O Auge da Cultura Pop – GTA e Sua História de Polêmica

13 de abril de 2014

O Auge da Cultura Pop – GTA e Sua História de Polêmica

Há quem diga que a polêmica é a melhor campanha de marketing que existe, afinal um produto ganha mais publicidade sendo retratado como escândalo nos noticiários do que com propagandas pequenas e caras que as pessoas estão acostumadas a ignorar. Chega então a vez de contar a história de muito sucesso da franquia Grand Theft Auto, sempre regada de assuntos polêmicos e controvérsia.

O primeiro jogo da série foi criado pela Rockstar North, filial britânica da Rockstar, e lançado em 1997. A proposta era simples: os jogadores assumiam o papel de um marginal que devia subir no rank do crime, cumprindo missões para organizações mafiosas. A seu dispor ele tinha um mundo aberto para fazer o que bem entendesse – e a violência conhecida na série já estava presente.

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O jogo foi lançado para várias plataformas, mas como o foco foi a versão de PC, ainda teve duas expansões: London, 1969 e London, 1961, que não precisavam do título original para funcionar. Dois anos depois chegou GTA 2, com uma grande melhora de gameplay que focava no relacionamento das gangues com o personagem.

No entanto, essa era que ficou conhecida como Universo 2D de GTA estava bem longe de ser um sucesso. A câmera top down dava pouca imersão ao jogo, os gráficos eram considerados pobres e a mecânica de jogo era instável. Tudo isso sem contar a concorrência indireta com a série Driver, que apesar de não dar tanta liberdade como GTA, oferecia mais imersão e estava em seu auge na época, trazendo jogos fantásticos.

Outro problema foi a controvérsia causada pela série na ocasião: muitos países proibiram os GTAs 1 e 2, o que acabou prejudicando a distribuição dos jogos. O sucesso veio mesmo com o lançamento de GTA 3. O jogo rodava em vários sistemas da sexta geração e trazia gráficos 3D, além de resgatar do primeiro jogo a cidade de Liberty City, inspirada em Nova York.

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Vários fatores trouxeram esse sucesso. Muitos jogadores dessa fase de GTA eram fãs de Driver que viram as opções do novo jogo. O título fazia parte da cultura da quebra de restrições imposta pelos sistemas limitados da quinta geração, as campanhas de marketing se tornaram maiores e a violência do jogo junto com as prostitutas que restauravam a vida do personagem trataram de manter o fator controvérsia em alta.

Essa fase que é conhecida como Universo 3D de GTA ainda teve vários jogos lançados, visando plataformas caseiras e portáteis. Dessa época é óbvio que o mais bem sucedido foi GTA San Andreas, que também foi o jogo mais vendido para o PS2, mas muitos defendem que o protagonista de Vice City era mais carismático e trazia melhor a imagem de vagabundo, ideal para a proposta dos títulos.

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O único percalço que a série passou nessa época foi com os lançamentos de Liberty City Stories e Vice City Stories, para PSP. Os jogos em si eram legais na plataforma portátil, mas suas conversões para o PS2 eram consideradas simplórias demais para serem lançadas em um videogame de mesa, o que acabou angariando notas inferiores ao que a franquia estava acostumada por parte da crítica.

Passando por mais uma troca de geração, a franquia teve GTA IV lançado em 2008 depois de um atraso de seis meses. O jogo chegou inicialmente para PS3 e Xbox 360, com a versão para PC saindo alguns meses depois. O título foi o primeiro a trazer um modo multiplayer para a série, com capacidade para até 32 jogadores.

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O diferencial do título foi o uso da engine Euphoria para aumentar o realismo gráfico. A mudança agradou muito a crítica, mas este foi o primeiro a deixar alguns jogadores insatisfeitos, pois muitos alegaram que para fazer as missões “era só pegar o carro e ir para algum lugar…”. GTA IV vendeu até hoje em torno de 25 milhões de cópias, cerca de dois milhões a menos do que GTA San Andreas.

