O Auge da Cultura Pop – A História de Sucesso de Breaking Bad
Apenas uma palavra pode ser usada para caracterizar a série Breaking Bad: Fenômeno. A história de Walter White, professor de química do ensino médio que, ao descobrir um câncer de pulmão inoperável, começa a produzir metanfetamina com seu aluno Jesse Pinkman para assegurar o futuro financeiro da família depois de sua inevitável morte, conquistou milhões de fãs ao redor do mundo, ganhou índices altíssimos de audiência na TV por assinatura americana e quebrou recordes na quantidade de prêmios que recebeu. Devido ao tamanho sucesso do seriado, nada seria mais justo do que dar a ele um lugar especial nesta coluna.
Breaking Bad foi criada por Vince Gilligan em 2008. Por muitos anos ele trabalhou como roteirista da também bem sucedida série Arquivo X. No inicio, Vince queria apenas criar um show onde o protagonista acabasse se tornando o antagonista, pois na época havia pensado que oscilações grandes de comportamento de personagens importantes para um seriado ajudavam o projeto a ficar mais tempo no ar.
A premissa da série veio também nessa época, Vince e seu escritor Thomas Schnauz estavam desempregados, então ele brincava que o ideal seria os dois começarem a fabricar metanfetamina em um laboratório móvel e sair pelo país vendendo a droga para ganhar dinheiro.
Enquanto mostrava a história para os estúdios que poderiam filmá-la, Vince se sentiu desencorajado ao conhecer a série Weeds e sua ideia semelhante. Os produtores conseguiram convencê-lo de que seu conteúdo estava diferente o suficiente para ser um sucesso, mas se ele tivesse conhecido o outro seriado antes, teria desistido de Breaking Bad.
A rede AMC queria nove episódios na primeira temporada incluindo o piloto, mas a greve da Writers Guild of America em 2007 e 2008 reduziu para apenas sete. Os roteiros dos capítulos iniciais citavam Riverside, no estado da Califórnia, como cenário, mas a Sony sugeriu a cidade de Albuquerque, no Novo México, que foi aceito pela equipe por conta do grande suporte que o estado americano estava disposto a dar.
No começo a série era gravada em filmes de 35 mm com câmeras digitais, que auxiliariam na decupagem extra de cada sequência de planos. O orçamento de cada episódio chegava a 3 milhões de dólares, valor muito acima das outras séries da TV por assinatura.
Desde o início, Vince sabia que o grande destaque de sua série seria o personagem Walter White, para ele foi chamado o ator Bryan Cranston, pois os dois já haviam trabalhado juntos em um episódio de Arquivo X. O único detalhe é que os executivos ficaram com o pé atrás, pois só o conheciam pelo papel de Hal na comédia Malcolm In The Middle, então chegaram a convidar os atores Matthew Broderick e John Cusack. Quando estes recusaram, os executivos foram convencidos ao ver a atuação de Bryan em Arquivo X.
Vince deixou a história de fundo de Walter em branco, então o próprio Bryan resolver colaborar escrevendo a história de seu personagem. Ele engordou quatro quilos para mostrar a decadência física necessária no contexto do projeto e as mechas vermelhas naturais de seu cabelo foram pintadas de castanho.
Junto com a figurinista Kathleen Detoro, o ator montou um guarda roupa basicamente composto de vestimentas verde escura e marrom, com a intenção de mostrar a “ternura” do personagem. Com o auxílio da maquiadora Frieda Valenzuela, eles criaram um bigode que mostrasse descuido e fragilidade por parte de Walter.
Por fim, Bryan ainda usou a postura de seu pai como inspiração: Um pouco corcunda, com os ombros caídos, o que denotava certo cansaço que caía muito bem para a condição de doente inoperável em uma situação ruim como se encontrava o protagonista. Outro detalhe é que o personagem Jesse Pinkman deveria morrer no fim da primeira temporada, mas Vince ficou impressionado com a atuação de Aaron Paul e percebeu o erro gigantesco que seria matar o personagem.
Mais um reforço veio para Breaking Bad em seu inicio, mas não era nenhum roteirista, ator ou produtor, e sim a professora de química Donna Nelson, da Universidade de Oklahoma. Ela se apaixonou pelos roteiros da série e passou a trabalhar como consultora para estabelecer as fórmulas moleculares que seriam usadas na trama.
Claro que, além da forte equipe e ótimos roteiros que a série têm, o que mais chama atenção são as muitas respostas da crítica que recebeu. Dentre as várias analises diferentes, estão entre as de maior destaque a nota de 99 para a quinta e última temporada agregada pelo site Metacritic. Muitos críticos elogiaram as atuações de Bryan e Aaron, além da própria composição do personagem Walter. O seriado também entrou em muitos Tops de melhores séries mundiais e de TV por assinatura.
Muita gente de peso elogiou a série. O escritor George R. R. Martin comentou que Walter era um monstro maior do que qualquer um em Westeros. O talentoso ator veterano Anthony Hopkins escreveu no Facebook que Bryan fez a melhor atuação que ele já viu na vida – uma mensagem compartilhada por muitos fãs.
Além dos elogios e dos muitos prêmios recebidos, curiosamente foi confirmada pela Sony uma versão em espanhol da série com o nome de Metástasis e Diego Trujillo interpretando Walter Blanco (cujo sobrenome significa White traduzido do espanhol para o inglês – ?!?!) e Roberto Urbina como José Miguel Rosas (uma tradução questionável para o nome Jesse Pinkman). Não se sabe se o projeto daria certo, mas com certeza o nome Metástasis é bem menos ruim do que A Química do Mal que foi dado na tradução brasileira.
Pode se dizer que Breaking Bad tem o mesmo segredo de sucesso de outras séries americanas recentes – como Game of Thrones e muitas outras que estão sempre sendo lançadas – o esmero das equipes em realmente fazer um projeto bem feito baseado em uma boa ideia. O diferencial é que Vince e seu time quiseram fazer mais do que um projeto bem feito com uma ideia que é mais do que boa, e junto também com as várias referências que faz à cultura pop, garantiu a grande supremacia de sua principal obra.