Arkade entrevista: o game studio brasileiro Swordtales
Os games independentes brasileiros andam conseguindo muita visibilidade, tanto aqui quanto no exterior. Toren é um destes jogos: o título ainda nem foi lançado, mas já está ganhando prêmios e chamando a atenção da mídia especializada. O game está sendo produzido por apenas 3 pessoas: Alessandro Carlos Martinello (diretor de arte) Conrado Testa (animador) e Luiz Alvarez (programador). Eles formam o estúdio Swordtales.
Na sequência, você confere o papo que nosso colaborador Raphael Franck bateu com Alessandro Martinello, e sabe mais sobre Toren, título que irá mostrar a força do game independente brasileiro!
Arkade: como surgiu a produtora Swordtales?
Alessandro: a Swordtales é formada basicamente 3 pessoas muito especializadas em suas áreas. Nos conhecemos em uma pos-graduação em jogos eletrônicos promovida pelos profissionais da Ubisoft Brasil aqui em Porto Alegre. Foi muito natural nossa afinidade principalmente na vontade mútua de criar um grande jogo.
Arkade: Toren parece um título muito promissor, mas sabemos pouco sobre ele, principalmente no que diz respeito ao gameplay. O que podemos esperar da mecânica?
Alessandro: a mecânica do jogo assim como todo o resto remete a crescimento. No início você começa a jogar com um bebê. Então a princesa vai crescendo e suas habilidades e possibilidades evoluem com ela. No início você não pode pular grandes obstáculos e suas ações são limitadas pela força de uma menina de 7 anos, logo você vai poder pular e se armar aos poucos para fugir da torre que ela se encontra.
Arkade: no blog do jogo está escrito: “A interface está em testes e conta com a filosofia presente em Heavy Rain de dar a imersão para o jogador se sentir fazendo cada ação e cada esforço no decorrer do jogo. A vida que foi dada a esta princesa dura apenas um dia.” Há uma relação de proximidade do gameplay com o enredo?
Alessandro: sim, o gameplay e o enredo estão unidos de uma forma muito orgânica e nada artificial ou falsa como em tantos títulos desta geração. No campo da inovação nosso jogo conta sua história de uma forma nova e especial. Seu gameplay se mistura com a narrativa sempre surpreendendo.
Arkade: há alguma relação de amizade entre a personagem principal e árvore do jogo?
Alessandro: não é possível estabelecer uma relação de amizade, pois é um ser muito distante do humano. Não há exatamente uma amizade e sim uma relação dela com o cenário e suas transformações, simbolizados pela árvore. A árvore é muito mais como uma manifestação do sonho dela de chegar ao topo e à salvação.
Arkade: a arte de Toren é muito bonita, lembra um pouco os títulos de Fumito Ueda (designer e diretor de ICO e Shadow of the Colossus). Há alguma inspiração especial dele ou de qualquer outro artista?
Alessandro: há uma inspiração nos jogos do Fumito Ueda na maneira como se contam as coisas e os arquétipos envolvidos, mas as semelhanças acabam aí. Ao jogar Toren, os jogadores relataram uma experiência bem única e diferente. Isto se deve ao fato de nossas maiores inspirações serem de filmes do animador japones Hayao Miyazaki (responsável pela Viagem de Chihiro).
Arkade: Toren vem recebendo elogios por parte da crítica especializada internacional. Isso de deve a participação da empresa em eventos como Independent Games Festival?
Alessandro: na verdade se deve ao fato dos sites indie especializados lá fora buscarem coisas realmente legais. No primeiro dia que nosso jogo se tornou público, ele foi destaque no indiegames.com, um dos blogs mais proeminentes do mundo no tema. O dono do site encontrou sozinho nosso jogo. Tínhamos planos de mandar um email pros jornalistas 30 dias mais tarde e fomos surpreendidos!
O jogo fala por si mesmo e vimos que os jornalistas mais antenados entendem isto e ajudam a gente sem precisarmos pedir. Os festivais e nossos prêmios estão ajudando mais na hora de chamar atenção de investimentos e parcerias, assim como desenvolvedores indies mais famosos nos notarem e mandar e-mails com elogios e incentivos. Somos o primeiro jogo brasileiro a se destacar no maior evento do mundo do gênero.
Arkade: como foi a participação no Independent Games Festival?
Alessandro: foi boa, e nos introduziu a muita gente de peso. Coisas grandes podem vir por aí!
Arkade: Toren demonstra ser grande e não simplesmente mais um simples jogo independente de plataforma 2D. Quais pontos determinaram certas escolhas como o 3D?
Alessandro: foi principalmente as especialidades de cada um que contaram. Criamos uma ideia do nada e fomos moldando ela, sempre cuidando para os 3 se sentirem pais do projeto e criadores onde cada um está fazendo o melhor em suas respectivas áreas. A escolha mais difícil foram os gráficos de ultima geração, mas eles estão ajudando muito o jogo a ser conhecido pelo público. Chama atenção um projeto indie deste nível de qualidade.
Arkade: em que ponto o jogo se encontra e quais as ferramentas utilizadas em seu desenvolvimento?
Alessandro: o jogo está próximo da metade do desenvolvimento, sendo feito inteiramente em Unity Pro. A Unity é uma engine de fácil uso e possibilita criarmos a experiência visual que desejamos.
Arkade: quando teremos um beta ou demo para testar o título? Há uma previsão para o lançamento?
Alessandro: o jogo ainda está em fase de testes, chagando em uma fase Alpha, então é apenas uma prévia do que está por vir. O lançamento está previsto para início de 2013, mas tudo pode acontecer, para entregar o melhor jogo indie que pudermos criar, talvez seja necessário mais tempo.
Para fechar com chave de ouro, confira abaixo um belo trailer de Toren:
http://youtu.be/s1JYRgSIaVo
Agradecimentos ao nosso colaborador Raphael Franck, que realizou a entrevista.
*Créditos da foto da equipe Swordtales: Bruno Todeschini.