Arkade Séries – O Homem do Castelo Alto, temporada 3
Paz e amor. O grande lema dos anos 60, uma década turbulenta, cheia de revoluções políticas, culturais e sociais teria mais uma palavra, caso a realidade fosse outra. É o que mostra o terceiro ano de O Homem do Castelo Alto. Por aqui, além da paz e do amor, esperança é o que move a história.
Seja esta esperança reservada a indivíduos, ou a todo um povo, é por aqui que temos os melhores momentos do seriado. O terceiro ano da série nos traz novamente Juliana Crain (Alexa Davalos), Frank Frink (Rupert Evans), o oficial nazista John Smith (Rufus Sewell), além do Ministro do Comércio dos Estados Pacíficos Japoneses, Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa).
Todos eles estão envolvidos em várias questões. Questões estas que são pessoais, locais, nacionais, internacionais, e mesmo de outra dimensão. Desta vez, a questão de viagens dimensionais é melhor explorada, seguindo o livro de mesmo nome o qual a série de baseia, de Phillip K. Dick.
Novas dimensões para novas possibilidades
E nestas viagens dimensionais é que a série vai ampilando ainda mais os seus horizontes. Além das tensões constantes entre Alemanha e Japão, e dos revolucionários dos EUA, que seguem em resistência com a ocupação, temos novos elementos que seguem expandindo, na medida certa, as possibilidades do enredo.
Temos agora, melhor consciência do que aconteceu com alguns judeus, nesta realidade de vitória nazista. Também conhecemos melhor a Zona Neutra, o “muro de Berlim” que divide alemães e japoneses. E também vamos acompanhando melhor um novo momento para o Reich, através de eventos ocorridos na segunda temporada.
Entretanto, a série perde um bom tempo buscando explicar estes detalhes nos primeiros episódios. É apenas do meio para o fim, que a história vai se tornando melhor, impactante, e digna dos bons momentos dos outros anos. Uma alegria aqui, é ver que o roteiro não tem o menor interesse em ser “bonzinho” com seus personagens.
O ambiente é de guerra fria, e tenso a todo instante. Não há lugares para pessoas “boazinhas” e nem em final feliz. Embora todos busquem, ao seu próprio modo a busca por este fim, todos sabem que, cedo ou tarde, algo de muito ruim pode acontecer. Com todos os personagens. De lideranças até o rebelde mais simples, todos sabem disso.
Uma história que não tem pena de ninguém
Lembrando que, por mais polêmico que isso seja nos EUA, a série não tem pena nem dos símbolos máximos do país. A fim de manter a narrativa “como seria um EUA ocupado por nazistas”, a história mantém o foco em uma investida do Reich para, aos poucos, apagar a história do país ocupado, a fim de trazer a “nova glória” para o local.
Mas, de qualquer forma, a mensagem de esperança é a que segue movendo os episódios. Afinal, novamente, cada um a sua maneira, buscam levar a esperança para os seus. Um Estados Unidos livre dos invasores? Um Reich forte e livre de qualquer ameaça? Pessoas livres para viver seus amores da maneira que melhor desejarem? Ou um mundo melhor, sem guerras? Estas são algumas das principais questões levantadas durante os dez episódios da série.
Juliana novamente chama toda a atenção para si. A personagem está cada vez melhor, mais decidida e determinada. Frank e seu amigo Ed também ganham destaque, com suas vidas mudando, e muito, após os eventos do ano anterior. Mas, pelo menos pra mim, o destaque deste ano é John Smith. O personagem passa por várias questões e, praticamente absorve todos os pontos de vista, de todos os lados.
Assim, Smith, um cara que poderia ser um “tradicional e patriota americano” se vê em meio a várias tensões. Pessoais e internacionais, ele vai vivendo experiências importantes e, cada vez mais próximo do final da temporada, propositalmente, vai ganhando contornos semelhantes aos de Adolf Hitler. O trabalho de luz em seu rosto, com uma breve apresentação com suas mãos, deixam esta questão como teoria, mas que não pode ser descartada.
Chegou a hora de conhecer novas realidades
Por fim, acredito que na quarta temporada, já confirmada, teremos grandes novidades. Creio que a série não precisa mais de explicações, e muito do sistema “gato e rato” termina por aqui. É a hora de a série avançar ainda mais, com suas questões de ficção. Além de não perder o foco com o “real”, do seriado, claro. O terceiro ano, apesar de embalar apenas do meio para o fim, como foi falado, segue agradando. E é uma ótima pedida para quem curte ficção científica.
Se você não viu as primeiras temporadas, dê uma chance ao seriado. Ele não é perfeito, mas traz uma situação bem inusitada, é baseado em um ótimo livro e te faz pensar sobre possibilidades. Viajar por dimensões diferentes entre si é apenas uma das questões a qual você irá refletir após assistir seus episódios.
O legado de Phillip K. Dick foi tema na Campus Party deste ano, e nunca foi tão interessante conhecer e discutir sobre este tema. Conhecer, descobrir e discernir o que é real, e o que é humano, em uma era digital como a nossa, faz com que muitas questões sejam levantadas.
O Homem do Castelo Alto está com suas três temporadas disponível na Amazon Prime Video.