O jogo ainda teve duas expansões, The Lost and the Dammed e The Ballad of Gay Tony, que depois foram lançadas no mesmo pacote em Episodes From Liberty City. Em 2009 foi lançado GTA Chinatown Wars, para PSP e DS e em 2010 para iOS. Ambas as versões eram jogos excelentes, mas a mais bem sucedida foi a do portátil da Nintendo, principalmente por conta dos mini games que se valiam da touch screen.

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GTA V começou a ser anunciado em 2011, quando a Rockstar publicou em seu Twitter o link para a homepage do jogo, onde havia uma contagem regressiva para o lançamento do primeiro trailer no dia 2 de novembro.

A intenção da produtora foi de reinventar totalmente a franquia e fazer deste novo lançamento o jogo mais ambicioso que eles já haviam feito. Muitos fãs foram se entusiasmando com o que era divulgado na imprensa, principalmente pelo retorno da cidade de Los Santos, que fez sucesso em GTA San Andreas.

O título foi lançado oficialmente em 17 de setembro de 2013, para PS3 e Xbox 360. Assim como os outros jogos considerados “principais” da série, foi muito aclamado pelo público, mas a Rockstar nunca deixou nenhuma pista sobre uma versão para PC ou para a já presente nova geração de videogames.

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É impossível pensar em jogos de mundo aberto sem lembrar que o gênero é dividido entre títulos da Rockstar e o resto, e apostar na produção de “clones” de franquias mais famosas não é necessariamente um jeito ruim de atrair público. O que acontece de bom nesse caso é que muitos jogos rivais de GTA são de boa qualidade, dentre os quais se destacam Saints Row, Mafia, Scarface e True Crime.

Uma série de jogos bem sucedida não é apenas sucesso de vendas ou arrebatadora de prêmios, GTA sempre teve um grande público fiel, mas não foi apenas nessa área que triunfou. A franquia é também a maior vencedora de casos judiciais decorrentes de roubos e assassinatos que aconteceram na vida real e a promotoria tentava alegar que os bandidos cometeram os crimes influenciados pelos jogos.

O advogado Jack Thompson participou de vários processos contra a Take Two (empresa mãe da Rockstar) e definiu GTA como “simulador de matar policiais”. O caso com mais destaque aconteceu no Alabama.

Em 2003, Devin Moore, de 17 anos, foi levado para interrogatório pelo roubo de um carro; então tirou a arma de um dos policiais e o matou, depois matou um atendente e outro policial e fugiu roubando um carro da polícia. Jack alegou que o garoto cometeu os crimes influenciado por GTA Vice City, jogo pelo qual era aficionado, e a família concordou.

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Danos morais começaram a ser cobrados das produtoras e vendedoras do jogo, mas em 2006 o caso foi arquivado e o pedido de recurso por parte de Jack foi negado. Em 2008, o advogado foi expulso da ordem. O único caso 100% influenciado por GTA foi quando um menino de seis anos pegou o carro da família e dirigiu por 16 quilômetros até bater, alegando ter aprendindo a dirigir com o jogo.

Polêmicas a parte, GTA está no Guinness Gamer’s Edition de 2008 e 2009 como o jogo com mais artigos relacionados à sua violência, influenciar negativamente jogadores e crimes verídicos, são mais de quatro mil ao todo.

Com tudo isso, o mais certo é esquecer de pensar qual a razão de sucesso de GTA e questionar na verdade como seria possível a franquia não ser um sucesso. Bom humor, jogos bem feitos, liberdade para se fazer o que quiser, ação e violência, pelo menos um desses quesitos é perfeitamente capaz de atrair todo o tipo de gamer.

É claro que se pode ir mais fundo e pensar porque tratar logo desse tipo de assunto que é tão polêmico, uma assimilação entre a tentativa de agradar o público junto com um meio de até denunciar e ironizar a criminalidade que é familiar para pessoas do mundo inteiro, tudo isso sem necessariamente brincar com esse assunto que é tão triste para todos que morrem ou que perdem seus entes queridos todo o dia que passa por causa da violência.

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