Análise Arkade – Metal: Hellsinger, uma intensa mistura de FPS, ritmo e heavy metal

26 de setembro de 2022
Análise Arkade - Metal: Hellsinger, uma intensa mistura de FPS, ritmo e heavy metal

Prepare-se para caçar demônios de um jeito diferente: respeitando a batida da música! Esta é a premissa de Metal: Hellsinger, game que mistura conceitos de FPS com jogos de ritmo!

Metal: Hellsinger nos apresenta à estilosa Enigmata: parte humana, parte demônio, ela teve sua voz arrancada de si por uma entidade demoníaca comnhecida como a Juíza Vermelha.

Obviamente, Enigmata não vai deixar por isso mesmo: depois de encontrar um crânio flamejante (dublado por ninguém menos que Troy Baker), a demônia vai cruzar os reinos de inferno, destroçado hordas de demônios até ficar frente a frente com a Juíza e recuperar sua voz.

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Enigmata e seu companheiro, o crânio Paz

A história é simples — aquela jornada de vingança que a gente já viu dezenas de vezes –, mas contada de um jeito estiloso, por meio de artes parcialmente estáticas que esbanjam personalidade.

Mantendo o ritmo

Se tanto em sua temática quanto em sua estética Metal: Hellsinger lembra DOOM, é no gameplay que ele se diferencia. Quer dizer, ele também é um FPS, mas aqui o timing de todas as suas ações é o que realmente faz diferença.

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O cursor da sua mira é acompanhado de uma “moldura”, que pulsa no ritmo da batida da música. Sua missão é encaixar tudo — tiros, recargas, pulos, esquivas — no timing dessa batida. Quanto melhor for o seu timing, maior é a sua pontuação.

Conforme você acerta o ritmo, vai enchendo um multiplicador. Este multiplicador vai “liberando” todo o potencial da trilha sonora de Metal: Hellsinger. Enquanto no level 1 só o que você ouve é uma batida abafada para guiar suas ações, no level 8 já rolam guitarras e solos. No nível mais alto (16x), entram os vocais, e todo o poder das canções originais do game é liberado.

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Multiplicador em 16x é pauleira!

Você vai querer manter seu multiplicador no 16x não só pela música, mas também porque seus ataques ficam muito mais poderosos nesta marca, o que contribui com a matança. Mas lembre-se que não adianta sair sentando o dedo no gatilho de forma descuidada: é preciso fazer isso respeitando o ritmo da música.

Metal: Hellsinger é um jogo bem direto ao ponto. Os mapas são lineares, sem segredos ou bifurcações. Como em DOOM, as fases possuem arenas, que vão se encher de inimigos assim que você chegar. Faça a limpa na arena, libere o caminho e siga até encontrar a próxima arena. O jogo quer que você siga em frente de maneira implacável para manter o multiplicador subindo e não perder o timing.

Você é bom de ritmo?

Eu não sei como um “gamer comum” se vira com isso, mas para mim, que toco bateria há anos, “pegar o ritmo” do jogo acabou sendo algo bem intuitivo e orgânico. O que não necessariamente torna o jogo fácil, uma vez que aqui nossa preocupação não é somente em acertar o ritmo — como em um Guitar Hero, por exemplo.

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Metal: Hellsinger é bem desafiador. Ele até possui níveis de dificuldade que oferecem mais tolerância aos erros… mas é fato que um mínimo de conhecimento rítmico é necessário até pela proposta do jogo. Você não vai apertar o gatilho — ou pular, ou se esquivar — de qualquer jeito, vai ter que fazer isso respeitando a cadência musical de cada fase.

Com isso, quero dizer que, além de sincronizar os tiros com a batida da música, também temos que evitar ataques inimigos, recarregar as armas, coletar itens e sobreviver. Praticamente tudo o que você fizer precisa ser sincronizado com a melodia, e mesmo as animações de reload se encaixam ao ritmo.

