Análise Arkade: Monster Hunter Rise no PC é incrível, leve e um JRPG necessário
As primeiras semanas de janeiro foram excelentes para a galera do PC. Logo depois de recebermos o excelente God of War, recebemos também Monster Hunter Rise, anteriormente um exclusivo de Switch, que agora chega em toda sua glória para o PC. O game chega em boa hora, pegando a continuidade do sucesso que foi Monster Hunter World na plataforma, juntamente com sua DLC, Iceborne.
Monster Hunter Rise não é somente uma “sequência” de World. Na verdade, ele chegar ao PC representa uma expansão da franquia de um modo bem diferenciado. Isso porque Monster Hunter Rise bebe muito mais da fonte dos jogos clássicos da franquia do que os últimos lançados. Indo de cabeça na cultura oriental, mas com mecânicas de jogo rápidas e fluidas muito bem aceitas pelo público ocidental.
De volta ao velho mundo
Se em Monter Hunter World tivemos acesso ao “novo mundo”, um continente totalmente novo na franquia cheio de novidades e com um visual incrível, em Monster Hunter Rise voltamos ao antigo continente. Entretanto, esse retorno foi um acerto incrível tanto em enredo como em estética.
Na história do jogo, somos caçadores recém recrutados na aldeia de Kamura, um lugar conhecido por ser um centro comercial interessante e chamativo. Entretanto, um fenômeno chamado frenesi está causando grandes problemas no local, uma vez que monstros batizados de “alfa” estão atacando a aldeia de modo aparentemente coordenado.
A “novidade” desses monstros? Bom, como o nome sugere, eles podem comandar outros monstros nesses ataques coordenados. Gerando literalmente um pequeno batalhão de monstros que precisam ser vencidos antes que consigam quebrar os portões e invadir a aldeia. Essa é a maior novidade narrativa e de mecânica no jogo, mas está longe de ser a única.
Mas para além disso, é muito interessante ver a história retornando ao continente antigo, podendo apresentar uma aura mais “clássica” dos primeiros Monster Hunter a jogadores que nunca tiveram acesso a isso através do PC. Se em Monter Hunter World tivemos o game da franquia mais ocidentalizado possível, em Monster Hunter Rise temos uma volta às origens incrível, mas ainda com gostinho de novo.
O clássico em nova forma
Para fãs de longa data da franquia, temos em mãos a oportunidade de jogar no PC um dos Monster Hunter que mais bebem na fonte original da franquia em muito tempo. O apelo estético baseado no Japão Feudal é incrível (e até um pouco nostálgico para os fãs de longa data). Esse apelo estético não é observado somente em Kamura, mas também nas novas armaduras, armas e, principalmente, nas criaturas inéditas.
Seja o poderoso Magnamalo que estampa a capa do jogo, sejam outras criaturas “menores” que vez ou outra aparecem nos variados biomas presentes no game, a maioria remete à mitologia oriental de algum modo. Algumas criaturas como o nojento Tetranadon lembram demônios japoneses como os Kappa, enquanto outros buscam referências em outros mitos e aspectos da cultura oriental.
Essa influência pesada na cultura oriental é notada em absolutamente tudo dentro do jogo. Suas músicas são tipicamente japonesas, o visual da vila também, bem como o estilo mais puxado para os Samurais das novas armaduras e até o retorno de algumas criaturas vistas em games anteriores como Zinogre e Mizutsune, que também apelam para essa estética nipônica.
Toda essa “aura” que era vista nos primeiros games lá do PlayStation 2 e do PSP é muito bem-vinda. Entretanto, os jogadores mais novos da franquia, que experimentaram apenas o que fora visto em Monster Hunter World, podem estranhar um pouco tanto a estética em si como a narrativa e o visual, uma vez que, até por ter começado sua carreira no Switch, o game não tem o poderio gráfico anteriormente visto em World.
As incríveis novidades de gameplay
Se de um lado Monster Hunter Rise traz de volta toda a aura belíssima e saudosista dos primeiros games da franquia, de outro ele também é o mais inovador Monster Hunter em anos! Monster Hunter World, lá em 2018, já teve alguns pontos específicos bem inovadores para a franquia, além de algumas evoluções de gameplay bastante necessárias. Mas Rise chega “com os dois pés na porta” para reformular muito do que tínhamos anteriormente na franquia.
A começar pelos combates que, graças às mecânicas das correntes de energia e dos novos Kanynos, se tornaram incrivelmente mais dinâmicos. Uma tendência que já vinha acontecendo na franquia desde Monster Hunter Generations no 3DS, mas que se consagrou de vez agora em Rise. Toda a jogatina, desde caçar o monstro até atacá-lo e persegui-lo em fuga se tornou muito mais fluido e acelerado agora, o que é excelente.
Para além dos combates em si, o ritmo de progressão do jogo também está mais dinâmico. Se antes era muito custoso farmar as primeiras boas armaduras do jogo, agora esse ritmo se tornou mais prazeroso, uma vez que o grinding tradicional da franquia não está mais tão nocivo. Isso se deve ao fato de que as partes quebradas dos monstros receberam uma reformulação, com mecânicas que facilitam o drop de certo modo.
Esse drop é facilitado justamente com a mecânica das correntes de energia de Cabinseto, que substituem o sistema de agarrão nos monstrengos visto em World. Agora podemos coordenar ataques a´´ereos com muito mais facilidade, além do principal: poder coordenar correntes em momentos específicos a fim de montar em um monstro para poder infligir dano em outro monstro ou nele mesmo durante um tempo!
