Análise Arkade: Monster Hunter Rise é (mais) um grande jogo da franquia

5 de abril de 2021
Análise Arkade: Monster Hunter Rise é (mais) um grande jogo da franquia

Uma vez que seja absolutamente impossível falar de Monster Hunter Rise sem citar o fenômeno de público e crítica que o seu antecessor se tornou quando lançado na virada de 2017 para 2018, vou me adiantar e tirar a monstro da sala: Rise é a consolidação de tudo o que de melhor foi feito no game anterior, ao mesmo tempo que não se satisfaz em ser somente uma derivação ou uma versão leve para o console híbrido da Nintendo. Dito isso, esta sequência direta é cheia de personalidade, sabe quais são as suas raízes e não tem qualquer restrição ao legado de uma série com fãs tão apaixonados.

Ao honrar aquilo que nos deixou completamente envolvidos no game anterior e, ao mesmo tempo, buscar refinamentos e inovações necessárias, temos aqui um acerto gigantesco da Capcom que, definitivamente, sedimenta uma de suas marcas mais celebradas junto ao grande público. Não há outra forma de começar esse texto do que dizendo que este sexto título da linha principal é um dos melhores jogos do Nintendo Switch, e confesso que não fosse a excelência de alguns dos games do catálogo do console, eu não teria qualquer melindre em colocá-lo no topo desta lista. Monster Hunter Rise é excelente em tudo o que se propõe.

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Um mundo maravilhoso

A história, em Monster Hunter, nunca foi aquilo que se pode chamar de uma explosão de mentes e sempre foi muito mais uma muleta bem cartesiana para encaixar missões de incursão e outras tantas desculpas para sair a campo aberto, caçar as mais perigosas bestas e voltar a salvo, ostentando seus espólios de guerra e uma reputação de respeito. Em Rise não é tão diferente assim, e o interesse na construção narrativa do jogo está pautado principalmente na simpatia dos moradores do seu vilarejo e em suas relações com nossa protagonista.

Eu chamo de “nossa” porque, como já é de tradição, construímos nossa personagem do zero e a customização disponível é boa o suficiente para o seus objetivos. Criei minha caçadora e seus primeiros companheiros de jornada, a amicão Luna e o amigato Lion (ok, talvez eu não seja a pessoa mais criativa do mundo na hora de nomear pets) rapidamente e, depois de conhecer alguns dos moradores do simpático povoado de Kamura, já me vi participando das primeiras missões de treinamento e aperfeiçoamento das habilidades de um grande caçador.

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A ambientação do jogo nos remete sem qualquer disfarce ao período feudal japonês (algo visto na franquia pela última vez há 10 anos em um tal de Monster Hunter Portable 3rd, do PSP, que sequer chegou ao ocidente). Esta é, claro, uma versão deste mundo populada por criaturas fantásticas, algumas delas aterrorizantes, outras pacíficas, outras ainda capazes de cozinhar deliciosos e nutritivos dangos, um tipo tradicional de bolinho oriental. Kamura servirá de base (e hub) para a aventura e se não é particularmente grande, é cheia de tipos muito particulares, como as gêmeas que nos enviarão a missões prioritárias e complementares, bem como para outras tarefas periféricas e algumas ainda de urgência maior; e os arquétipos indispensáveis, como os mercadores, o ferreiro, o treinador, e assim por diante.

Neste aspecto, cada diálogo, mesmo os mais protocolares, são muito bem-vindos para que possamos imergir no universo proposto no game. Cada morador tem algo a falar, algo a lhe oferecer, e até algumas tarefinhas a mais, mas em sua grande maioria, estão lá para dar vida a esse lugar, fazer com que nos importemos em realmente defender o local dos perigos que o cercam. A ótima notícia para os fãs brasileiros é que o jogo tem legendas, textos e menus totalmente em português, e o trabalho de localização é muito competente ao adaptar as falas e até mesmo um tipo de humor bem específico para o nosso idioma. Para um RPG, essa é uma ótima vantagem — para um jogo exclusivo do Nintendo Switch, mais ainda.

