Artista que está restaurando Cinderela afirma que as cores do filme estavam “todas erradas” há décadas
O renomado animador e diretor da Disney, Eric Goldberg, teve a oportunidade de contribuir para a restauração de um dos clássicos do estúdio, Cinderela. E para explicar um processo que atrai a curiosidade de muita gente, ele falou com o Polygon a respeito do processo.
Uma das revelações feitas por Goldberg diz respeito às cores da obra. Segundo o animador, elas estavam todas erradas, por décadas.
“Por muitos anos, Cinderela não tinha as cores corretas”, disse Goldberg com um sorriso. “Seu cabelo era um loiro empoeirado, e seu vestido era prateado. Com o passar do tempo, vimos o cabelo dela parecer da cor do queijo Cheez Whiz. Vimos o vestido dela se tornar azul brilhante. Testemunhamos várias interpretações. Então, quando Michael Giaimo e eu embarcamos nessa, nossa prioridade era acertar o cabelo e o vestido.”
Kevin Schaeffer, diretor de restauração do Walt Disney Studios, admitiu que não sabia a razão exata pela qual as cores de Cinderela ficaram tão distorcidas em lançamentos posteriores do filme. No entanto, ele explicou que, embora os restauradores anteriores tivessem boas intenções, os resultados nem sempre refletiam as cores originais devido a interpretações e ciclos de reprodução.
No processo de restauração atual, a equipe conseguiu acessar as impressões originais de 1950 de Cinderela da Disney, preservadas na Biblioteca do Congresso. Eles não estavam trabalhando com cópias de cópias, mas sim voltando às raízes. Outras restaurações, que envolveram a época do VHS ou do DVD, eram feitas através de cópias do filme e não da obra original.
“Erik trouxe arte da biblioteca de pesquisa de animação que indicava: esta é a cor do cabelo, este é o vestido da fada madrinha”, disse Schaeffer. “Isso nos ajudou a acertar e restaurar a aparência original.”
A equipe de restauração, composta por membros de diferentes setores do estúdio, estava focada em garantir todos os detalhes coerentes, desde as cores das roupas dos animais até os elementos nas cenas escuras. Goldberg destacou a camisa do rato Tata, que em iterações anteriores aparecia amarela, mas que foi restaurada para seu tom original de verde.
A restauração não apenas voltou às impressões originais, mas também aproveitou os avanços tecnológicos. Schaeffer e Goldberg esperam aplicar esse tratamento a outros filmes da biblioteca da Disney, como Fantasia, A Bela Adormecida e Alice no País das Maravilhas. “É como pintar a Ponte Golden Gate”, comparou Schaeffer, entendendo que tal processo deve ser sempre contínuo.