Arkade VR: After the Fall é excelente ação cooperativa em realidade virtual
Não é novidade que jogos de tiro em primeira pessoa fazem muito sucesso na realidade virtual. Mas vez ou outra encontramos algumas joias que se sobressaem em meio a tantos títulos do gênero. Desenvolvido pela Vertigo Games, After the Fall é o primo/irmão do famosíssimo Arizona Sunshine, um dos títulos de entrada mais conhecidos para a realidade virtual.
Com uma pegada que lembra bastante Left 4 Dead e o recente Back 4 Blood, After the Fall traduz a jogatina de ação e terror desenfreada com quatro jogadores para a realidade virtual. Sem inovações muito relevantes para o gênero, o pessoal da Vertigo se preocupou aqui em fazer um trabalho coeso e bem feito. E, felizmente, eles conseguiram!
Apocalipse zumbi na neve
O pano de fundo de After the Fall é o bom e velho apocalipse zumbi. As particularidades da ambientação aqui giram em torno da época e do clima. Primeiramente, estamos situados vinte anos após a “queda” que dá nome ao jogo. Nas ruínas congeladas da Los Angeles apocalíptica dos anos 1980, precisamos sobreviver como todo bom (in)felizardo que não virou um zumbi mutante resistente ao frio.
Com isso, nada de armas tecnologicamente surpreendentes ou apetrechos cheios de hologramas. Aqui a tecnologia parou nos anos 80 e sobrevivemos na base da famosa gambiarra. Isso explica algumas escolhas estéticas do game, mas também serve de pano de fundo para algumas das suas mecânicas mais interessantes.
Na história de After the Fall, somos parte dos “runners” (ou “corredores” em tradução livre), um grupo de sobreviventes organizados que se ajudam em missões para se estabelecer durante o inverno mortal. Assim, após uma introdução interessante e bem imersiva que serve também de tutorial para o game, somos jogados no lobby principal: uma base recheada de máquinas de fliperama e alguns NPCs, além de outros jogadores.
É interessante como a narrativa despretensiosa funciona bem como “desculpa” para colocar vários jogadores que nunca se viram antes em um único local para cumprir missões em equipe. Isso não faz do jogo uma obra prima de narrativa ou algo do tipo, mas é um complemento interessante para jogatinas divertidas ao estilo de Left 4 Dead.
Sobre fliperamas e interatividade
O lobby funciona muito bem como ponto de encontro entre jogadores. Pelas máquinas fliperama podemos escolher para quais missões estamos dispostos a partir e ainda escolher outros modos de jogo. Isso porque, para além do tradicional modo história com missões co-op, temos também um mapa multiplayer com disputas 4×4 bem interessantes.
Nesse salão ainda podemos interagir com alguns NPCs de missão e personalizar nossas armas em uma oficina. Inclusive, uma mecânica que tudo tem a ver com a temática de “sucateiros” que temos em After the Fall. Isso porque ao completar missões, acumulamos pontos que podem ser trocados por peças de arma. E daí temos toda uma oficina para desmontar nossas armas, encaixar novas peças e tudo o mais.
Como se não bastasse, temos até alguns fliperamas que de fato funcionam como fliperamas. O jogo a ser jogado? Uma versão 8 bits do próprio Arizona Sunshine! Uma baita referência e homenagem ao game que praticamente deu origem ao que vemos em After the Fall! Todo esse espaço inicial é interessante inclusive, pela possibilidade de os jogadores estarem com o áudio ativado nele.
Desse modo, o lobby de After the Fall pode funcionar inclusive como uma espécie de miniatura de VR Chat por exemplo. Podemos interagir com outros jogadores através do cross-play entre PSVR, Quest 2 e Steam VR, além de ter algumas atividades sociais como o fliperama e outras interações. Mais uma vez um complemento do jogo que só faz agregar à experiência como um todo.
Mecânicas imersivas de qualidade
Mas agora vamos falar propriamente da jogatina em si: o tiroteio desenfreado cheio de ação contra hordas e mais hordas de zumbis mutantes. Em poucas palavras? Uma maravilha sangrenta e cheia de adrenalina. É simplesmente incrível como o pessoal da Vertigo conseguiu traduzir muito bem para a realidade virtual toda a adrenalina de vários zumbis correndo, escalando e saltando na sua direção.
