Análise Arkade: Swordship subverte o gênero shoot ‘em up em ritmo frenético
Você certamente conhece o gênero shoot ‘em up, mais conhecido aqui no Brasil como “jogo de navinha”, certo? Mas e que tal se eu te apresentasse um dodge ‘em up? Pois é assim que os desenvolvedores rotulam Swordship, jogo cuja análise você confere agora!
História? Sem tempo, irmão
Swordship não perde muito tempo contando uma história nem aprofundando seu lore. Uma breve introdução nos apresenta à uma realidade pós-apocalíptica em que o aquecimento global fez o nível dos oceanos subir assustadoramente, dizimando boa parte da população.
A parcela mais abastada da humanidade restante se concentrou em três megacidades, que trocam suprimentos e riquezas em contêineres, deixando os mais pobres à mercê da sorte.
Neste cenário, assumimos o controle de um “Robin Hood futurista”, um piloto de uma super lancha aerodinâmica, vai interceptar estes contêineres para dividir os espólios com quem mais precisa.
Que fique claro: tudo isso é contado na breve introdução do game, por meio de cenas estáticas com estética minimalista. O jogo como um todo se passa a bordo da lancha, na água, e o foco é sempre a ação, nunca a narrativa.
O que diabos é um dodge ‘em up?
Um shoot ‘em up, como você bem sabe, é aquele tipo de jogo de navinha onde enfrentamos hordas enormes de inimigos. Somos extremamente frágeis, mas vamos conseguindo power ups e novas armas no processo.
Pois bem, o dodge ‘em up de Swordship subverte este conceito. Aqui, não temos praticamente nenhuma arma. Porém, podemos usar a velocidade e a dirigibilidade da nossa lancha futurista para desviar dos ataques inimigos. E o melhor: também podemos fazer com que eles explodam uns aos outros!
Em sua versão inicial, nossa lancha pode, basicamente, se mover com muita velocidade, e submergir por alguns segundos. Conforme coletamos contêineres, podemos desbloquear melhorias, que vão desde novas maneiras de coletar espólios até pulsos eletromagnéticos que desabilitam temporariamente as máquinas inimigas.
O gameplay é simples, mas isso contribui com o cerne da experiência de Swordship: que é praticamente um jogo de arcade disfarçado de roguelike. Em cada fase procedural, nossa missão é coletar um determinado número de contêineres — e tentar não ser explodido no processo.
Há diferentes tipos de inimigos, que nos atacam das mais variadas maneiras. Porém, muitos projéteis e minas podem ser utilizados a nosso favor. O lance é ser preciso nos comandos e saber a hora de submergir ou se desviar. Quase tudo que pode nos matar é “telegrafado” de um modo que nos oferece um tempo de resposta para que possamos tirar vantagem.
Confira abaixo meu gameplay de uma fase completa:
Reparou como a fase é curtinha? Pois é, esse é um problema de Swordship. Ele é um jogo bem curto. São basicamente 9 fases que vão ficando progressivamente mais difíceis + um chefão final. Claro que, por ser um roguelike, ninguém vai passar por tudo issso de primeira… mas conforme você avança, vai descobrindo formas de chegar cada vez mais longe.
Chegando mais longe em Swordship
O segredo está nos contêineres que coletamos ao longo das fases. Você pode “doar” um contêiner para ganhar mais pontos — mas também pode ficar com ele, o que rende algum power up aleatório e uma vida extra.
Via de regra, morrer em Swordship significa começar do zero… porém, fazendo essa manutenção dos contêineres, é possível acumular um bom estoque de vidas, o que lhe dá a oportunidade de recomeçar da fase atual, caso algo te exploda.
E, há alguns power ups que facilitam ainda mais as coisas. Um deles é uma modificação da lancha que acaba com os power ups dos contêineres, mas faz com que cada contêiner nos dê duas vidas extras, ao invés de uma. Usando essa configuração da lancha, eu cheguei à última fase com mais de 20 vidas.
Então, se decidir investir seu rico dinheirinho em Swordship, saiba que ele é um jogo curto e rápido. Jogando “do jeito certo”, é possível ver os créditos subirem em cerca de 20 minutos. Porém, este é um jogo estilo arcade +roguelike, ou seja, não foi feito para zerar de primeira, e há leaderboards e novidades desbloqueáveis que podem manter o jogador mais competitivo engajado.
Audiovisual
Swordship naão é nenhum primor técnico, mas é um jogo bem resolvido em termos audiovisuais. Seu visual é um low poly que me lembrou outro bom jogo que misturava ação e velocidade e foi lançado este ano: Agent Intercept (leia nossa análise e dê uma chance para ele!)
Apesar dessa simplicidade latente, o jogo tem uma paleta de cores variada e um bom design, no geral. Há até movimentos de câmera cinematográficos para valorizar explosões e momentos em que o jogador escapa da morte por um triz.
Os controles são fluidos e responsivos, o que é essencial para a mistura de precisão e alta velocidade que o título entrega. No PS5, o jogo roda liso, sem engasgos, e praticamente não há loadings — embora haja uma pegadinha: ao morrer, você deve apertar □ para o reinício rápido. Se apertar X, volta para o menu inicial.
A trilha sonora não se destaca, mas é agitada e constante para manter o jogador no fluxo de pensamento adequado. Os efeitos sonoros cumprem seu papel, especialmente as explosões.
Conclusão
Swordship é um jogo que se destaca por ser diferente. Não lembro de ter visto outro “dodge ‘em up”, então acredito que ele seja pioneiro neste tipo de gameplay, que é frenético, mas demanda precisão, raciocínio rápido e estratégia por parte do jogador.
É uma experiência bastante breve, mas que pode ser muito viciante, especialmente para quem é competitivo e não aguenta ver o próprio nome muito lá embaixo nas leaderboards. Se este não for o seu caso, saiba que seu período de diversão com o jogo será curto.
De qualquer modo, recomendo Swordship por ser criativo. Não vejo ele inaugurando um novo gênero, nem se tornando super influente como foram como Metroid ou Dark Souls (que realmente definiram gêneros), mas sempre é bom vermos que ainda há espaço para criatividade e inovação em uma indústria que anda cada vez mais formulaica.
Swordship foi lançado em 5 de dezembro, e está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series X e Nintendo Switch. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.