.

Ah, e vale ressaltar que o game possui multiplayer local para 3 jogadores. Não pude experimentar o recurso por motivos de ~pandemia~, mas cair na porrada ao lado dos amigos é sempre mais divertido. 🙂

Mayhem Brawler será lançado amanhã (19/08), com versões para PC, Playstation 4 (versão analisada, rodando no PS5), Xbox One e Nintendo Switch. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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