Arkade Series: Demolidor, temporada 2
Matt Murdock voltou, e agora com mais “amigos” para a festa. Assistimos a segunda temporada de Demolidor e as impressões com o seriado exclusivo Netflix você confere agora!
Já faz um ano quando a Marvel e a Netflix apresentaram o primeiro resultado de sua união, que consiste em trazer heróis da empresa que não teriam espaço no cinema em seriados exclusivos da plataforma de streaming. O resultado você já conhece: histórias muito boas, mais “pé no chão”, se compararmos com os Blockbusters da franquia e muito sucesso, que aumentou ainda mais com a chegada de Jessica Jones.
Mas agora é hora de voltar a conferir a progressão da história de Murdock, em mais um “filme de 13 partes” da Netflix, que além de continuar a história, ainda amplia um pouco mais o universo do herói, com importantes adições de personagens. Mas pra quem já fez a maratona ou quem gosta de apreciar aos poucos o conteúdo que a Netflix já adicionou desde sexta (18), vem com a gente conversar sobre a segunda temporada do Demolidor.
Tem lugar pra mais gente na Cozinha do Inferno
Se na primeira temporada Hell’s Kitchen ficou chocada com a chegada de um certo justiceiro, agora, usando do bordão da Equipe Rocket, a encrenca é em dobro. Ou em triplo. Tudo isso resulta em uma temporada mais violenta do que a anterior, com mais sangue e pedaços de seres humanos, aproximando a série de Jessica Jones, por exemplo.
E nós já aprendemos a lição: na Netflix, nossos heróis não são imponentes e gloriosos como em Os Vingadores. Aqui eles sofrem, tanto físico como emocionalmente. E também contam com personalidades mais, digamos… humanas e próximas de uma realidade que a série insiste em apresentar: o Justiceiro é apresentado literalmente como um maníaco (que ganha uma chance de redenção), enquanto a Elektra aparece como a ninja sexy dos quadrinhos, porém com um pouco mais de personalidade. Ambos os personagens mostram o esforço de adaptar o melhor possível os quadrinhos para as telas, embora “coisas de seriado” aconteçam aqui com frequência também.
Frank leva a série ainda mais “para o lixo”, expondo o que de pior Nova York tem, bem distante daquela “cidade perfeita da vida perfeita” que assistimos em filmes e seriados por aí. Sua aparição é misteriosa e revelada episódio a episódio, oferecendo um anti-herói que respeita sua origem e limpa a reputação das últimas produções com o personagem, todas horríveis.
Já Elektra aparece como um caso antigo de Matt, e também traz consigo muito mistério e uma divertida arrogância, de uma mulher que tem tudo que quer e não mede esforços para conquistar o que lhe falta, incluindo o coração de Murdock. Para se “divertir” e ir atrás destes objetivos, também coloca o traje de ninja e vai pro pau, sem esperar muito por isso. A personagem também se livrou da maldição de suas últimas adaptações e aparece até mais completa do que os quadrinhos.
Voltando ao protagonista, Murdock terá que atuar mais vezes como advogado do que como Demolidor desta vez, pois as ameaças agora chegam de várias frentes, seja de forma direta ou indireta. O egoísmo em Nova York reproduz muitos dos desafios para alguém que apenas sonha com um lugar melhor para viver.
Algumas coisas inexplicáveis, no que diz respeito a roteiro e a continuidade da história acontecem com mais frequência nesta temporada, com alguns clichês e “coisas de seriado”. Como um herói “invencível” consegue ser pego tão facilmente assim, do nada? Esta é uma das perguntas que fará enquanto assiste. Ah, e sempre sobra um pra contar a história na Cozinha do Diabo.
Mais conversa, menos porrada
Sim, em Demolidor tem porrada pra caramba! E vale lembrar que um dos elementos de sucesso da temporada anterior foi justamente os combates, que foram apresentados de maneira bem crua e direta. Mas esta segunda temporada vai dividir pancada com diálogo, até com a presença de promotores e discussões de leis. Pesquisas e conversas fazem parte da luta pela Cozinha do Inferno e embora tenha gostado desta proposta, entendo que fãs do “vamos ligar algo pra ver o circo pegar fogo”, vão ficar um tanto decepcionados.
Os romances do Demolidor, conhecidíssimo dos leitores dos quadrinhos também se mostrou melhor trabalhado, mas ainda em “fase beta”. O Demolidor conquistava muita mulher e entre tantos acontecimentos, o romance de fato fica difícil de ser inserido, logo o que nos foi apresentado já mostra bem o Matt que conhecemos.
Destaque também para os coadjuvantes. Karen Page e Foggy Nelson cresceram e amadureceram muito no enredo, fazendo papel importante na trama. Enquanto Karen amplia a sua determinação em fazer o que acha certo, além de aumentar seu relacionamento com Matt, Foggy deixou de ser o alívio cômico da série, tendo seus próprios conflitos, enquanto lida com Matt sobre o futuro da empresa de advogados e a própria vida do amigo.
A pressa é inimiga da perfeição
A Netflix continua apresentando seus seriados de maneira muito rápida, e mesmo com a estratégia de apresentar “três episódios” sobre Hell’s Kitchen em um ano, para diminuir a sensação de vazio (Demolidor, Luke Cage e Jessica Jones), o formato “filme de 13 partes”, apesar de interessante, também faz com que a série seja “engolida” pelos fãs, ao invés de ser devidamente apreciada, ainda mais quando estamos falando de um trabalho que valoriza o roteiro tanto quanto a ação.
Mas isto é questão de opinião também, até porque a turma da maratona adora tudo isso e não há nenhum problema em ver de novo, para observar detalhes perdidos ou easter eggs.
Porém, assim como já vimos em outras produções Netflix, a pressa em querer colocar ponto final em uma história pode comprometer um trabalho. Se a segunda temporada prometia uma Nova York pós Fisk, o que temos é apenas lembranças sem traumas dos ocorridos e uma(s) nova(s) aventura(s) que aparecem de uma só vez, que poderiam ser melhor exploradas em temporadas separadas. Entedo que audiência é necessária para renovação de seriados e planejamento de episódios, mas o status de “queridinha” que a Netflix conquistou com louvor, devido as suas produções de qualidade, permite que a empresa e suas parceiras possam ousar um pouco mais e entregar um material mais “tranquilo”.
O mais próximo que poderá chegar nos quadrinhos pelas telas é aqui
Se você é fã de quadrinhos e gosta de todas estas produções envolvendo personagens, o lugar mais próximo de você está nos seriados da Marvel-Netflix. Com sua proposta de apresentar mais referências e mais pé no chão, ao contrário de Blockbusters feitos para agradar a todos, a segunda temporada do Demolidor se une a Jessica Jones e outras futuras adaptações para apresentar uma história, de maneira simples e crua, como há tempos fazia falta.
O Universo Marvel, embora inclua todas estas produções, está cada vez mais distante. Apenas algumas poucas referências a “eventos de 2012” mostram a ligação entre Demolidor e o Homem de Ferro, o que significa que estas séries não contam com nenhum compromisso em pegar carona em Guerra Civil ou qualquer coisa do gênero. Isso garante uma história específica, com referências de HQ e envolvente para conquistar fãs de um enredo interessante e que consegue cativar a ponto de fazê-los procurar conhecer mais sobre o herói, buscando informação e lendo suas histórias nas HQs.
A segunda temporada de Demolidor está disponível na Netflix desde o dia 18 de março.