Arkade Eventos: Espetáculo Games Classic Show + entrevista com o maestro Carlos Domingues

21 de maio de 2014

Arkade Eventos: Espetáculo Games Classic Show + entrevista com o maestro Carlos Domingues

Música, cosplay e games clássicos de ontem e de hoje. A Arkade marcou presença no concerto Games Classic Show que rolou neste fim de semana em Curitiba, conversou com o maestro e te mostra tudo isso na sequência!

Obra da Eruditu Produções Artísticas em parceria com o Grupo Multiplayers, o espetáculo Games Classic Show já está em seu terceiro ano de estrada, e a evolução do projeto é bem interessante.

Para este ano, saiu a pompa do Teatro Guaíra, entrou o ambiente mais “popular” de um ginásio coberto de futsal, um anexo da Sede Social do Paraná Clube. Confesso que achei esta mudança bem radical, pois um teatro me parece um ambiente muito mais apropriado para um espetáculo que, embora envolva games e cosplays, ainda é essencialmente um concerto.

E a mudança de ares deve virar tendência: de acordo com o próprio maestro e idealizador do projeto, Carlos Domingues – que não era gamer, mas se apaixonou por esse mundo graças ao espetáculo e virou fã do mestre Koji Kondo –, a ideia para o futuro é sair dos teatros e migrar para praças, ginásios e ambientes “menos chiques”.

Arkade Eventos: Espetáculo Games Classic Show + entrevista com o maestro Carlos Domingues

O maestro Carlos Domingues pronto para entrar em ação.

No papo que batemos com o maestro antes da apresentação, ele nos contou que a ideia é aproximar cada vez mais o espetáculo do público. “Começamos a sair um pouco dos auditórios e vir para ginásios de esportes porque nosso espetáculo é um show, não é só um concerto. A pompa do teatro inibe muita gente, é muito mais fácil a pessoa ir a um ginásio ou a uma laje do que ir ao teatro”, comentou o regente.

De início, fiquei receoso que o ambiente do ginásio afetasse a qualidade do som, afinal, teatros são planejados e construídos visando otimizar ao máximo a qualidade sonora, enquanto uma quadra de futebol serve para… bem, jogar futsal. Isso envolve uma infinidade de detalhes, do material que melhor isole acusticamente o som ao posicionamento das poltronas, coisas que um ginásio não tem.

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Mario e Sonic juntos animando a plateia. Repare que, apesar de ser um ginásio, a estrutura do espetáculo continuou bacana.

O desafio de levar o espetáculo dos teatros para os ginásios envolveu um grande trabalho de adaptação: “as salas de concerto são projetadas para deixar tudo equilibrado. Quando você entra em um ginásio, precisa lidar com concreto, telhados de zinco, não sabe qual o pé direito, qual é a reverberação… entram muitos fatores que precisam ser ajustados”, explica o maestro.

Isso para não mencionar as dificuldades de logística. O maestro nos contou que “quando entramos com o equipamento ontem a noite, tinha gente jogando voleibol na quadra. Dividimos espaço com o pessoal do vôlei enquanto descarregávamos nosso material, terminamos de montar a estrutura básica do evento às 4 horas da manhã”.

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A orquestra em ação.

Felizmente, nada disso afetou a qualidade do show: os técnicos de som do grupo conseguiram aproveitar da melhor maneira a estrutura disponível, compensando as inúmeras diferenças entre o teatro e a quadra com a ajuda de um equipamento inteligente “meio plug and play”, que já é pré-configurado para fazer os ajustes conforme o ambiente. Ouso dizer que o som estava até melhor que no espetáculo do ano passado, que teve alguns probleminhas de microfonagem, com alguns instrumentos sobrepondo outros.

A sincronia entre a música e o jogo continua sendo um dos pontos altos do show. Enquanto a orquestra toca, os telões apresentam trechos de gameplay, mas não são trechos aleatórios: no caso de Sonic, por exemplo, temos desde o clássico Sega do início até a música da tela inicial, passando pelo tema clássico da Green Hill Zone e viajando por outras etapas da viva do ouriço.

