Arkade Séries – A complicada terceira temporada de Castlevania da Netflix

10 de março de 2020
Arkade Séries - A complicada terceira temporada de Castlevania da Netflix

Demorou bastante, mas a Netflix enfim lançou a terceira temporada completa da animação de Castlevania, que agora tinha um grande desafio: Que caminho seguir, agora que a adaptação de Castlevania III: Dracula’s Curse foi completada? Pois bem, é aí que a série se encontra. E é a aí que a série parece ter chegando numa encruzilhada.

Quando a série apresentou dois personagens bem conhecidos para os fãs da franquia nos video games, os Mestres de Forja Hector e Isaac (apesar deles terem sofrido muitas mudanças em comparação com os originais dos games), estava claro qual caminho a série iria seguir: Terminado Dracula’s Curse, o caminho já estaria pavimentado para recontar a história de Curse of Darkness, um dos melhores Castlevanias 3D, lançado para o Playstation 2 em 2005. O problema é: a série parece não saber para onde ir.

Arkade Séries - A complicada terceira temporada de Castlevania da Netflix
Trevor e Sypha

A terceira temporada acontece dois meses após a derrota de Drácula, e mostra o estado da Valáquia e da “aristocracia vampírica” após a queda do mais poderoso de todos os vampiros. Nesse cenário acompanhamos quatro histórias distintas: Trevor Belmont e Sypha Belnades, agora um verdadeiro casal, viajando pela Europa matando monstros. Alucard, em seu depressivo isolamento no castelo abandonado de Drácula. Hector, aprisionado por Carmilla e por suas três irmãs vampiras. E Isaac, vagando pela Europa buscando a fortaleza das Irmãs Vampiras para se vingar delas e de Hector pela morte de Drácula.

Essas quatro histórias seguem paralelas uma a outra, cada uma tendo sua própria conclusão, sendo que todas essas conclusões são abertas, indicando que apenas na quarta temporada é que as coisas realmente se desenvolverão. Dessa forma, a terceira temporada de Castlevania termina mais parecendo um “filler” do que uma verdadeira temporada.

Arkade Séries - A complicada terceira temporada de Castlevania da Netflix
O Conselho das Irmãs Vampiras. A partir da esquerda: Morana, Lenore, Carmilla e Striga

Dentre as quatro histórias contadas, a mais desenvolvida é a de Hector, pois está diretamente ligada ao novo grupo vampírico que ascendeu após a queda de Drácula, mas sem avançar tanto narrativamente. Isaac tem uma longa jornada filosófica em que ele questiona suas próprias ações e sua própria fé. Ambos possuem arcos interessantes, mas que se desviam por completo de Curse of Darkness, fazendo parecer remota a possibilidade de vermos Hector realmente em ação no futuro.

Trevor e Sypha vivem uma parte mais “leve” da narrativa, com um grande desenvolvimento na relação entre os dois, com bastante comédia e momentos emocionantes. Inclusive, a dupla conhece um dos personagens mais importantes de Curse of Darkness, o misterioso Saint Germain, que aqui está menos misterioso e habilidoso do que nos games, sendo um personagem com um objetivo pessoal que coincide com o de Trevor e Sypha, que viajam eliminando o que restou do exército de Drácula.

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Trevor, Saint Germain e Sypha

Alucard passa por um arco extremo. Lidando com a solidão e depressão após matar seu próprio pai, além de ter que lidar com novas questões que surgem diante de si, porém paralelas aos eventos que seguem os outros núcleos de personagens. Alucard é quem passa pela maior “transformação” nessa temporada, que certamente terá grandes consequências nas próximas temporadas.

Normalmente, como já estamos na terceira temporada da série, eu não comentaria sobre seu departamento audiovisual, mas há alguns pontos que merecem destaque. A terceira temporada possui muito menos batalhas do que as duas últimas. Porém quando elas ocorrem, são bem intensas. Essa temporada inclusive traz várias criaturas conhecidas dos games, como o chefão Legion e algumas criaturas menores como o Malachi, em cenas realmente de triar o fôlego.

Arkade Séries - A complicada terceira temporada de Castlevania da Netflix
Alucard, que agora vive no castelo abandonado de Drácula

Por outro lado, a animação tem vários momentos bem precários, em que literalmente as cenas são apresentadas com 1 frame diferente a cada dois segundos. A série nunca teve uma animação a 60 frames, emulando o estilo de animes, que possuem animação normalmente mais “cadenciada”, com poucos frames em cenas pacíficas e muitos frames em combate. Mas nessa temporada há algumas cenas com o frame muito baixo, literalmente parecendo slides de Power Point. Talvez isso não o incomode, mas me incomodou bastante enquanto assistia.

Na parte sonora, a temporada contou com poucas músicas, que foram boas, mas não impactantes como a versão de Bloody Tears da segunda temporada. Já a dublagem em português continua impecável, cheia de palavrões, gírias e muita naturalidade nas vozes, provando mais uma vez que a indústria de dublagem brasileira é excelente.

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Isaac e seu exército demoníaco

No fim, essa terceira temporada não evoluiu muito a narrativa, servindo mesmo para preparar o terreno para as próximas temporadas, terminando com um gostinho meio amargo, por não apresentar uma real evolução num todo. Apesar das transformações pelas quais os personagens passam terem sido sim bem impactantes e importantes para o desenvolvimento geral.

Sei que já mencionei muito Curse of Darkness nessa análise, mas é porque esse é o caminho óbvio que a série tem para seguir, visto que esse game é a continuação direta dos eventos de Dracula’s Curse. Porém, com todas as mudanças que a série trouxe, como esse game será adaptado é um mistério, que esperemos ser revelado quando a quarta temporada de Castlevania sair.

Castlevania está disponível na Netflix.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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