Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

24 de fevereiro de 2021
Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

No finalzinho da década de 90, a Sega lançou um clássico nos arcades, que posteriormente se tornou um clássico também no Dreamcast: Crazy Taxi.

O jogo parte de uma premissa absurdamente simples, e é da simplicidade que vem toda a diversão que ele proporciona. Nossa missão é dirigir um táxi pela cidade, pegando passageiros e deixando-os em seus destinos no menor tempo possível, evitando o tráfego e fazendo “manobras” que garantem pontos extras.

Crazy Taxi era simples, mas cheio de estilo e atitude: com bandas como The Offspring e Bad Religion na trilha sonora, o jogo esbanjava carisma, e era bem viciante. Assim como a Sega, a franquia teve seus altos e baixos, e os últimos títulos foram basicamente spin offs pouco inspirados para mobile.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

Taxi Chaos, da desenvolvedora independente holandesa Lion Castle, tenta trazer o espírito de Crazy Taxi de volta… mas não consegue fazer isso com muita qualidade. Se a simplicidade de Crazy Taxi era até um ponto positivo, em Taxi Chaos, ela meio que se torna um problema.

Modos de Jogo

Taxi Chaos possui 3 modos de jogo, todos bastante similares entre si. O mais básico é o Modo Arcade, onde começamos com 90 segundos no cronômetro para levar o maior número de passageiros possível a seus destinos. Conforme despachamos os clientes com folga, vamos acrescentando mais uns valorosos segundos ao relógio. Temos uma seta que funciona como GPS para ajudar, bem como uma referência visual do destino, que também nos mostra a distância até o local.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

Já o Modo Profissional traz basicamente o mesmo desafio, porém tira suas ferramentas de suporte: temos apenas a imagem do destino, sem a seta do GPS ou a distância. Ou seja, você precisa realmente conhecer a cidade e memorizar onde ficam os pontos mais visitados para saber onde seus passageiros vão querer desembarcar. Não recomendo que você comece por este modo, uma vez que, antes, você precisa conhecer os arredores.

Para pegar a manha da cidade antes de encarar o Modo Profissional, sugiro que você gaste um tempinho no Modo Livre. Sem cronômetro, aqui você pode simplesmente rodar pela cidade sem pressa, pegando passageiros aqui e ali e tentando memorizar rotas e a localização de pontos-chave do mapa.

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Há um total de 7 carros desbloqueáveis no jogo, cada um com suas próprias características de aceleração, peso e velocidade. Conforme você joga e cumpre os objetivos, vai liberando um de cada vez. Ah, e temos dois motoristas diferentes: o Vinny e a Cleo.

Jogando Taxi Chaos

A jogabilidade de Taxi Chaos é simples, mas funcional: temos basicamente acelerador e freio, e um botão de pulo, muito útil para escapar do tráfego — pulando por cima dos outros carros — ou mesmo alcançar atalhos por cima de prédios baixos.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

É um gameplay bem arcade, sem qualquer compromisso com o realismo, que combina bem com a proposta do jogo. O feeling de cada carro muda um pouquinho, mas não espere nada muito elaborado nesse quesito, afinal, este não é um racing simulator.

Confira uma corrida para o hospital da cidade — que é uma pseudo-recriação de Nova York — no modo Livre, só para passear e mostrar um pouquinho do jogo:

Jogos estilo arcade ainda têm espaço?

A verdade é que Taxi Chaos é um joguinho divertido… nos primeiros 20, 30 minutos. Depois que você joga por umas duas ou três horas e já liberou todos os carros, percebe que ele não tem muito a oferecer além disso. Há certos eventos que liberam sequências de missões específicas, mas isso é bastante aleatório, pois depende dos passageiros que embarcam.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

O fato é: o jogo tem leaderboards — e há inclusive os placares dos desenvolvedores lá –, mas é basicamente isso que vai te manter interessado em continuar jogando (ou não). Taxi Chaos tem pouco conteúdo3 modos de jogo essencialmente iguais, com pequenas nuances — e por mais que seja divertido simplesmente dar um rolê pela cidade no modo Livre, invariavelmente ele se torna cansativo.

Engraçado que recentemente vimos Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 revitalizar a série mantendo sua essência arcade, e lá isso funciona muito bem. Mas, há multiplayer, há dezenas de mapas, há editor de fases… tem mais “recheio”. Aqui temos 3 modos de jogo (bem parecidos), todos ambientados na mesma cidade. É uma diferença notável.

Audiovisual

Taxi Chaos tem um visual cartunesco bem simpático e, no geral, caprichado. Ele tem uma cara de jogo mobile, mas não falo isso como um demérito: é uma decisão estética que combina com a proposta do jogo. Os cenários são bem coloridos, e os modelos dos táxis são bem estilosos — o restante dos veículos é simplesmente genérico.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

A trilha sonora traz um mix de pop rock instrumental que definitivamente não tem apelo nem atitude. Entendo que trilhas licenciadas são caras, mas eles podiam ter arrumado umas músicas com mais personalidade. A trilha é genérica e esquecível ao máximo, ao ponto de que talvez seria melhor terem optado por uma integração com o Spotify, como fez Dangerous Driving.

O jogo tem dublagens que cumprem seu papel. O maior problema é a escassez de linhas de diálogo: há 5 ou 6 conversas que podemos ter com os passageiros, e acontece (muito) de ouvirmos 2 passageiros seguidos tendo as mesmas conversas com o motorista. Há uma boa dose de piadinhas nos diálogos, mas ouvimos TANTO cada uma delas, que todas rapidamente perdem a graça.

Conclusão

Taxi Chaos é um jogo divertido, mas tem uma vida útil muito curta, por ser muito limitado. Entendo que é um jogo indie, que não teve um baita orçamento, mas ele simplesmente não tem conteúdo o suficiente para manter seu apelo. E, considerando que ele custa 30 dólares / 150 reais, fica ainda mais difícil de recomendá-lo.

Análise Arkade: Taxi Chaos tenta, mas não consegue ser bom como Crazy Taxi

Sei que a fórmula de Crazy Taxi pode interessar a muita gente, mas infelizmente Taxi Chaos não está à altura do clássico da Sega. Ele se esforça pouco, entrega pouco, e precisava de muito mais recheio (e atitude) para valer a pena.

Taxi Chaos foi lançado ontem (23/02), com versões para PS4, Xbox One (versão analisada) e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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