A grande horda de monstros
Não bastando as inúmeras novidades de jogabilidade que Monster Hunter Rise trouxe para a franquia de forma primorosa, ainda sobra espaço para um novo modo de jogo. Como citamos ao falar sobre o enredo, que tradicionalmente serve de pano de fundo para a jogatina, em Rise temos o fenômeno dos frenesi, que coloca hordas de monstros atacando de forma coordenada.
Esses eventos da história geram missões frenesi, nas quais a jogabilidade das tradicionais arenas de Monster Hunter flertam com mecânicas de tower defense interessantes. No caso, temos que defender os portões da Kamura contra ondas constantes de monstros que chegarão com o intuito de invadir o lugar.
Essas missões são bem caóticas e, com o passar do tempo, acabam por se tornar um dos maiores desafios de Monster Hunter Rise. Isso porque cada onda de monstros possui um alfa que precisa ser derrotado para que a onda se encerre. Entretanto, ao mesmo tempo que focamos no monstrengo, precisamos defender os portões e demais defesas contra as demais criaturas. E acreditem, elas são muitas!
Claro que essa quantidade de criaturas junto na tela tem um preço: os monstros invocados pelo Alfa não são tão fortes quanto os “originais” da natureza. Porém, mesmo assim, dão um quê de desafio interessante para a jogatina, além de causar um senso de urgência muito bem-vindo à porradaria que temos em mãos. Para os aficionados por novidades, temos aqui um belo respiro para a fórmula básica da franquia.
Do Switch para o PC
O fato de Monster Hunter Rise ser um port de um jogo originalmente do Nintendo Switch para o PC traz consigo algumas vantagens e desvantagens no processo. Inicialmente é preciso dizer que Monster Hunter Rise nem de longe é tão estonteante visualmente quanto o seu antecessor. Mesmo com as melhorias gráficas obtidas em sua versão de PC, Rise fica bem aquém do que fora mostrado em Monster Hunter World visualmente.
Entretanto, nem de longe isso faz o jogo ser feio ou então com gráficos datados. Ele só não possui aquele pé no realismo que havia sido uma novidade na época que World fora lançado. Monster Hunter Rise bebe muito mais das origens da série, tendo uma aparência gráfica muito menos preocupada em ser realista, e muito mais focada na jogatina em si.
Isso pode desagradar um pouco alguns fãs da série que começaram sua jornada pelo World, uma vez que estes podiam estar esperando algo mais grandioso pra um Monster Hunter lançado no PC em 2022. Entretanto, como este se trata de um port do Nintendo Switch, não temos esse impacto visual tão drástico. Mas isso traz também uma vantagem: o game pesa “míseros” 18 GB em sua versão inicial — comparado aos monstruosos 90 GB de World.
Toda essa leveza gráfica e em espaço ocupado resulta em um Monster Hunter muito mais acessível no PC — e que ainda consegue ser um jogo muito belo e estiloso esteticamente, mesmo que não tão apurado como seu antecessor. No geral, acaba sendo um excelente convite para novos jogadores experimentarem a franquia.
O que temos pela frente?
Monster Hunter Rise chega ao PC em um ótimo momento, e tem a oportunidade tanto de angariar novos jogadores, quanto de agradar aos fãs de longa data que não possuem o híbrido da Nintendo — e faz tudo isso sem exigir máquinas mega potentes.
Tanto que os requisitos mínimos para o game rodar em Full HD pedem um processador Intel Core i3-4130/AMD FX-6100 (ou semelhantes), 8 GB de memória RAM e uma placa de vídeo que se equivale às NVIDIA GeForce GT 1030 (DDR4) ou AMD Radeon RX 550. Isso é algo incrivelmente modesto para entregar o visual rico e colorido que temos em Rise.
Mas para além de toda essa acessibilidade do game, temos também uma vida útil interessante pela frente. O jogo chega com skins promocionais para quem possuir Monster Hunter Stories 2 ou então Okami HD na Steam e possui toda uma campanha pós-game que já é de praxe nos jogos da franquia com conteúdos novos chegando via atualização de tempos em tempos.
Além disso, a Capcom já anunciou Monster Hunter Rise: Sunbreak, a primeira grande DLC de Rise, no mesmo estilo de Iceborne para World, com uma verdadeira expansão de conteúdo com novos mapas, uma nova história, novos equipamentos e armas e monstros inéditos. Entre as novidades, já foram divulgados três monstros novos: Ceanataur Xogum (um monstro crustáceo gigante), Lunagaron (no melhor estilo lupino) e o dragão ancião Malzeno, que será capa da DLC.
Uma excelente oportunidade
Um dos melhores jogos de 2021, Monster Hunter Rise chegou a ser indicado como melhor RPG do ano pelo The Game Awards, além de encabeçar várias listas de melhores jogos exclusivos de Nintendo Switch. Ter uma pérola dessas disponível no PC com todo o suporte de servidores e praticidade de conexão que a Steam possui é uma oportunidade e tanto para fãs da franquia e novos jogadores se deliciarem em caçadas dinâmicas e divertidas.
O game tem um excelente desempenho no PC e consegue ser muito belo, pesando muito pouco e o principal: sendo acessível tanto em gráficos quanto em jogabilidade para vários públicos.
Em um gênero de RPG onde as franquias se tornam cada vez mais “ocidentalizadas” para agradar o grande público, é gratificante ver como Monster Hunter conseguiu trazer de volta sua aura “original” para um novo público sem parecer datado ou saudosista demais. Um JRPG de peso que já é sucesso garantido na plataforma, obrigatório para qualquer fã da franquia.
Monster Hunter Rise foi lançado inicialmente para Switch em março de 2021 e chegou para PC via Steam em 12 de janeiro de 2022 com legendas em português e áudio em inglês ou japonês. Para essa análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 (4GB) e SSD de 450GB.