Arkade Speed – O dia que Rubens Barrichello “estreou” na F1, mas nos videogames
Rubens Barrichello tem uma história rica na Fórmula 1. Com onze vitórias, 326 Grandes Prêmios (com 322 largadas), e dois vice-campeonatos mundiais (2002 e 2004) da Fórmula 1, o piloto também disputou a Indy, ganhando o titulo de melhor estreante na Indy 500. E também foi campeão na Stock Car em 2014, categoria na qual permanece até hoje.
Mas, antes de toda esta história, um jovem Rubens ainda buscava seu lugar na categoria mais importante do automobilismo. E, antes mesmo de acelerar uma Jordan, seu primeiro carro na Fórmula 1, o piloto já era presença constante na mídia, onde fazia promoções para seus patrocinadores, comentava corridas e fazia aparições em revistas e jornais.
Entre elas, as revistas de games. E foi em uma revista, que ainda não tinha o nome o qual conhecemos, mas que se tornaria uma das melhores amigas do gamer nos anos 90, que o jovem piloto foi “para a F1 pela primeira vez”. Apesar da estreia de Rubens ter sido em uma Jordan, no dia 14 de março de 1993, dois anos antes, o piloto estreava na categoria, mas de forma diferente.
Barrichello vai para a Fórmula 1
Com o título “Barrichello vai para a Fórmula 1”, o piloto faria o papel de “piloto de games” na Semana em Ação – Especial Games, de março de 1991, naquela que seria, meses mais tarde, a Ação Games que conhecemos. Na matéria, Barrichello oferece dicas para o Super Monaco GP, a primeira aposta da SEGA em um game de corrida, que seria fortemente influenciado por Ayrton Senna em sua sequência, já que o envolvimento direto do tricampeão mundial de Fórmula 1 trouxe um grau maior de realismo ao jogo.
Então piloto da Fórmula 3 inglesa, uma das categorias de acesso da Fórmula 1 naqueles dias, Barrichello teve sua estreia “narrada” pela revista. “A mais nova estrela da Fórmula 3 inglesa troca sua Ralt por uma Minarae. Pronto para iniciar uma temporada na Fórmula 1, ele aguarda ansiosamente a largada no circuito de San Marino”.
Rubens, na matéria, compartilhou as suas impressões com o game. Entendendo que Super Monaco GP era o game de corrida mais avançado para consoles de 16-bits. E, como estamos falando de um jovem, que adorava velocidade e também videogames, nada mais natural da presença do piloto em revistas de games. Inclusive, não só Barrichello, como outros pilotos, eram presenças regulares nas revistas, quando o assunto era falar de jogos de corrida.
“É incrível o grau de realismo do jogo”, disse Rubens, que continuou: “As pistas, por exemplo, são idênticas às originais. O carro também responde bem aos comandos”, elogia o piloto, dizendo exatamente os elementos os quais tiveram grandes evoluções justamente por causa da influência de Senna no desenvolvimento.
O guia para se dar bem em qualquer jogo de corrida
Para a matéria, Barrichello trouxe algumas dicas, que foram incorporadas para quem experimentasse a novidade do momento, Super Monaco GP, mas que vale até hoje. “Primeiro é preciso conhecer muito bem a pista, decorando a sequência de curvas”, começa. Sobre ultrapassagens no começo da corrida, em que todos os carros estão alinhados, outro conselho: nunca ultrapasse pelo meio.
“Se você está no lado esquerdo da pista, ultrapasse pelo lado esquerdo. Prefira sempre o lado em que está, senão há o risco de bater”. Para as curvas, outra dica valiosa: para fazê-las corretamente, aproxime-se da curva pelo lado oposto de sua direção: curvas à esquerda se aproxima pela direita e vice-versa. “Numa manobra malfeita perde-se velocidade e tempo”.
Ainda sobre curvas, mas as de 90 graus, o então jovem piloto aconselhou a não frear, bastando tirar o pé do acelerador (ou o dedo, no caso), retomando a aceleração no final da curva. Enquanto curvas em S devem ser feitas em linha reta. Lembrando também do uso da zebra em curvas fechadas, ou quando necessário. Mas de preferência na entrada das curvas.
Sobre o game, Rubens entendeu e explicou que o melhor jeito de guiar o carro é dando pequenos “tapinhas” no direcional, ao invés de pressioná-lo de uma vez, em uma curva. “Se você tentar a manobra com o dedo pressionado continuamente, os pneus cantam e perde-se velocidade”. O piloto ainda deu dicas para quem quer jogar com câmbio manual, orientando que a hora certa da mudança é quando o conta-giros chega ao vermelho.
As habilidades de uma jovem promessa
Ao observar a jogatina do futuro piloto de Fórmula 1, a matéria reconheceu que o jovem sabia guiar. Observou, por exemplo, a manobra em X, que Barrichello aplicou no game ao se deixar ultrapassar por um rival, posicionando-se de forma a retomar a posição em seguida. “Quando você pega o vácuo, a velocidade máxima de seu carro aumenta”, esclarece.
Rubens terminou a matéria dizendo suas impressões e sensação ao jogar o game, que na época, era um dos mais próximos, nos consoles, de uma experiência na Fórmula 1. “A gente pode fazer loucuras, chegar ao limite sem o risco de se machucar. Acho que em um mês de treino já estarei conseguindo resultados melhores”. Barrichello disse ainda que sua pista preferida no game era Paul Ricard, onde, no game, “atropelou o bandeirinha”.
“Certa vez atropelei-o sem querer e vi que ele saiu voando. Caí na gargalhada”, divertiu-se.
Rubens, cerca de dois anos depois, estrearia na Fórmula 1 e, ao invés de se jogador, se tornou jogável, em inúmeros games licenciados da categoria. É possível jogar com Barrichelo desde F1 Pole Position, de 1993, onde ele estreava pela Jordan, até o F1 2011, game que já contava com o formato atual de produção encabeçado pela Codemasters, na Williams.
Ainda é possível jogar com Barrichello na Jordan dourada e depois amarela, além da Stewart, nos games para Nintendo 64 e Playstation. E também é possível controlá-lo tanto na Ferrari, onde conseguiu sua primeira vitória, em 2000, e na história Brawn GP, onde o piloto conquistou suas últimas vitórias, além de celebrar o feito de somar a centésima vitória brasileira na Fórmula 1.
