Arkade VR: Marvel’s Iron Man VR não é perfeito, mas entrega diversão e carisma
Após testar a versão demo de Marvel’s Iron Man VR, finalmente tivemos a oportunidade de experimentar o jogo completo. O game, que te coloca na armadura de Tony Stark é muito divertido e imersivo. Entretanto, tem alguns deslizes que poderiam ser evitados. Mas vamos falar mais sobre isso nessa análise completa.
Um dos títulos mais aguardados da realidade virtual do ano, Marvel’s Iron Man VR surpreende em vários aspectos. Entre eles, a excelente dublagem em português brasileiro, que traz algumas vozes conhecidas dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel, como a do próprio Vingador tecnológico.
Stark em sua melhor forma
Marvel’s Iron Man VR já acerta de primeira em como apresentar o nosso herói de ferro: sem se preocupar necessariamente em ser fiel aos populares filmes da Marvel Studios. O Tony Stark do game é o clássico playboy superinteligente que acaba se apaixonando pela sua assistente mais fiel.
Mas como percebemos nos primeiros momentos de jogatina, ele está em um momento de vida no qual o seu passado armamentista ainda o assombra. Assim, seguimos com o conteúdo já experimentado na demo disponibilizada no último mês, que culmina em um evento no qual Stark e Peper Potts sofrem ataques de drones de batalha antigos da própria Indústrias Stark, sem entender direito o porquê.
É aí que conhecemos a principal antagonista da história: Fantasma. A vilã, que ficou conhecida nos cinemas através do filme Homem-Formiga e Vespa, está em ótima forma aqui. Com uma história que se encaixa muito bem na história do Homem de Ferro tanto dos cinemas quanto dos quadrinhos.
O enredo e narrativa de Marvel’s Iron Man VR não são incrivelmente originais e criativos, mas são competentes. O jogo apresenta uma história bem amarrada de cerca de dez horas de duração. Aproveitando vários aspectos narrativos dos cinemas, não seria exagero dizer que este seria um ótimo terceiro filme do Homem de Ferro, no lugar do desastre que fizeram com o Mandarim nos cinemas.
Ação frenética com muita imersão
Em sua jogabilidade principal, Marvel’s Iron Man VR é um shoot ‘em up em realidade virtual. Ou seja, um jogo de tiro com diversos inimigos simultâneos onde você precisa ter respostas rápidas ao acertá-los com suas habilidades enquanto desvia dos ataques inimigos.
Usar esse gênero para representar a experiência de ser o Homem de Ferro em combate foi um acerto e tanto. Isso porque diversas vezes, bem como na famosa Batalha de Nova York do primeiro filme dos Vingadores, somos obrigados a ter uma atenção difusa bem competente.
Isso tanto pela quantidade de informações contidas no “cockpit” da armadura, como também pela quantidade de inimigos em tela. Entretanto, não se enganem: o jogo não é nada desconfortável por causa disso. Na verdade, seus controles estão entre os melhores que já experimentei na realidade virtual.
Isso porque podemos voar livremente na maior parte das fases, sempre usando os propulsores da palma das mãos das armaduras. Essa é uma das partes mais imersivas de todo o jogo. Mas também é um das mais difíceis de se acostumar. A cinetose (motion sickness, enjoo) pode ser um problema bem pesado para muitos em Marvel’s Iron Man VR.
Personalizando suas armaduras
A parte mais narrativa do jogo, onde os diálogos principais se desenrolam e o enredo é contado, traz um ritmo bem mais lento. Isso porque a movimentação é em point and click com o jogador interagindo com alguns objetos do cenário. Aqui temos uma experiência bem parecida com jogos do início do lançamento do PlayStation VR.
Essa imersão, mesmo sendo feita com mecânicas simples de gameplay, é bem bacana. Explorar alguns cômodos da casa de Tony Stark e vivenciar outras situações que ocorrem na campanha é muito interessante e até nostálgico para os fãs. E é nesse cenário que temos acesso à oficina de Tony.
Na oficina podemos ter acesso a informações dos inimigos, acessar um mapa mundi com a localização das missões da campanha e o principal: modificar nossas armaduras. Infelizmente, só podemos montar duas armaduras. Mas temos algumas aparências e personalizações bem interessantes para elas.