Já no início do jogo — após uma demorada tela de carregamento — podemos escolher se a movimentação será fluida ou por teleporte. Além disso, no decorrer do tutorial, também podemos personalizar o controle das armas e equipamentos. É possível esconder itens como cartões de passagem, disquetes e injeções de cura dentro de nossas luvas. Além de carregar munições no colete do peito e as armas nos coldres na cintura.
Com isso, temos a opção de comandos de recarregamento de arma mais simples e bem divertidos, lembrando filmes de ação exagerados como os da franquia Resident Evil, bem como mecânicas um pouco mais realistas de reload, precisando destravar a arma após a troca de pente e tudo o mais. Ambas as opções são muito divertidas e funcionam de maneira bem imersiva.
Por fim, o conjunto da obra no que tange ação, adrenalina e tiros é um show sensacional. Para quem experimentou Arizona Sunshine lá entre 2016 e 2017 vai se sentir em casa em After the Fall. Mas não com um gostinho de mesmice, mas sim de evolução. Os comandos e movimentos são mais acertados do que eram em seu “primo”, além dos mapas serem muito mais complexos e cheios de detalhes, com inimigos vindo de buracos, de dentro da neve, andando no teto e saltando de edifícios.
Contido e muito bem executado
After the Fall não é um jogo tão extenso quanto as suas inspirações de fora da realidade virtual. Isso porque em cerca de seis a oito horas já finalizamos sua história. Claro que esse tempo é bem relativo, visto que podemos repetir missões anteriores o quanto quisermos, seja com jogadores online ou com NPCs. Mas não é um tempo muito grande para um jogo focado na cooperação online.
Como dissemos no início do texto, ele não é um exempo de inovação. Seja nas missões em si, na temática e até nas habilidades dos zumbis mutantes que enfrentamos, tudo lembra bastante Left 4 Dead ou Back 4 Blood. Entretanto, não é porque ele não reinventa a roda que ele não é divertido — muito pelo contrário, aliás, no quesito diversão ele acerta em cheio.
Aqui temos uma experiência quase única atualmente de ter a adrenalina e liberdade de jogatina próprias do terror com ação desenfreado que ficou conhecido na franquia da Valve, mas por uma nova ótica. Jogar After the Fall é uma experiência cooperativa na realidade virtual sensacional, com muita ação, imersão e diversão.
Se a equipe da Vertigo mantiver o jogo vivo com atualizações, novos mapas e até quem sabe uma DLC vez ou outra, é possível que ele rivalize com grandes nomes da realidade virtual no que tange jogatinas online. Felizmente a espera consideravelmente longa pelo lançamento do título valeu muito a pena, pois temos em mãos um game obrigatório para amantes de um tiroteio desenfreado em realidade virtual.
Uma jogatina quase obrigatória
Se você curte jogos de tiro em realidade virtual, com certeza vai gostar mutio de After the Fall. Se gosta de zumbis? Esse jogo é uma pedida obrigatória. Se gostar de jogatina cooperativa? Mais ainda! Se é fã de longa data de Left 4 Dead? Tá aqui um bom motivo para você experimentar a RV. Enfim, muitos são os motivos para After the Fall entrar na lista dos jogos obrigatórios para a realidade virtual.
Nada ganancioso, o novo game da Vertigo dá exemplo ao se preocupar em garantir uma experiência sólida e divertida dentro do que se propõe a fazer. Nada de inovações que não funcionam ou promessas vazias. After the Fall é exatamente aquilo que promete: uma jogatina despretensiosa cheia de adrenalina e tiroteio com mecânicas imersivas e muita interatividade online — tudo isso executado com muita qualidade.
After the Fall foi lançado no dia 9 de dezembro de 2021 e está disponível para PlayStation VR, Quest 2 e PC (via SteamVR). Para esta análise, jogamos o game no PSVR rodando em um PlayStation 4.