Análise Arkade – Observer: System Redux revisita o terror cyberpunk na nova geração

24 de novembro de 2020
Análise Arkade - Observer: System Redux revisita o terror cyberpunk na nova geração

Depois de entregarem o tenebroso e imersivo Layers of Fear, os poloneses da Bloober Team decidiram levar uma dose de terror ao futuro cyberpunk. Observer, lançado em 2017 para a “geração passada”, está de volta nas novas plataformas, com direito a ray tracing e outros recursos modernos.

Terror Cyberpunk

Enquanto todos aguardam por aquele outro Cyberpunk, que se passa em 2077, Observer vai um pouco além no futuro, e se passa em 2084. Nosso protagonista é o detetive Daniel Lazarski, um veterano que faz parte da unidade dos Observers — detetives equipados com enxertos cibernéticos que lhes permite “entrar na cabeça” das pessoas — ou mesmo hackear o cérebro de cadáveres para reviver seus últimos momentos.

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Recursos de iluminação next-gen deixam o jogo ainda mais bonito

Como em toda obra cyberpunk, o futuro retratado aqui é sujo, desolado… e terrível. Após receber uma chamada que pode ser de seu próprio filho, Lazarski vai até o local de origem da chamada, onde encontra um corpo sem cabeça que pode (ou não) ser de seu filho, no apartamento 07 de um prédio pra lá de sinistro. Quanto mais ele investiga, mais sinistra e conspiratória torna-se a trama.

Investigação à moda antiga

Confesso que, na geração passada, tive um pouco de preguiça de Observer. Eu gostei muito da dinâmica do primeiro Layers of Fear, mas esta nova IP do estúdio tinha um ritmo muito diferente. Você não é um detetive “de ação”, mas um velho e calejado investigador que faz as coisas à moda antiga: batendo em portas e interrogando pessoas.

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Conversas “olho no olho”

Isso quer dizer que Observer: System Redux é um jogo um tanto quanto lento. As primeiras horas resumem-se a interagir com portas e conversar com moradores através de versões futuristas do bom e velho “olho mágico”. Ouça o que as pessoas têm a dizer — algumas conversas são bem estranhas — escolha o que quer dizer a elas, e acompanhe o desenrolar do papo até que alguma pista ou informação mais relevante apareça (o que nem sempre acontece).

Observer é — e talvez isso seja um tanto óbvio, pelo título — um jogo de observação. Os upgrades cibernéticos de Lazarski lhe permitem tanto identificar evidências orgânicas e biológicas (tipo sangue) quanto escanear um ambiente em busca de máquinas ou equipamentos eletrônicos relevantes. Você vai passar muito tempo abrindo portas e gavetas e escaneando cômodos imundos em busca de pistas.

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Escaneando um ambiente

Conforme as peças do quebra-cabeça vão se encaixando, porém, as coisas ficam mais interessantes… e também mais tenebrosas. Logo você estará hackeando o cérebro de cadáveres e se esgueirando pelas sombras para não ser visto por uma hedionda criatura que habita as lembranças dos mortos, enquanto interage com terminais de computador.

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Terror cyberpunk

O que quero dizer com isso é: Observer — e este Observer: System Redux — demandam um bocado de paciência do jogador. As coisas demoram para acontecer, e há muito mais conversa do que ação. Mas, quem for perseverante testemunhará um conto de terror cyberpunk muito interessante, ambientado em um mundo que é tão imersivo quanto repulsivo.

As novidades da nova geração

Observer é mais um jogo da geração passada que chega à nova geração trazendo alguns upgrades que tiram proveito dos novos recursos. Mais do que isso, porém, o jogo também traz novos conteúdos in-game — incluindo 3 novos casos/sideques para você investigar — e algumas mecânicas de jogo aprimoradas, servindo como uma “edição definitiva” do jogo.

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O jogo original já era muito bonito na geração passada, e agora chega ainda melhor, rodando em 4K e 60 frames por segundo, com suporte a ray tracing. Os modelos de personagens foram atualizados, as texturas estão mais detalhadas, e os loadings, mais rápidos.

Vale ressaltar ainda o excelente trabalho de dublagem: o protagonista, interpretado pelo finado Rutger Hauer, que você deve conhecer do clássico Blade Runner — encabeça um elenco cheio de ótimas vozes, que deixam o tom do jogo muito cinematográfico.

Verdade seja dita, Observer: System Redux é um jogo extremamente imersivo. Eu não sou um entusiasta do VR, mas acredito que, se tem um título que merecia suporte à realidade virtual, é este. A experiência seria ainda mais tenebrosa.

Conclusão

Observer: System Redux mistura com muita competência três coisas muito interessantes: investigação, terror e cyberpunk. Confesso que o ritmo do jogo não é para mim, mas isso não me impede de reconhecer suas qualidades — e a narrativa do jogo sem dúvida é um de seus maiores acertos.

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Esse cara me assusta

A dúvida é: quem já jogou o título original precisa dessa versão System Redux? Não exatamente. Este não é um jogo com “upgrade gratuito”, é um título lançado para a nova geração por U$ 30/ R$ 160 (na Steam é a melhor opção, R$ 57). O preço é mais barato que os lançamentos atuais padrão next-gen, mas ainda é uma graninha que talvez você não precise gastar.

Quem não jogou o título original pode pular direto para esse, para ter a experiência completa e melhorada. Mas, se você já acompanhou a jornada de Lazarski na geração passada, o upgrade só é recomendável se você gostou muito do jogo, afinal, o grosso da experiência ainda é o mesmo.

Observer: System Redux foi lançado em 10 de novembro para PC e Xbox Series X|S e 12 de novembro para Playstation 5 (versão analisada). O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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