O resultado é essa belezinha que você confere abaixo, um misto de música, videogame e cosplay em sincronia (o som não está lá essas coisas, mas foi o que deu pra fazer):

Para Domingues, esta sincronia é o grande diferencial do Games Classic Show“este é um trabalho que os outros espetáculos musicais que  envolvem videogames não faz: eles colocam vídeos para ilustrar, nós sincronizamos a música com o que passa no telão, essa é a nossa proposta de criatividade, de fazer diferente para gerar aquela sensação gostosa de nostalgia”.

A qualidade das apresentações já anda dando frutos: a trupe do Games Classic Show já se apresentou por outras cidades do Paraná, e levou o espetáculo para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e já rolaram convites até mesmo para apresentações na Europa! Além disso, já estão tramitando conversas com os organizadores da Brasil Game Show, para uma parceria que leve o show à maior feira de games da América Latina.

E é nisso que o espetáculo deve continuar focado: games. “Já sugeriram que trabalhemos com seriados, filmes e animes, mas isso foge um pouco da nossa proposta. Os videogames já oferecem muito material de qualidade para ser aproveitado por muito tempo. Se começarmos a abranger demais, perderemos nossa identidade”, assinala o regente.

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O maestro Carlos Domingues rege os músicos.

A escolha do repertório, aliás, é feita de maneira bem democrática. “Realizamos pesquisas entre os gamers para saber o que eles querem ouvir, mas mesmo que não fizéssemos pesquisas, nosso site está entupido de sugestões. De Angry Birds até Candy Crush, temos de tudo, mas o povo quer ouvir, quem sabe a gente não apresenta?”

Nesta apresentação, não tivemos grandes novidades no repertório, visto que o show ainda faz parte da mesma “turnê” do ano passado. Final Fantasy, Mega Man, Halo, Mario, Sonic, Street Fighter, Chrono Trigger e Resident Evil estão entre os jogos homenageados, todos com seus temas executados de maneira extremamente competente pelos músicos.

Curta abaixo mais uma palhinha, o vídeo que gravamos da apresentação da bombástica One Winged Angel, clássico de Final Fantasy VII e tema do vilão Sephiroth (o som não está lá essas coisas, mas foi o que deu pra fazer):

Os cosplayers continuam esforçados, mas ainda oscilam entre o “bacana” e o “vergonha alheia” seja pela qualidade dos trajes ou da interpretação. Porém, devemos dar um desconto, pois a maior parte deles não são atores profissionais, mas cosplayers anônimos que se candidatam espontaneamente para participar.

Com coragem e criatividade, esta turma também aparece em sincronia com a trilha, interagindo com o público, encenando movimentos característicos e cenas de combate. Durante a apresentação dos temas de Street Fighter, por exemplo, tivemos uma luta entre Ryu e Chun Li com hadouken e tudo!

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O Hadouken é de papelão, mas tá valendo. =)

Porém, nesta noite quem roubou a cena foi o Luigi, que cansou de ser o personagem secundário e se empolgou pra valer, tocando air guitar, correndo, pulando, perseguindo o Link com uma galinha de pano (entendedores entenderão!) e interagindo com o público na maior animação!

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Luigi fanfarrão mitando na air guitar ao som da trilha de Top Gear.

No geral, embora não sejam estritamente necessários para o espetáculo, os cosplayers animam o público e com esta nova roupagem mais popular do evento, tornaram-se bem mais requisitados e acessíveis. Ao final do show os espectadores podiam conversar e tirar fotos com essa galera.

Dentre as novidades prometidas para o Games Classic Show 2.0 – que deve estrear em Curitiba já em outubro! –, teremos homenagens à franquias um pouco mais contemporâneas, mas nem por isso menos clássicas: Metal Gear Solid, Assassin’s Creed, Skyrim, God of War, Tomb Raider e Uncharted devem marcar presença na nova fase do espetáculo, que ainda deve contar com outras surpresas.

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Na reta final do evento, até os cosplayers se reuniram para curtir o show.

Considerando a qualidade do espetáculo como um todo, desde já estamos ansiosos pela versão 2.0 do show, e curiosos para ver o que o pessoal do Games Classic Show preparou para os fãs. Se você quer conferir a agenda desta trupe e quem sabe até contatá-los para saber como levá-los para sua cidade, clique aqui e visite o site oficial.

A Arkade agradece ao pessoal do Games Classic Show pelo convite, e manda um abraço especial para o maestro Carlos Domingues e para seu xará, Carlos Eduardo Netto Alves, um dos organizadores do evento.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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