O Auge da Cultura Pop – O Irreverente e Estiloso Máskara
A cultura pop tem em sua galeria de quadrinhos um gênero diferente criado por artistas dos anos 80 com o objetivo de trazer uma pegada mais violenta para as populares séries de super-heróis. Watchmen, V de Vingança, Sin City… são vários exemplos. Hoje nós vamos conhecer mais sobre uma dessas séries, O Máskara!
Se tudo o que você conhece do Máskara é o filme de 1994 estrelado por Jim Carrey, prepare-se para se surpreender um pouco com a “carreira” deste personagem.
O Máskara foi criado no ano de 1982 em um conceito de Mark Richardson, fundador da Dark Horse Comics que se tornou responsável por publicar a série a partir de 1989 (e que nos anos 90 passou a publicar Sin City). A primeira publicação foi em 1985, na APA – 5. Mike mostrou para Mark Badger, artista da Marvel que acabou idealizando a série sob o título de Masque, tirinhas que eram publicadas na Dark Horse Presents, primeiro gibi da editora.
Logo as tirinhas do Masque começaram a se direcionar para o lado político, mas como não era essa a intenção que Mike tinha, ele acabou interrompendo as publicações. O artista Chris Warner foi então contratado para recriar o personagem baseado na publicação da APA – 5. O roteirista John Arcudi e o desenhista Doug Mahnke foram os responsáveis por criar as histórias. O primeiro título lançado foi Mayhem, que teve quatro capítulos em 1989, até ser cancelado.
Mayhem conta como Stanley Ipkiss adquire a máscara vudu de jade na loja de antiguidades; o artefato pode falar, e tenta o tempo todo fazer com que ele o coloque. Quando Stanley põe a máscara, a cabeça dele fica grande e verde e ele ganha poderes que o permitem modificar a realidade.
Além disso, Stanley perde suas inibições sociais e se torna perverso, vingativo e sai pela cidade matando as pessoas com as quais tinha ressentimentos. Quando a máscara é retirada, porém, seu efeito de alteração de personalidade continua.
Stanley é assassinado ainda no início da HQ por sua namorada Kathy, que acaba se tornando a principal heroína da história. A partir de The Mask Returns, de 1992, a máscara começa a passar de mão em mão por heróis e vilões, como o agente Kellaway e o vilão clássico Walter. O grandalhão que não fala é o único capaz de ferir quem está sob a transformação.
Outras características importantes para a franquia dessa época é que o Máskara não era conhecido dessa forma, mas sim como Big Head, nome que a imprensa da cidade usa para se referir a ele. O ato em que Walter toma posse da máscara é o final da série original das HQs, pois o vilão a chuta pra longe ao descobrir que não pode usá-la.
Em 1994 foi lançado o filme The Mask, dirigido por Chuck Russell com Jim Carrey no papel principal. A dimensão do sucesso inesperado do filme mudou totalmente a série como um todo. A mudança ocorreu porque era difícil (leia-se arriscado e talvez não lucrativo) para a New Line Cinema adaptar o roteiro a sua bizarra mistura de horror e violência com momentos de comédia. Foi mais viável fazer um filme de comédia com violência ocasional leve.
A intenção de Mark Richardson era usar o estilo de Tex Avery (criador do Pernalonga, Patolino e outros personagens da Warner Bros.) nas histórias do Máskara, então referências do artista acabaram sendo adotadas. Os atores mais cotados para interpretar o personagem eram Rick Moranis e Martin Short, mas o escolhido foi Jim Carrey de acordo com a sugestão dada por Mike Deluca.
Por ser de um gênero totalmente diferente das HQs, o filme do Máskara trouxe várias discrepâncias em relação à história original. A máscara deixa de ser de jade e passa a ser apenas de uma madeira esverdeada; ela também não é bem vudu, mas de origem viking, e pertencia ao deus mitológico das travessuras Loki. Por conta disso, ela concede poderes ao seu “hospedeiro” apenas durante a noite.
A máscara continua com o poder de desinibição, mas seus usuários não tem seu caráter totalmente afetado. Também não se usa mais o nome Big Head para mencionar o personagem: a partir do filme todos se referem a ele como o Máskara. Apesar das mudanças consideráveis, muito do filme é adaptado diretamente dos quadrinhos criados por Arcudi e Mahnke, ainda que sempre em um tom mais leve e cômico.
O legado do filme é o que mais demonstra seu sucesso, pois ele ganhou até um jogo meio esquisito para SNES desenvolvido pela Black Pearl Software. Abaixo você pode relembrar um pouco deste “clássico” da geração 16-bit.
Dado o sucesso do personagem nos cinemas, uma série animada também foi produzida, e ficou no ar até 1997. Na animação, Stanley se mantinha como o principal usuário da máscara. Por ser em desenho animado, foram dados mais poderes ao Máskara, tornando-o ainda mais exagerado e cômico.
No desenho também a sexy personagem Tina de Cameron Diaz era deixada de fora, ficando somente Peggy – interpretada no filme por Amy Yasbek –, jornalista amiga de Stanley que se tornou a principal personagem feminina do desenho. Outra diferença é que a máscara também funcionava durante o dia. Um dos episódios mais memoráveis é quando acontece um crossover com Ace Ventura, personagem também interpretado por Jim Carrey no cinema.
Por fim, começou a ser publicado a nova HQ do Máskara que dava continuidade ao desenho. Curiosamente, muito do gênero aparentemente extinto de horror estava de volta, principalmente na caracterização do tenente Kellaway e de Walter, que agora era lacaio do vilão Pretorius.
A HQ do Máskara parou de receber histórias inéditas em 2000, quando acontece um bizarro crossover com o Batman. Nesta história a máscara acaba sendo encontrada pelo Coringa em Gotham City, que a veste e ganha poderes novos para enfrentar o homem-morcego.
Para deter o palhaço, Batman se alia ao tenente Kellaway, e após derrotá-lo, a máscara é enterrada junto ao corpo de Stanley Ipkiss. Posteriormente, houve ainda a curta série The Mask Omnibus, de 2008, que teve 3 edições que traziam relançamentos de capítulos clássicos da série.
Em 2005 foi lançada a sequência do filme do Máskara de 1994, O Filho do Máskara, produção ruim que acabou arrecadando menos do que o valor de seu orçamento. Chuck Russell queria que Jim Carrey voltasse ao papel principal, mas não foi o que aconteceu, então o roteiro foi alterado para introduzir o personagem Tim Avery de Jamie Kennedy.
No filme, Tim encontra a máscara e a dá para seu filho, que acaba conseguindo usar seus poderes sem precisar vesti-la. Enquanto isso, Loki, o criador do objeto, vem para a Terra com a intenção de pegar a máscara de volta. A fraca repercussão do filme minou a fama do personagem, e mais nada inédito foi feito com o nome do Máskara desde então.
Com exceção do último filme, o público fã do Máskara dificilmente se lembrará de algo de baixa qualidade do personagem, pois mesmo com algumas mudanças de tom e estilo, as obras que envolvem o personagem são, em sua maioria, muito bacanas.
Apesar de ter sido muito menos aproveitado para HQs, jogos e filmes do que merecia (ou se comparado com outros personagens mais famosos), o Máskara conseguiu alcançar um sucesso tremendo, o que garante para sempre seu lugar na cultura pop e no coração de seus fãs!