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Esse deslumbre com o mundo do jogo só aumenta quando começamos a nos aventurar pelos diferentes biomas disponíveis, convenientemente acessíveis para viajantes sem qualquer tecnologia mais avançada de locomoção, e aqui os veteranos da franquia não se decepcionarão ao reconhecer ambientes já consagrados, como florestas densas, pântanos úmidos, desertos escaldantes, cavernas obscuras e grandes geleiras, cada qual relativamente bem populado por uma fauna que varia entre a fofura pacífica e a agressividade voraz das grandes — e outras nem tanto — criaturas disponíveis.

É um mundo de paz já há mais de 50 anos, mas envolto em um grande evento, o Frenesi, que tem tornado os monstros um tanto quanto mais hostis e que, desta forma, ameaça o equilíbrio e nos leva ao front de batalha. Enfrentar tudo isso acompanhado com seus fiéis amigos é não só reconfortante como oferece algumas das mecânicas mais interessantes do game, acertando em alguns dos pontos que tinham ficado devendo no incrível, mas burocrático World, e sobre as quais falaremos mais tarde.

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Além dos seus sidekicks, é possível encarar todas essas ameaças jogando em sistema multiplayer composto por até quatro aventureiros, e é bem provável que o desenho das batalhas seja muito adequado a esse formato, em um sistema progressivo de dificuldade que se adequa ao número de pessoas jogando. Mas fique tranquilo que tanto no modo single player quanto no multiplayer, todos podem aproveitar a jornada principal de 25 a 30 horas (e outras centenas para o pós-game) com todo o seu esplendor.

Enfim, caçando monstros

Todo esse contexto se alinha para promover e facilitar um sistema de jogo bastante consagrado. Se fosse pra resumir em uma sentença, Monster Hunter Rise se trata de um RPG bem dosado entre o gerenciamento de recursos, a exploração e a ação propriamente dita. No primeiro aspecto, senti uma diferença substancial em relação aos games que antecedem essa versão de 2021. Ainda que não tenhamos aqui uma tonelada de possibilidades e combinações na criação de itens, armas e equipamentos, esses sistemas se tornaram mais diretos e práticos, sem tanta burocracia.

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Não se engane, porém. Ainda passaremos um bom tempo entre uma missão e outra — e as vezes até mesmo durante elas — criando itens, customizando nosso menu de acesso rápido e projetando o quê e como usar na hora da verdade. A diferença é que tanto veteranos quanto novatos no ofício logo estarão bem confortáveis em lidar com uma série de possibilidades, mesmo que a apresentação pareça bem pesada no que tange a quantidade de informações que são entregues logo nas primeiras 3 ou 4 horas.

Já no que se refere ao sistema de movimentação, exploração e combate, não há do que reclamar, ou sequer estranhar. É um modelo sólido que consegue diferenciar bem os diversos tipos de armas disponíveis, e será importante que o jogador experimente em campo cada categoria para poder investir melhor e de forma mais intensa naquilo que lhe é mais confortável, sem perder de vista que há tipos de caçadas que pedem uma maleabilidade maior para que saibamos que armas e equipamentos são mais eficazes.

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O mesmo vale para nosso traje. Criar a armadura mais forte possível é sim uma recomendação que não chega a ser um grande mistério. Mas há casos e casos, e não será difícil se imaginar com alguns sets prontos para diferentes momentos. Uma armadura leve com resistência a fogo pode ser muito mais aconselhável quando se enfrenta as criaturas que usam esse elemento do que uma armadura com defesa mais elevada, mas com essa fragilidade. Tal como nos melhores jogos do gênero, a customização não é tão vertical, e nem sempre mais significa melhor.

Confesso que eu sempre me dei muito melhor, inclusive em Monster Hunter World, com equipamentos leves e espadas curtas de duas mãos, partindo do pressuposto que sempre foi melhor acertar mais e mais rapidamente do que concentrar o ataque em um movimento lento e mais poderoso. A prática, porém, mostrou que verdades como essa nem sempre devem ser levadas adiante, sobretudo quando criaturas resistentes nos fazem mudar de ideia. Fato é que é provável que você já tenha suas preferências que vêm de experiências passadas com a franquia ou com jogos do gênero e tudo bem que isso aconteça. Contudo, vá por mim, esteja aberto para novas possibilidades, pois elas podem mudar suas concepções.

