Arkade Series: Westworld e The Walking Dead na resistência pelos episódios semanais
A “geração Netflix” ganhou um novo hábito com a popularização do serviço de streaming: a de fazer maratonas e mais maratonas de suas séries preferidas, consumindo uma temporada inteira com seus 20 episódios em média, em um final de semana. É verdade que tal hábito já era praticado na era do DVD, com as temporadas sendo alugadas nas locadoras, mas hoje, uma série inédita da Netflix, como Narcos, Stranger Things ou Luke Cage, mal fica disponível, e já conta com gente assistindo todos os episódios de uma só vez.
Não, isso não é bom e nem ruim, é apenas uma nova forma de se consumir mídias, e até compreendida, já que muitas são as opções e pouco o tempo disponível para aproveitá-las. Mesmo assim, a “maneira antiga”, com seriados tendo seus episódios exibidos semana após semana, gerando todo aquele clima de “o que aconteceu com fulano?”, mas sem estar a um clique de distância, segue firme e forte, com dois nomes que, embora bem diferentes um do outro, ainda conseguem levar este suspense e causar muita impaciência em seus fãs: estamos falando de Westworld e de The Walking Dead. A fórmula continua tão funcional, que mesmo a Netflix, ainda faz algo neste sentido com Better Call Saul, entre outros seriados.
O veterano seriado envolvendo um apocalipse zumbi estreou nas TVs em 2010 e está em sua sétima temporada, usando e abusando de efeitos especiais de primeira linha e com muita adrenalina, levando ao expectador, além da aventura que um enredo desse proporciona, muito suspense e insegurança, já que, ao longo da série, seus roteiristas já demonstraram uma ausência de dó e compaixão com seus personagens, rumando contra o “tá tudo bem” da maioria das produções. Sim, aqui é possível ver seu personagem preferido morrer, e sem a desculpa de que “acabou seu contrato”.
Já a estreia mais recente da HBO, que recentemente conquistou o direito de ter sua segunda temporada, foca mais em sua história, bem complexa e difícil de ser compreendida pelos que preferem algo mais mastigado. E sem pressa nenhuma, os episódios vão se desenrolando e algumas surpresas já andaram acontecendo, mas de maneira bem mais silenciosa do que seu “companheiro de luta” em sua sobrevivência zumbi. Westworld está ainda inserindo o expectador em seu ambicioso projeto, mas para a surpresa de todos, ao invés de gastar uma temporada apenas nisso, já oferece pequenas, mas precisas reviravoltas que garantiram a preferência de um bom público.
Ambas as séries estão também disponíveis em plataformas digitais, mas seguem o roteiro “um a um”: The Walking Dead passa de maneira simultânea aos Estados Unidos aos domingos, ás 23:30h, com inclusão posterior do episódio no FOX Play, e Westworld é exibido também de maneira simultânea ás 0h da segunda feira (o episódio anterior é exibido antes, nas 23h do domingo) e logo em seguida, também já fica disponível no HBO GO. Elas conseguem manter este interesse do público, por demonstrarem segurança em suas respectivas posições, não sendo levadas de maneira leviana pelos números da audiência, contando com planejamento e, cada um a sua maneira, mexendo em momentos chaves para impactar seu espectador, já exigente com as duas propostas e que querem sempre mais.
Não há uma maneira correta de se consumir seriados. Alguns, ainda vão preferir passar todos os episódios para aí sim ver tudo de uma vez ao seu tempo e em seu conforto. Mas não há como negar que, embora com todas as facilidades para se assistir qualquer coisa hoje, nada como um pouco de suspense para nos manter mais presos em determinada história, conversando sobre os “e se” com os amigos e gerando ainda mais retorno positivo para projetos tão queridos por seus fãs.