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Isso faz com que Metal: Hellsinger seja um jogo frenético e até um pouco cansativo. Sua campanha não é particularmente longa (são 8 fases, cada uma com 3 desafios opcionais para complecionistas), mas há tantos estímulos que a gente se sente meio sobrecarregado, saca? E, no meu caso, que sofro de cinetose, jogar por muito tempo me deixava um tanto enjoado.

Sabe outra coisa cansativa? Os chefes. Ou melhor: a chefe. Ao final de todas as fases, vamos enfrentar basicamente a mesma criatura — que é tipo um avatar da Juíza Vermelha, grande vilã da história. Esse bicho aqui:

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Você vai cansar de enfrentar esse morcegão

Ok, ela vai ter padrões de ataque e habilidades diferentes em cada batalha, mas o fato de ser sempre A MESMA criatura compromete bastante o impacto das boss battles.

O poder do metal

Enigmata começa sua jornada com um crânio que cospe bolas de fogo (e é muito útil para manter seu multiplicador rodando mesmo fora de batalha), mas logo vai aumentando seu arsenal com armas que deixariam até o Van Helsing com inveja: besta, escopeta, pistolas duplas e até uma espécie de bumerangue vão deixar a matança mais variada. Cada arma possui um ataque básico e outro especial, que podemos usar ao encher um medidor específico.

Porém, ao contrário de DOOM, aqui você não carrega tudo ao mesmo tempo. Seu loadout é composto por 4 armas — e duas delas são fixas: a espada e o esqueleto que cospe bolas de fogo. Ou seja, você só pode escolher de fato duas armas antes de entrar em cada fase. É um fator limitador, mas que funciona dentro da dinâmica do jogo e obriga o jogador a dominar as nuances de cada arma.

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Você carrega quatro armas, mas pode escolher apenas duas

E já que estamos falando em “poder de fogo”, abro um parêntese para falar de outro elemento bem poderoso de Metal: Hellsinger: sua trilha sonora. Este não é realmente o primeiro jogo a misturar FPS com ritmo, mas ouso dizer que ele talvez seja o que mais tem “valor de produção” em sua trilha sonora. Digo isso porque há muitos artistas famosos participando da trilha original, 100% composta e gravada para o game.

Serj Tankian, do System of a Down e Alissa White-Gluz do Arch Enemy talvez sejam os nomes mais famosos, mas o jogo ainda empresta os talentos de diversos outros vocalistas de bandas como Lamb of God, Dark Tranquility e Trivium. É, com o perdão do trocadilho, um time de peso.

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Os diversos vocalistas que participaram da OST do game

Como a música é o cerne do jogo, é legal ver todo o talento e atenção que ela recebeu. Cada fase tem sua própria faixa, e a forma como a música vai “se transformando” conforme o multiplicador sobe (ou desce) é muito legal. Obviamente, é uma trilha metaleira, pautada por vocais guturais e instrumental pesado. Se isso não te assusta, vai ser aquele tipo de música que tu vai curtir até fora do jogo.

Completa o pacote uma experiência muito bem resolvida em termos visuais. O inferno do jogo pode ter um visual um tanto “genérico”, mas as criaturas que enfrentamos e o design das armas é incrível. A própria Enigmata tem um character design incrível, e parece saída de um caldeirão onde foram misturados conceitos visuais de Diablo, Darksiders e Soul Reaver.

Conclusão

Metal: Hellsinger é um jogo que deve agradar um nicho bem específico de jogadores. Estou falando do público metaleiro que gosta de jogos de tiro e também de jogos de ritmo. Não acho que seja imprescindível que você goste de tudo isso, mas é fato que a experiência se tornará bem mais agradável especialmente para quem curte música pesada.

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Dito isso, Metal: Hellsinger entrega uma experiência muito sólida e divertida dentro desta proposta. É um bom FPS, sim, mas também é um bom jogo de ritmo. A sinergia entre estes dois elementos funciona surpreendentemente bem.

Gostaria tivesse mais variedade de chefes, e acho que o jogo pode ser cansativo para sessões longas. Mas, se você puder ignorar estes detalhes — e for um apreciador de heavy metal extremo — pode vir com vontade, pois o jogo é ótimo.

Metal: Hellsinger está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series X|S (inclusive no Game Pass). O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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