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Já o uso de itens e os menus rotativos não me pareceram, a princípio, muito confortáveis, com duas rodas de inventário funcionando ao mesmo tempo, com uma delas sendo usada mais para locomoção e comunicação e a outra para itens como poções, antídotos e armadilhas. Ainda que seja possível montar um acesso mais direto, fatalmente será necessário transitar com mais especificidade nestes menus, e o costume da forma como se abre e como se escolhe cada item leva um pouco mais de tempo. A solução pra isso é investir com calma nas missões mais simples, como coletas e monstrinhos comuns, e mapear atalhos de forma bem inteligente. Seguir para as missões de maior dificuldade logo de cara é flertar com o fracasso e com a frustração.

Monster Hunter Rise, todavia, é certamente a mais convidativa porta de entrada para a franquia desde sua estreia lá em 2004. Se não é exatamente um passeio no parque em termos de dificuldade e nem é muito indicado para jogatinas mais curtas e descompromissadas, é mais acessível em suas mecânicas de gestão e traz um dinamismo moderno para o formato de caça. Se em alguns momentos a franquia chegou a ser comparada (com um certo exagero, claro) com Shadow Of The Colossus ou com um simulador de caça, Rise é dinâmico e ganha doses generosas de aventura ao investir naquilo que realmente importa.

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A possibilidade de montaria para deslocamento, junto ao modelo de bases avançadas, permite uma exploração mais diversa, alcance de criaturas com mais agilidade e até uma exploração livre mais proveitosa. De quebra, não é necessário sequer descer do seu Amicão para realizar algumas atividades enquanto em deslocamento. Dá pra coletar itens, preparar seu inventário e até afiar suas lâminas enquanto seu parceiro de quatro patas segue até o destino. E, quando chegar lá saltando com estilo para o ataque, ele também estará a postos para, ao lado do igualmente preparado Amigato, cair na porrada junto com você, inclusive abrindo a defesa do inimigo para você fazer a sua parte. Ok, até dava pra usar uma montaria antes, mas aqui, você começa e vai até o fim sem se preocupar com (mais) isso.

Mas ainda que sair cavalgando um cão estiloso seja bem legal, nenhuma adição é tão transformadora como o Cabinseto que eleva a exploração vertical e a navegação para patamares jamais vistos na série. Em tempos onde todo jogo tem mecânicas de escalada dignas das maiores peripécias de parkour, a solução dos ganchos que mais parecem uma versão natureba do sistema de locomoção vertical de Atack on Titans é arriscada e, exatamente por isso, criativa e bem-vinda, exigindo ela também perícia e prática para ser útil de verdade.

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Essa utilidade, porém, vai para além da escalada. É possível, com algum treinamento e certa paciência, encaixar belos movimentos de ataque na combinação desta habilidade com diferentes armas. Além disso, utilizar esse elemento do jeito certo — há até treinamentos próprios só para esse detalhe de gameplay — possibilita que se possa montar em monstros não só para atacá-los de cima, como também para controlá-los por um período de tempo, inclusive para se investir contra outros adversários e derrubar estruturas. Você pode ser “apenas” um membro da guilda de caçadores de seu clã, mas ao longo da jornada acaba se tornando também um verdadeiro domador de bestas.

Com missões de dificuldade crescente que vão de uma a sete estrelas, o game também traz uma mecânica de tower defense muito interessante para quebrar o formato padrão. Ao invés de sair para caçar, você precisa dominar os equipamentos de defesa de Kamura para vencer algumas ondas de invasores do tal Frenesi e evitar que eles destruam o vilarejo. É um outro sistema que se vale bastante de múltiplos jogadores, cada qual controlando uma torre diferente, mas se você está sozinho, prepare-se para correr de lá pra cá para dar conta do trabalho enquanto pensa em como fazer isso funcionar.

