Arkade VR: Vader Immortal – A Star Wars VR Series
Originalmente lançado para o Oculus Quest em 2019, Vader Immortal: A Star Wars VR Series finalmente chegou ao PlayStation VR. A coletânea, que inclui os três episódios disponibilizados no Quest, traz a história de um usuário da força em um embate contra o Sith mais famoso da galáxia. O que tinha tudo para ser um jogo de peso para o PSVR acabou sendo uma amarga decepeção. Mas vamos explicar tudo direitinho nessa análise.
Com muitos problemas de execução, o game possui uma história clichê rasa e desnecessariamente picada. Além disso, uma coletânea extensa de bugs e problemas complicados de imersão. Esses são alguns dos pontos que fazem Vader Immortal ser uma das grandes decepções do ano na realidade virtual.
Vader e o planeta Mustafar
A história de Vader Immortal não acompanha exatamente nosso amado e odiado Darth Vader como o nome pode sugerir. Na verdade, o jogo nos coloca na pele de um mercenário sem nome que acaba envolvido numa trama para salvar o planeta vulcânico das garras do lorde sith.
O enredo não é nada original, com padrões já cansados da série, como um dróide sarcástico e alienígenas cultistas. Mas para os amantes do universo expandidos de Star Wars, pode ser uma vivência interessante conhecer mais sobre a história de Mustafar. Para quem não sabe, este é o planeta vulcânico no qual Darth Vader constrói sua fortaleza, entre os episódios III e IV dos filmes.
Durante a bem curta jogatina da história, passamos por uma história batida de “escolhidos”. O ritmo é estranho e as explicações, no mínimo, horríveis. Toda a trama gira em torno do povo de Mustafar, escravizado pelo império. Eles desejam a liberdade e descobrimos que seu planeta nem sempre foi o inferno de lava pelo qual foi conhecido.
Por fim, o que a história nos traz de experiência é algo raso, sem nenhuma preocupação em aprofundamentos. Além disso, o uso exagerado de clichês tira consideravelmente a personalidade que a aventura poderia ter. Como se não bastasse, sua conclusão é previsível, anti climática e preguiçosa, com o cansativo gancho para uma possível continuação.
A realidade virtual invade a Força
Com uma história tão rasa e clichê, era de se esperar que a diversão do jogo estivesse focada justamente em sua jogabilidade. Entretanto, é uma pena que nesse quesito Vader Immortal também deixe bastante a desejar. Isso porque, para um jogo lançado em 2019, ele possui decisões e soluções muito aquém do seu tempo.
Não me entenda mal, existem acertos na jogabilidade de Vader Immortal. As raras vezes nas quais lutamos com um sabre de luz ou então quando levitamos objetos e inimigos com o uso da Força é algo muito divertido. Entretanto, existem elementos que acabam atrapalhando essa experiência, influenciando inclusive a imersão do jogo.
O maior acerto da jogabilidade de Vader Immortal talvez sejam os chamados Dojos. Cada um dos episódios do game possui um modo de jogo no qual podemos praticar nossas habilidades com sabre de luz e uso da Força. Neles, temos missões a cumprir em um determinado tempo, para conseguir medalhas e avançar para as próximas missões.
Mesmo que seja algo terminantemente repetitivo, com uma jogabilidade travada e com poucas variações, consegue divertir. No dojo, assim como nas raras vezes durante a história que utilizamos as habilidades de um Jedi com consistência, podemos ver o potencial desperdiçado do jogo.
O lado sombrio de Vader Immortal
O principal problema de Vader Immortal são seus bugs. Mesmo o jogo sendo lançado originalmente há um ano, ele chegou ao PlayStation VR recheado de problemas. São bugs de contato, problemas de captação de movimento, teleportes indesejáveis, movimentos incapacitados sem motivo fora outras coisas. Durante a jogatina para essa análise, precisei reiniciar o jogo umas sete vezes. Isso por este ter bugado de tal forma que era impossível seguir com a jogatina.
Além de acabar com a proposta de “experiência imersiva” do jogo, isso acaba com o senso de continuidade da “aventura”. Ainda mais pelo fato do jogo estar desnecessariamente picado em três partes distintas ao ser baixado na PSN. Uma coletânea com a quantidade de conteúdo de Vader Immortal poderia muito bem ser um único arquivo de jogo. Isso com todos os episódios em um menu mais robusto.
Fora isso, as escolhas de jogatina de Vader Immortal são cruas e retrógradas demais. Jogos em realidade virtual bem mais antigos como Skyrim VR e DOOM VFR possuem mecânicas muito melhores. Isso sem falar em games lançados no mesmo ano de Vader Immortal. Blood & Truth e No Man’s Sky Beyond possuem algumas mecânicas semelhantes às de Vader. Entretanto, são infinitamente superiores no quesito técnico e na diversão.
A impressão é que Vader Immortal está muito mais para uma experiência em realidade virtual do que um jogo. Infelizmente, mesmo se analisarmos o conteúdo do jogo como uma experiência em RV, ele ainda estaria bem abaixo da média.
Os acertos da terceira parte
Durante o clímax da tediosa aventura, começamos a ter um vislumbre do que o jogo poderia ter alcançado. Talvez com mais tempo de jogatina o jogo pudesse até ser mais acertado. Isso porque, durante o episódio III de Vader Immortal, temos alguns dos melhores momentos do game.
Desde enfrentar um Rancor arremessando pedras até bloquear tiros de um TIE Fighter com um Sabre de Luz antigo. Tudo no episódio III nos faz crer que a experiência de Vader Immortal poderia ter sido muito melhor. Seja pela duração da aventura, ou pela criatividade das situações.
Entretanto, individualmente seria impossível considerar a terceira parte de Vader Immortal como um jogo completo. Na verdade, a experiência toda dos três episódios dá a sensação de estarmos jogando uma demo. Realmente fica a impressão de que um dia podemos ter algo do porte de Star Wars Jedi: Fallen Order na RV. Porém, isso ainda fica para um futuro impreciso.
Gostinho de “podia ser mais”
Por fim, o que fica da experiência de Vader Immortal: A Star Wars VR Series é um gosto amargo. Uma franquia tão forte, repleta de títulos incríveis em suas várias décadas, teve um começo controverso na realidade virtual. O pessoal da ILMxLAB talvez tenha a oportunidade de mostrar algo melhor em Star Wars: Tales from the Galaxy’s Edge, novo game da franquia que será lançado para o Oculus Quest 2.
Por enquanto, infelizmente, não dá para dizer que Vader Immortal é recomendável. Talvez os fãs mais ávidos da franquia podem retirar algo proveitoso da experiência. Mas no geral, é um título que tem muito a ser melhorado.
Vader Immortal – A Star Wars VR Series foi lançado em 2019 originalmente para o Oculus Quest e para PC, disponível para Oculus Rift. Já o PlayStation VR, plataforma onde testamos o título, recebeu sua versão em 31 de Agosto de 2020.