A aparência das armaduras são meras skins, o que pode desapontar quem esperava algo como o visto em Marvel’s Spider-Man, com roupas que trazem habilidades únicas. Mas podemos personalizar armas primárias, secundárias, habilidade do peito e habilidades passivas. Um conjunto bem satisfatório de upgrades que são liberados com pontos que acumulamos com bom desempenho nas missões.
Repetição não tão boa
Um dos principais problemas encontrados em Marvel’s Iron Man VR é a sua repetitividade. Isso pode ser visto principalmente nas missões, nos mapas e nos inimigos. O que é constantemente relevado pelo jogador, por se tratar de personagens com muito carisma (Gunsmith e Friday roubam a cena várias vezes). Porém, ainda deixa um gostinho meio ruim principalmente no meio da campanha.
Isso não é sentido de início. Porém, quando já é a quarta vez seguida que você precisa destruir inimigos para acumular energia em seu reator e assim destruir campos de energia esféricos espalhados pela cidade, o padrão fica bem perceptível. Não que isso incomode tanto, mas com certeza alguns jogadores poderão se frustrar bastante.
Além disso, a variedade de inimigos também é bem pequena. Com apenas um inimigo terrestre e algumas pequenas variações de inimigos voadores. Não é pela peculiaridade dos adversários que o jogo se consagra.
Por fim, os cenários tem uma variação que deixa a desejar. Temos basicamente seis cenários diferentes que aparecem com variações de horário e iluminação no decorrer de 12 missões. Com exceção de dois cenários primorosos (que não darei spoilers), os demais são basicamente espaços abertos estilo arena, e o que vamos fazer neles? Basicamente atirar em hordas de inimigos.
A maldição dos loadings demorados
Mas de longe o pior defeito de Marvel’s Iron Man VR são suas telas de carregamento. Elas não são apenas demoradas, mas também aparecem em uma quantidade que beira o absurdo!
Em determinados pontos, nós passamos por vários minutos de loading para ver uma cena que é praticamente automática, para entrarmos em outra tela de carregamento para de fato começar a jogar. Quando essa segunda tela termina de carregar, ainda ficamos alguns bons segundos em uma tela preta até a jogatina de fato começar.
O principal problema disso é que a proposta de Marvel’s Iron Man VR é a de ser um jogo imersivo e cheio de adrenalina. Com muita ação o tempo todo, vários inimigos ao seu redor e movimentos imersivos cheios de ação, o game respeita essa proposta a maior parte do tempo… mas essa quantidade de telas de carregamento demoradas quebram bastante o ritmo de jogo e são o suficiente para você nem sequer suar entre uma missão e outra.
O carisma como arma secreta
Mesmo com vários pontos fracos, Marvel’s Iron Man VR ainda consegue um saldo positivo no final das contas. Isso porque seus principais pontos: imersão e diversão ainda estão bem calibrados durante boa parte da jogatina. Mas, além disso, precisamos levar em consideração também que é um jogo do Homem de Ferro, não é mesmo?
É possível notar que o game agrade bastante principalmente por termos o herói escarlate da Marvel como protagonista. O carisma aqui é sentido em cheio tanto pelo protagonista, como pelos personagens secundários e também pelos antagonistas. O jogo não se inspira nos filmes, mas carrega a mesma vibe, e também sabe dosar ação explosiva com humor.
Mesmo com uma história clichê, problemas de variedade e telas de carregamento imensas, o jogo consegue te fazer sorrir e soltar um “uhuul!” enquanto voa pelos céus, rodopiando em alta velocidade enquanto atira em vários drones por aí.
Não podemos falar que Marvel’s Iron Man VR é perfeito. Está longe de ser. Mas ele definitivamente é um acerto neste nicho. Um game em realidade virtual único, cuja experiência não poderia ser a mesma coisa sem esta tecnologia. Para fãs de quadrinhos e amantes da realidade virtual este jogo é quase obrigatório.
Marvel’s Iron Man VR foi lançado no dia 03 de julho de 2020 e está disponível com exclusividade para o PlayStation VR.