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Jogar Monster Hunter Rise traz um frescor para o modelo da série, e certamente os sistemas aqui implementados serão algo que, se não vierem nos jogos que surgirem daqui em diante, farão falta. São coisas que a gente nem sabia que queria, mas que agora não consegue ficar sem. Sem se dobrar a modelos mais fluidos e facilitados como os que já nos acostumamos em franquias como Assassin’s Creed, ao mesmo tempo que não se fecha para inovações, temos aqui um formato único, que valoriza o combate estratégico e capacidades múltiplas, sem parecer antiquado e parado no tempo.

Um visual de cair a mandíbula

Monster Hunter World (ele, mais uma vez) estabeleceu um patamar estético absolutamente incrível. O design do mundo é inspirado, a diversidade de equipamentos e armaduras customizáveis é de fazer inveja a qualquer outro game do gênero, mas o verdadeiro deslumbre está, sem dúvidas, no design cuidadoso de cada monstro, que vai para muito além do modelo tridimensional. A movimentação, o comportamento, as habilidades, tudo é feito com um cuidado de encher olhos e ouvidos, agregando valor à experiência de caçada.

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O anúncio de Monster Hunter Rise exclusivamente para Nintendo Switch (dentro do seguimento de consoles) trouxe o questionamento do quanto esse aspecto seria sacrificado para se adequar ao hardware mais modesto do híbrido. Com o jogo em mãos, duas coisas ficaram claras: a primeira é que não é possível esperar deste jogo algo maior do que visto no anterior em termos gráficos. A outra é que isso não se mostra um problema, visto que ele consegue extrair tudo o que o sistema pode oferecer — e talvez até um pouco mais.

O game é muito competente não só em garantir um dos melhores visuais do console, como principalmente — e ainda mais surpreendente — manter um desempenho sólido sem parecer fazer tanto esforço assim. Mesmo apresentando cenários amplos e cheios de detalhes, o tempo de carregamento é relativamente curto e há poucos problemas como surgimento tardio de texturas ou quedas de framerate. Percebi um ou outro engasgo em momentos onde tinha monstro e faísca para todos os lados, mas nada comprometedor. Há um ou outro probleminha de colisão, sobretudo em cantos e espaços mais apertados, mas são problemas mais pontuais e passíveis de correções posteriores.

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Com tudo isso, as criaturas continuam detalhadas ao extremo, com movimentação característica e animação fluida e natural. Dentre velhos conhecidos e novos monstros integrando o panteão, não há dúvidas que cada nova adição ao bestiário é um deleite para quem admira a evolução da naturalidade como esses animais se comportam e como povoam esse mundo. Dos maiores dragões aos pequenos besouros rola-bosta, tudo parece ter recebido cuidados genuínos.

O sistema cíclico de dia e noite é particularmente divertido a ponto de escolhermos entre um ou outro de propósito nas patrulhas livres. Efeitos de partícula, com faíscas e poeira saindo por tudo que é lado, também funcionam muito bem, com a água se mostrando um elemento mais instável, já que de longe propicia algumas das paisagens mais bonitas do jogo, mas que de perto, por vezes, parece mais espessa e viscosa do que deveria. Um preciosismo, concordo.

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Ainda assim, nem tudo é tão incrível. Algumas animações rodam a uma frequência menos fluida (como criaturas voadoras batendo asas a uma distância maior) e a flora parece menos deslumbrante que o resto. Algumas texturas de solo, bem algumas construções, sobretudo as que podem ser destruídas, também parecem um tanto quanto borradas em certas ocasiões. Também senti falta dos destroços do que é destruído, bem como dos corpos de monstros derrotados, que acabam sumindo em alguns segundos. Isso sempre foi um sacrifício necessário para ajudar no desempenho, mas, nesse tipo de jogo, acaba tirando um pouco da imersão.

No campo sonoro, a dublagem está disponível em dois idiomas (sim, são aqueles que você já deve imaginar). Enquanto a versão em inglês não faz feio e garante uma qualidade alta, a japonesa é superior não só em termos de carisma, como também no aspecto de imersão na ambientação do jogo. Ainda que o primeiro seja mais confortável e compreensível para nós, ocidentais, preferi o japonês que, para esta obra, garante um charme a mais na construção da diegese.

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Por sua vez, a trilha musical do jogo é soberba. Do tema base em Kamura que abusa das cordas e de instrumentos tipicamente orientais para tornar tudo mais leve e convidativo às batidas mais intensas que flertam com sons tribais épicos para as principais batalhas, tudo se torna ainda mais grandioso e, exatamente por isso, mais satisfatório. Os efeitos de ruído durante a batalha são muito bem mixados, mesmo para passagens mais bagunçadas, e mesmo o silêncio dos trechos mais calmos de transição ou exploração, ainda que menos povoados do que se esperaria de ambientes naturais, acaba funcionando como um respiro na intensidade da aventura.

Resumindo: o departamento estético, por assim dizer, de Monster Hunter Rise transborda carisma. O período Edo não é dos mais raros na indústria dos games e não seria difícil cair na vala comum do “mais do mesmo”. Ainda assim, com cores saturadas, traços exagerados que se valem da estética anime junto a um ultra-realismo sem um ou outro parecer deslocado, e um trabalho magistral no desenho das estrelas do show, há uma identidade muito bem estabelecida, que valoriza o que veio antes para criar algo novo, algo que vale a pena ser experienciado seja por quem já dedicou dezenas de horas nos games anteriores, seja para quem ainda não se aventurou por essas bandas.

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Conclusão

Monster Hunter Rise é um trabalho primoroso da Capcom e encontra o ponto de maior equilíbrio entre todos os seus aspetos mais marcantes. É um RPG de ação, mas também traz todos os melhores aspectos de aprofundamento de equipamentos e recursos sem as complicações que por vezes acaba incomodando ou entediando nos jogos anteriores (World incluso), e que chegava a afastar possíveis novos interessados mais casuais.

Belo como poucos (mesmo em modo portátil), o game entrega gráficos tecnicamente muito acima da média do que se viu no Switch, e com um estilo artístico agradável, polido, e é cheio de traços tão exagerados quanto o tema pede sem cair nas armadilhas da caricatura ou da simplificação. Se a história não chega a empolgar por si só, a ambientação e o carisma dos NPCs compensa e, no fim, realmente nos importamos com o vilarejo de Kamura e seus residentes. Vale a pena ser um caçador para salvar o dia e receber cumprimentos e alguns bolinhos no final da jornada.

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É um estilo de jogo que pode não agradar tantas pessoas, sobretudo aqueles que esperam um hack n’ slash com monstros gigantes mais simples e direto. Partir para o enfrentamento achando que vai bater e apanhar até que você ou o adversário caia é reduzir todo o potencial do formato, mas compreendo também que sair do raio de combate, guardar a arma, tomar uma poção e preparar uma bomba de veneno para só então voltar à labuta, ou ainda, buscar rastros e perseguir seu inimigo por quase uma hora em um esquema de gato e rato, pode não ser o estilo que agrada todo mundo. Compreendendo isso, você saberá se Monster Hunter Rise é ou não para você.

Caso seja, certamente não há melhor opção que esta. É cedo, talvez seja até o calor do momento — confesso que nem joguei alguns dos primeiros e mais misteriosos games da marca –, mas as adições e melhorias implementadas, as simplificações na burocracia e a ambientação deste jogo faz dele, para mim, o melhor Monster Hunter de todos os tempos. E isso não é pouca coisa em uma franquia dessas proporções.

Monster Hunter Rise foi lançado para Nintendo Switch no dia 26 de março de 2021 e tem uma versão para PC prometida para o início de 2022, não havendo ainda informações sobre a possibilidade de uma versão para outros consoles de mesa. Felizmente, como dito antes, o game conta com toda a parte textual competentemente localizada para o português brasileiro.

Paulo Roberto Montanaro

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